É DIFÍCIL MANTER-SE ISENTO!

Nada, lamentavelmente nada, sugere que um cidadão, deste imenso país, possa alimentar esperanças de que as coisas que o angustiam venham a mudar ou, talvez, as circunstâncias se mostrarem mais favoráveis ou que, pelo menos, venham a sinalizar que alguma coisa de diferente possa vir a acontecer.

A classe C, aquela fruto de um esforço de retirada de números relevantes da população da faixa abaixo da linha de pobreza ou aquele conjunto que hoje estaria percebendo de 320,00 a l.l20,00 reais/mês, que viveu seu momento de afirmação e de auto-estima elevada, hoje, conforme matéria de primeira página do Correio Brasiliense, sofre os efeitos e os impactos do baixo crescimento e, particularmente, da perda de poder de compra de sua renda.

Sob uma manchete que afirmava “Do paraíso das compras ao inferno das contas”, esse contingente se vê surpreendido pela inflação, pela alta dos juros e pelo fim do crédito fácil” e as famílias são obrigadas a reduzir consumo, fechar empreendimentos e se desfazer de bens para pagar dívidas”. E, finalmente, conclui que as “famílias estão menos empolgadas. Houve uma mudança drástica de perspectivas”. Também pudera! Só a inflação sobre os alimentos por ela consumidos subiu mais de 20% contra uma inflação oficial em torno dos 6%!

Por outro lado, a Standard & Poors, resolveu advertir o Brasil e rebaixou a nota de BBB para BBB-, indicando que, se não houver uma mudança séria do País no que diz respeito as suas contas públicas, a perda do “investment grade” poderá ocorrer ainda este semestre, com consequências dramáticas para as empresas brasileiras endividadas em dólares, diante da redução de oferta de crédito e da elevação de seu custo.

O economista Paulo Guedes, na sua coluna em O Globo, chama a atenção para “a fuga de capitais brasileiros que seriam destinados ao empreendedorismo aqui dentro e, que, agora, saem não em busca de melhor remuneração mas de maior segurança”.

A Bolsa perdeu a sua exuberância e, a cada dia, encolhe mais. As empresas suspendem lançamento de ações, pedem fechamento do capital e o próprio mercado de capitais deixa de ser fonte de financiamento do setor produtivo.

O processo de desindustrialização, mesmo com o câmbio apreciado, continua a ocorrer e, com o passar do tempo, sem nenhuma intervenção de governo para melhorar a sua eficiência e competitividade, a tendência é que diminua, mais e mais, a sua participação no PIB brasileiro.

Afora tais dados que refletem um painel preocupante dos rumos da economia nacional, a tendência do nível de preços é acelerar e, consequentemente, fechar o ano com uma inflação maior do que a do ano que passou porquanto o ano será, tipicamente, um ano fiscal de gastança, sem maiores controles.

Claro que não se fala aqui nas dificuldades político-institucionais enfrentadas pelo governo para conter as insatisfações de sua base parlamentar que, segundo os analistas, terá, como única alternativa para a sua minimização, “o aumento da fatura” a ser paga pelo governo para conter as demandas incontidas dos políticos.

Finalmente, os escândalos, cada vez mais significativos, envolvendo o PT, principalmente, além de seu aliado principal, o PMDB, contribuem para dificultar as possíveis saídas para a crise.

Na verdade, o que se vive é um crise de credibilidade, de competência e de gestão das políticas públicas. E, será que a coisa está perdida e não tem mais caminho de volta?

Este cenarista acha que não. Basta que a Presidente, desça do seu pedestal, assuma, nem que seja, uma humildade industrializada e, ouvindo o seu guru (Lula), faça uma mudança crucial nos gestores da política econômica de tal forma, que, em assim ocorrendo, restaure-se a confiança e a esperança de que as coisas encontrarão o seu eixo e o seu rumo.

Imagine a Presidente Dilma substituindo Mantega por Henrique Meirelles ou por Armínio Fraga; substituindo os dois metros de altura de incompetência de Arnus Agostini e chamando para o seu lugar, um Murilo Portugal; e, colocando no lugar de Miriam Belchior um Paulo Guedes, provavelmente, no dia seguinte a Bolsa já seria outra, com uma reação mais que imediata.

Aliás, só porque se disse, na semana passada, na base da boataria, que Dilma cairia nas pesquisas de opinião, a Bolsa subiu mais de dois pontos percentuais, imagine-se ocorrendo uma mudança das caras dos condutores da política econômica! E aqui nem se fala na substituição da diretoria do BC que, com condutores mais acreditados no comando da política econômica, Tombini e companhia saberiam se enquadrar nesses novos tempos.

Mas, a presunção, a pretensão, a auto-suficiência e a arrogância de Dilma parece que não permitirá tal gesto! Ou será que não? Portanto, caso nada ocorra, vai continuar o País sangrando até, pelo menos, a eleição de outubro próximo! E depois, seja o que Deus quiser!

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