E LA NAVE, VA!

Se o quadro econômico não é apenas nebuloso mas, acima de tudo, confuso e sem prognóstico, o quadro político começa a mostrar tendências claras de relativa estabilidade das relações entre o Legislativo e  o Executivo  e, pelos atores da cena, nenhuma possibilidade de tensão ou de crise possível. O dado novo é que a sucessão presidencial já está nas ruas com, pelo menos, quatro pretensos candidatos: Dilma, buscando a reeleição; Aécio, sempre Aécio buscando coragem para enfrentar os próprios adversários  dentro do próprio PSDB; Eduardo Campos, ansioso para ocupar um espaço que ainda se mostra vago, qual seja, aquele que nem a esquerda desacreditada do PT,  nem a indefinição pessedista do PSDB ou o oportunismo governista do PMDB, conseguiram ocupar; e, Marina Silva, tentando construir algo diferente que, ao que parece, nem mesmo ela sabe o que é.

 

O fato é que tais candidaturas estão na rua. Dilma não se preocupa com a sua base de sustentação parlamentar pois, fazendo pequenas acomodações na ocupação de cargos em ministérios e, atendendo as demandas fisiológicas dos parlamentares, não encontrará em Renan e em Henrique Eduardo Alves, alguém que venha incomodá-la ou com exigências relacionadas com propostas de governo ou com alterações na ética de atuação do poder. Por outro lado, Lula depois do tsunami Rose não é mais o mesmo e, certamente, reduzirá a sua agressividade contra os possíveis adversários. Já anunciou, aos quatro cantos e ventos, que o seu papel é buscar as articulações e parcerias para viabilizar a reeleição de Dilma.

 

Aliás, a sua primeira incursão no Ceará é orientada a espicaçar os Ferreira Gomes e  dizer-lhes que, em qualquer hipótese, não ficarão na chuva pois Dilma estará aí para protegê-los contra a incursão pesada de Eduardo Campos no sentido de diminuir-lhes o peso e expressão no cenário político do País.

 

Na verdade, Lula irá oferecer alguma coisa que mexa com a vaidade de Ciro Gomes e, por outro lado, reafirmar que  o  Ministro de Cid, no caso Leônidas Cristino, continua prestigiado e, ninguém, nem a desconfiança externada por próceres  do PSB, diante de sua simpatia pela reeleição de Dilma,  irá tirá-lo do cargo. E, caso  Cid queira fazer dele o governador do estado, tudo poderá ser acertado, inclusive com Eunício, a quem Lula poderá oferecer a chance de o genro de Paes de Andrade vir a  suceder  Renan a frente do Congresso Nacional. É bom lembrar que Renan pensa em se repetir na Presidênccia do Senado, vez que, tanto ele como Henrique acreditam que, para garantir um segundo mandato, não é  muito complicado pois que não haveria impedimento regimental para tanto e, estarão todos os parlamentares envolvidos na sua reeleição ou nos seus projetos de poder nos seus respectivos estados.

 

De qualquer forma, pode ocorrer que Renan queira ser governador de sua terra e, aí, a situação fica mais cômoda para Lula negociar com os Ferreira Gomes que, embora, não tendo tal peso na política nacional, podem ajudar a escantear Eduardo Campos, objetivo maior de Lula nesta altura do campeonato. Lula quer que o confronto PSDB versus PT, embora já vencido no tempo, continue a representar a base da disputa e do confronto entre governo e oposição.