E AGORA, DEPOIS DE FRUSTRADOS OS NOSSOS SONHOS FUTEBOLÍSTICOS?
O Brasil tinha tudo para ganhar. Fez um primeiro tempo primoroso. E, aí, a Holanda, surpreende, e o Brasil mostra que não tem equilíbrio emocional para aguentar a pressão. E, por ironia do destino, o mesmo jogador que deu um passe magnífico para o primeiro e único gol do Brasil, é o mesmo que, aceitando a provocação, acaba sendo expulso! É lamentável que tenha faltado equilíbrio emocional à equipe brasileira. Desmontou-se o time no segundo tempo. Acabou-se a criatividade e o talento. Foi só uma correria desesperada. E, após os quarenta e cinco minutos finais, o que se assistiu foi uma melancólica tentativa de um reencontro com o primeiro tempo. Quem ganhou nessa catarse nacional? Ganha o Brasil que pode voltar a trabalhar. Perdem a auto-estima e o entusiasmo dos brasileiros que, pedem tão pouco para experimentarem uma alegria um pouco mais longa que a alegria de carnaval. Perdem os políticos que, ansiosamente, lutavam e apostavam que a Copa adiaria a campanha eleitoral, que só viria a começar após a Copa. Ou melhor, após a participação do Brasil no evento.
E, o mais relevante é que, no mesmo momento em que ocorria a nossa tragédia “pebolística”, as vistas já se voltavam para as eleições nacionais em face da divulgação de uma nova pesquisa nacional.
E, a primeira surpresa da campanha presidencial não é ou não são os resultados da pesquisa Datafolha, onde o empate técnico volta a caracterizar a disputa. Ou seja, toda a euforia dos petistas, mesmo diante do amontoado de bobagens praticadas pelo comando da campanha de Serra, foi de águas abaixo porquanto após duas rodadas de pesquisas do IBOPE e do Vox Populi, onde Dilma tinha cinco pontos de dianteira sobre Serra, agora, pela pesquisa Datafolha estão empatados, de fato! O jogo começa agora. Portanto, zere-se tudo e ninguém se sinta dono das mentes e das vontades dos brasileiros. A disputa abandona, em parte as pesquisas e, dessa forma, as vontades não serão monitoradas e determinadas pelas mesmas pesquisas. O quadro agora é outro. Lula pesa muito nas decisões e nas decisões do eleitorado, mas, não é mais determinante no processo.
Dizem alguns supersticiosos que, caso Dunga tivesse chegado a final da Copa do Mundo, tudo seriam flores para Lula. Mas, para a pátria de chuteiras, a amarelinha, dobrou-se à seleção laranja, que, a bem da verdade, não era nada daquilo que foi em 1974, com o seu famoso carrossel. Mas, no duelo das mediocridades, os holandeses foram mais práticos e mais objetivos do que os brasileiros.
A partir de hoje, tudo muda. A campanha não só será outra como assumirá novos contornos. Passa a régua, limpa a lousa e começa tudo de novo, como assim falava o humorista! Ninguém, nessa etapa do jogo, é melhor. As pesquisas serão esquecidas conforme esse site antecipou nas suas últimas análises. Pelo que se pode avaliar, não há qualquer chance da eleição terminar no primeiro turno. Marina fará entre 10 e 17% e, conforme aqui sugerido, os votos cristalizados de parte a parte, estão na ordem de 30% para cada um dos principais contendores.
Dessa forma, nada há determinado e, os neófitos no processo, que tendem a entusiasmar-se com as pesquisas e esquecem a história e as experiências já vivenciadas, devem assumir maior equilíbrio e prudência nas apreciações e análises. O reexame da recente interpretação da legislação das coligações, depois das “indas e vindas” do TSE, leva a apostar que, na sua decisão, aparentemente equivocada, voltar-se-á ao status quo e, como já montadas as coligações em função das realidades regionais, a disputa ocorrerá como a base estabelecer e não como os tribunais determinarem.
Se o comando de Serra tiver competência, se a turma de Dilma não intentar espertezas já conhecidas e se Marina Silva mantiver a sua candidatura, a tendência é que o país venha a ter uma das mais empolgantes e emocionantes eleições já travadas no país.
Lamenta-se pelo inesperado desastre futebolístico brasileiro. Perdem todos. Perdem os que sonharam. Perdem os que dirigiram a seleção brasileira e, por incrível que pareça, Lula a que tudo podia, perde o que menos devia: o conceito arraigado que tudo pode!
As pessoas começam a se envolver na nova disputa que, embora não tão emocionante quanto a participação do Brasil na Copa, mexe com os sonhos, as demandas e os interesses da população. O que os candidatos irão oferecer, de forma convincente e plausível, capaz de mexer com o imaginário coletivo? O que as redes sociais terão de influência na formação do eleitorado, notadamente o eleitorado mais jovem? Será que os programas de televisão e rádio mudarão a cabeça e as opiniões de milhões de brasileiros? Qual será o apelo aos filhos do bolsa-família? A continuidade do benefício é muito pouco? A melhoria do programa, dizem alguns. Mas, o que pode ser percebido, de imediato, como prometida melhora, pelo eleitorado? Talvez a questão da segurança, da saúde pública e da educação, poderia, cada uma delas, ter um impacto maior, mas desde que as pessoas conseguissem perceber como elas poderiam ser mudadas.
O certo é que o jogo vai começar depois de enxugadas as lágrimas da frustração com o fim da caminhada do Brasil rumo ao hexa. E, aí é tocar bola prá frente no construir do novo Brasil que todos querem e têm direito.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!