E A SELECINHA DO DUNGA?
Que o Dunga queira privilegiar aqueles jogadores que, durante quase três anos, ele vem experimentando nas posições e que têm mostrado certa regularidade, embora sem tanto brilho, até que todos entendem.
Agora, esquecer das lições do passado, não é um bom caminho. Veja a seleção de 1958, a que deu a primeira Jules Rimet ao Brasil. Feola, com o seu jeito bonachão, chamou os “carinhas” muito respeitados nas suas posições como Dida, Julinho, Mazzola, De Sordi, entre outros. E, para se precaver, levou, na reserva, alguns meninos e revelações que ainda não eram donos das posições. Alguns deles, inclusive, nos seus próprios clubes (por exemplo, dizem que Gilmar era reserva do goleiro Cabeção, do Corinthians e Castilho era o melhor goleiro do País!). Para o lugar de De Sordi, lateral direito, levou um jogador de muita regularidade e habilidade, Djalma Santos, que jogando apenas uma partida na Copa, foi considerado o melhor zagueiro direito de todas as seleções que foram à Suécia. Para o lugar de Julinho, grande ponta direita, levou um sujeito, como que, aparentemente “imbecil”, mas genial com as suas pernas tortas. Encantou o mundo com seus dribles desconcertantes, o notável Garrincha, sozinho, deu ao Brasil a Copa de 1962, no Chile. Para centroavante, levou um jogador com uma enorme presença de área, um verdadeiro matador que veio a substituir o titular, Mazzola. E, para o lugar do clássico Dida, levou um moleque de 17 anos que, já na partida contra o País de Gales mostrou ao mundo que ali surgia um novo craque mundial e alguém que seria o mais completo jogador de futebol do mundo, de todos os tempos.
E, em 1994, Zagalo levou outro menino de 17 anos, Ronalducho, que veio a dar ao Brasil, pelo menos mais uma copa. Claro está que levar Adriano, diante do desequilíbrio emocional e mental do rapaz, não daria para cometer tal irresponsabilidade, no que agiu certo, Dunga. Mas não levar Neymar e Ganso, no lugar dos Gilberto Silva ou dos Josués da vida, não dá para aceitar e nem para entender!
Desculpe-me, caro amigo GG, mas devemos deixar de lado o emocional para nos atermos ao racional, apenas. Assim como em uma entrevista de emprego, o objetivo é nos cercarmos de colaboradores que tenham maturidade para matar um leão por dia, ou seja, levar Adrianos não é uma questão de administrar vaidades, mas de administrar desvios de personalidade e carentes de formação moral. Pena! Por outro lado: que bom!!!
Eu acho que o Dunga acerta ao manter a base do time titular. O grande problema da seleção é a falta de opções. O que sobra no meio campo se o Kaká não conseguir jogar no mesmo nível de 2008-2009? Quem vai fazer esse papel? Precisamos ter talento na reserva para que façamos valer nossa vantagem comparativa, mesmo quando os titulares falharem.
O grande problema do Dunga é que, enquanto, às vezes é necessário dispensar um craque indisciplinado, a disciplina ou fidelidade não pode ser o critério primeiro. Essa opção é a opção da mediocridade. Técnico de seleção brasileira tem que saber administrar egos e não jogar fora jogadores talentosos de egos elevados (ou, o que é mais grave no caso dos meninos do Santos, simplesmente não avaliados)