E HÁ SAÍDA POSSÍVEL E VIÁVEL?
Qualquer analista ajuizado e provido de conhecimento, de consciência e de responsabilidade intelectual há de admitir que o Brasil, por mais que se queira instilar alguma dose de otimismo, experimenta uma situação gravíssima e de equacionamento dificílimo. Isto porque, além de um sem número de problemas seríssimos e a exigir equacionamento urgente, encontra enormes dificuldades para sensibilizar e mobilizar a sociedade na direção de qualquer esforço. Isto porque, os que detém o poder, particularmente a Presidente e, até mesmo, as próprias instituições nacionais, não dispõem de um mínimo de credibilidade, nem um mínimo de confiança e, até mesmo, nem sequer um mínimo de respeito, por parte do cidadão comum.
Ou seja, o receituário para o enfrentamento dos grandes desafios nacionais está na credibilidade das instituições e dos detentores do poder. Sem isso, nada prosperará. A crise continuará sem que surja uma réstia de esperança de que as coisas venham a mudar e a melhorar! E, onde encontrar tal base de confiança para que a sociedade civil se agarre a ela?
O Governo Federal reuniu, por exemplo, o Conselhão, acreditando que tal encontro poderia conferir respaldo as medidas que estaria propondo aos chamados representantes da sociedade civil. Mas o fato concreto é que o Conselhão não tem votos e os votantes estão em outro lugar e não estão nada satisfeitos com o governo, com suas políticas e com a forma de condução dos negócios do estado. Na verdade, a reunião do Conselhão de nada adianta nem adiantará no sentido de garantir algum respaldo para as decisões que o governo precisa que o Congresso Nacional as assuma!
Por outro lado, medidas como o aumento de oferta de crédito pelos bancos públicos, além de representar valor pouco significativo, gera uma indagação: quem tomará o crédito, por melhores que sejam as condições? Os empresários? A maioria não, porquanto o problema deles atual é não ter demanda para os seus produtos, ou melhor, não ter a quem vender os seus produtos e serviços pois o que, pelo que se sente da economia, o que falta hoje são compradores. Ademais, a desestruturação das empresas têm sido tamanha que não seria o crédito o elemento fundamental para tirá-las do atoleiro em que se encontram!
Se os tradicionais agentes econômicos não estão dispostos a tomar o crédito que se lhes oferece, pior seriam os trabalhadores, porquanto são mais de 1,5 milhões desempregados e outro tanto vivendo as angústias de perder o emprego no dia seguinte! Quem tomará emprestado, sabendo-se que 52% das famílias brasileiras estão endividadas e muitas já estão, de há muito, inadimplentes?
O Brasil, para analistas mais sóbrios e sem partidarismos, só tem três caminhos básicos. O primeiro é o setor externo que continuará respondendo por ainda algum dinamismo das atividades econômicas nacionais. Por outro lado, foi o segmento que, mesmo num ano de erros, desencontros, incertezas e inseguranças de toda ordem como foi 2015, conseguiu garantir a cobertura dos déficits da balança comercial e, de uma certa maneira, estimulou ou contribuiu para um aporte de mais de 55 bilhões de dólares de recursos externos na fragilizada economia nacional.
O segundo é acabar com as vinculações orçamentárias de receitas que engessam o orçamento e limitam os graus de liberdade dos gestores públicos. O terceiro elemento crucial diz respeito a acabar com as indexações de toda ordem particularmente aquelas relacionadas ao salário mínimo. Nessa esteira, acabar com a relação de dependência dos salários de magistrados com toda a cadeia judiciária ou de parlamentares federais até o nível municipal. Por fim, as reformas da previdência, trabalhista e tributária que, de há muito são cobradas para reduzir as limitações de crescimento económico justiça social do País.
Se, por acaso, algumas atitudes do governo mostrarem, de forma consistente e confiável, alguma boa vontade em garantir segurança jurídica aos investidores externos; e, se houver seriedade e compromisso nos editais das concessões de serviços de infraestrutura; também, se os novos marcos regulatórios de energia elétrica, minerais, ferrovias, portos, exploração de petróleo e gás forem sérios e condizentes com aquilo que se espera a nível internacional, então as coisas poderão clarear.
Adicionalmente, um momento como esse é o ideal para enfrentar as reformas cruciais para que se abram caminhos para que a economia possa retomar o crescimento. Isto porque, não havendo graus de liberdade em termos de ações diretas com base no tradicional intervencionismo estatal, o que resta é tentar reconquistar um pouco de confiança e da credibilidade junto à população assumindo um compromisso sério para com a realização das reformas institucionais que abram caminho para um novo tempo para o País!
Por outro lado, numa atitude inédita, se o governo federal resolver cortar 40% da máquina pública federal, de forma linear, usando o dinheiro economizado para apoiar os pequenos negócios e a geração de renda para os milhões de desempregados, numa espécie de keynesianismo, estimulando a demanda agregada, sem ser através do gasto público, poder-se-á antever um processo de recuperação da economia.
Ao lado disso, se direcionar cerca de 10% de compra de bens e serviços governamentais para as micro e pequenas empresas, então um notável estimulo à demanda poderá ocorrer, de forma consistente. Ou seja, com o estímulo ao setor externo, com o apoio ao ingresso de capitais externos nos investimentos em infra-estrutura e na aquisição de ações de empresas brasileiras, ao lado do redirecionamento dos recursos públicos para estimular o setor privado e a melhoria do ambiente econômico, esse conjunto de medidas poderá permitir a exploração do potencial de investimento em várias áreas, o que, com certeza, fará com que o quadro econômico do País mude de perspectiva!
Se, ao mesmo tempo, baixar o espírito, mesmo que na base de uma humildade forçada e industrializada, na Presidente, e ela conseguir convencer a classe política de caminhar junto nessa proposta de salvação nacional, coisa extremamente difícil de ser alcançada, talvez as coisas possam clarear. O problema é que são muitas condicionantes, desde um PT que queira colaborar e não criar dificuldades; de um PMDB que, talvez apoiado pelos seus governadores, seja convencido, em troca de suavização do quadro de problemas fiscais ostentados por estados e municípios, a engajar-se na empreitada; se o núcleo duro do poder, reduzindo a sua empáfia e arrogância ajudasse a desburocratizar, a simplificar e a acelerar as medidas relacionadas aos marcos regulatórios, as concessões e a melhoria do ambiente econômico, então pode ser que essa nova agenda nacional possa vir a ser implementada!
E aí poderao os brasileiros voltarem a acreditar no país e no seu amanhã!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!