É POSSÍVEL ACREDITAR QUE AS COISAS POSSAM MELHORAR?

Os dados recentes relacionados ao setor externo brasileiro mostraram que, apesar de quase tudo andar errado no Brasil, por ínvios caminhos, conseguiu-se afastar o risco de uma crise cambial ou de um severo estrangulamento externo o que, com certeza, adiaria, não só as possibilidades mas até mesmo as esperanças de que a economia pudesse superar os atuais dramáticos e urgentes problemas e retomar algum dinamismo.

Com efeito, os resultados do balanço de pagamentos e do ingresso de capitais externos de 2015, suportam a idéia de que, afora um câmbio deveras aquecido, com os seus efeitos perversos sobre a atividade econômica interna, as coisas andam relativamente bem pelo setor. Por enquanto, dali não se vislumbram problemas mais sérios capazes de provocar desequilíbrios surpreendentes e comprometedores. É claro que, pelo setor externo, se tivéssemos fugido da mesmice da política externa brasileira e tivéssemos feito acordos bilaterais com a União Europeia, com os Estados Unidos e com outros países  e blocos, os graus de liberdade do setor exportador seriam maiores e os ganhos teriam e poderiam ser  muito mais relevantes.

Apesar da frustração com a teimosia com o erro estratégico de recuperar um moribundo há muito na UTI, como o Mercosul e, a insistência na opção de achar que os negócios com o terceiro mundo, notadamente com a  América Latina e África, fazia algum sentido,  ainda há tempo de fazer incursões, de cunho pragmático, abrindo novos mercados e buscando encontrar instrumentos capazes de estimular ganhos de eficiência e competitividade para a indústria manufatureira que, nestes últimos 10 anos, tem sofrido um intenso processo de desindustrialização.

É fundamental deixar bastante patente que o desempenho do setor externo não deveu-se a qualquer política de governo mas, tão somente ao dinamismo, a constante inovação tecnológica e busca de maior eficiência e competitividade que, se porventura houvesse sido apoiado, tal esforço, por uma melhoria da infraestrutura de transportes os ganhos teriam sido muito mais significativos.

Adicionalmente a esse quadro relativamente favorável, as recentes declarações de Dilma, num verdadeiro  “mea-culpa” relacionadas aos erros cometidos pelo governo em 2014, máxime aqueles relativos à gestão da política econômica, ao lado de propostas de endurecimento no controle de gastos e do desequilíbrio fiscal, inclusive com a proposta de recriação  da CPMF e a volta da CIDE, embora seriamente rejeitadas pela sociedade como um todo, são os únicos caminhos possíveis para retomar a atividade econômica no país.

A questão que se coloca é como Dilma, sem apoio sequer de seu partido, conseguirá o respaldo parlamentar capaz de garantir a aprovação de mudanças na previdência social, na legislação trabalhista, a recriação de impostos — CPMF e CIDE, além de aumentos de PIS/COFINS — e duros cortes em programas de governo, notadamente em projetos sociais. A equação é difícil de ser resolvida diante das inúmeras variáveis em jogo, das incógnitas políticas tão severas e, lamentavelmente, diante  da total inaptidão dos auxiliares da Presidente e da própria , em estabelecerem pontes de entendimento e espaços de negociação no campo político, fundamentalmente tendo em vista os desdobramentos da Operação Lava Jato e das demandas e cobranças  típicas de um ano eleitoral.

Sendo assim, embora surjam sinais de ações ou de atitudes ou de propostas de governo que criem expectativas mais favoráveis e, até antecipatórias de perspectivas mais otimistas, o ambiente de pessimismo e de desconfiança é tal que se torna difícil estabelecer a crença de que os inúmeros problemas, as questões estruturais e os desafios nas urgências relacionadas a certos estrangulamentos possam vir a ser encaminhados, em tempo oportuno para superar ou, pelo menos, contornar as dificuldades atuais.

Sendo assim, o que se espera é que o “processo” de passar a limpo o país não impeça que os dirigentes nacionais pensem e busquem encontrar caminhos alternativos para que o País inicie o regresso as trilhas do respeito aos fundamentos da economia, da criatividade no estímulo à inovação e da melhoria dos índices de competitividade e criem o ambiente propício para que sejam retomados os investimentos requeridos à dinamização da economia.

Parece que ainda falta muita atitude, palavra séria, compromisso acreditável para que se possa acreditar que as cousas irão melhorar!

 

 

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