DOIS EVENTOS CHOCHOS: CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS E COPA DO MUNDO.
Se há algo que não está empolgando os brasileiros é a copa do mundo. E, propositadamente, escrita com letra minúscula, pois com a ausência de alguns possíveis craques, que machucaram-se na antevéspera do evento, as seleções, de um modo geral, talvez à exceção da Espanha, da Alemanha e da Holanda, não deverão apresentar um futebol digno de se ver.
A seleção de Dunga, sem estrelas e sem alguém que decida e desequilibre um jogo, antecipa um futebol feio e, provavelmente, sem graça, por falta de talentos e do famoso futebol-arte. A seleção, pelo que se prevê, não deverá surpreender assim como a copa, pelo que se sente, não mobiliza e não entusiasma os brasileiros.
Se isto acontece com a seleção de Dunga, parece que também está a ocorrer com as eleições deste ano. Os candidatos não empolgam, não geram paixões e nem mesmo estimulam acaloradas e apaixonadas discussões. Ademais, sumiu a presença das militâncias partidárias, e, diferentemente da campanha americana, onde houve uma mudança de paradigmas, capaz de “mexer” nas emoções e nos sentimentos, não apenas dos jovens americanos como também dos jovens e maduros pelo mundo afora, aqui, uma Dilma pré-fabricada, plastificada no físico, na alma e nas idéias emprestadas de Lula, não gera confiança, não estimula paixões e não traz o sentimento que inspire uma quase certeza de que Lula não deixaria saudades. Serra, técnico, experimentado, hábil politicamente, mas pouco simpático e agradável no trato, segundo alguns analistas, não provoca simpatia nas mulheres, admiração nos homens e nem paixões políticas nos que se aventuram a atuar no sentido de mudar o quadro de coisas no país.
Talvez porque, tentando não afrontar o mito com o temor de perder votos e apoios, Serra não ousa criticar, abertamente, muita coisa discutível e questionável no governo Lula. E Marina Silva, a David de saias, frágil, pequena e sem meios em termos de alianças e apoios, não dispõe de uma funda milagrosa e salvadora e, com isso, acaba não despertando paixões capazes de arrebatar multidões. Embora, diga-se de passagem, a favor de Marina, diante de sua história de vida, de sua coragem moral e da idéia da sustentabilidade do desenvolvimento, parece já começar a mexer com jovens e com aqueles eleitores que não gostam de Dilma e não têm muitas simpatias por Serra, mas que, não aceitam, de jeito nenhum, que a eleição seja encerrada já no primeiro turno.
Na verdade, com a saída de Ciro, os embates não alcançarão temperaturas mais elevadas e não provocarão discussões entusiasmadas e acirradas entre os apaixonados eleitores.
As convenções ocorridas neste fim de semana não mostraram nada de interessante, nem de empolgante e nem de polêmico. Tudo numa mesmice e numa temperatura tão morna que nunca se viu igual, faz muito tempo, em decisões dessa natureza.
Do NYT, sobre a seleção.
http://www.nytimes.com/2010/06/15/sports/soccer/15braziladvance.html?hp