EM TEMPOS DE COPA…
Esperava-se que, ontem, quando da estréia do Brasil na Copa do Mundo da África, os brasileiros tivessem a oportunidade de superar um dilema hamletiano em que estão envolvidos: empolgar-se com os onze dungas bem como se subordinar à tese de que “jogar feio, mas ganhar é o que conta” ou de se mostrarem desencantados e desiludidos com uma seleção pobre de criatividade e de talento.
Parece que, diante do futebol apresentado pelos amarelinhos contra, segundo a crônica esportiva internacional, a pior das seleções participantes dessa mundial, a frustração e o desencanto aumentaram. Claro está que, como somente a Alemanha mostrou um futebol vistoso diante da fraca Austrália, os brasileiros ainda mantêm a esperança de que a seleção vá melhorando no decorrer da competição. O problema é que, depois de uma estréia decepcionante, virão dois “ossos duros de roer”: Portugal e, outro, mais difícil que Portugal de Cristiano Ronaldo e Deco, será a Costa do Marfim de Drogba. É um time forte, duro e com a típica ginga e habilidade dos africanos.
Afora as expectativas em relação à estréia do Brasil na Copa, o assunto em pauta no País, foi a surpreendente, para os economistas, atitude de Lula em sancionar o aumento de 7,7% nas aposentadorias acima de um salário mínimo, aprovada pelo Congresso Nacional. Claro que a decisão teve uma “pitada” de interesse político-eleiçoeiro, porquanto, a candidatura de Dilma é o que domina sonhos, decisões e motivações do Presidente Lula. Agora, é cortar, no custeio, os 1,2 bilhão adicional com a bondade feita aos aposentados. Provavelmente os parlamentares serão os responsáveis pelos cortes nas suas emendas!
Outro assunto bastante polêmico, também a aguardar uma manifestação da Câmara dos Deputados, em função da emenda Pedro Simon, diz respeito a distribuição dos royalties entre estados e municípios. O critério de Simon é o mesmo que foi aprovado na Câmara com a emenda Ibsen Pinheiro. O problema é que as compensações das perdas dos estados produtores serão feitas com os recursos destinados à União. Ou seja, caberá a “viúva” bancar os possíveis prejuízos causados aos municípios e estados produtores.
Diante da Copa, a proposta somente deverá ser votada quando julho chegar. E, a chance de êxito de Lula em mudar o que foi aprovado no Senado, é quase zero. Isto porque tal decisão representa uma verdadeira reforma fiscal no sentido de fortalecer estados e municípios e ampliar a capacidade do poder local de atender as demandas e necessidades de suas comunidades.
Do lado positivo, só mesmo o anúncio do crescimento de 8,1% da economia nacional, rivalizando com o crescimento chinês e indiano. Só com uma diferença: aqui, este ano e, dificilmente, a repetição no ano que vem, pois que com uma taxa de investimento da ordem de 18%, o limite de crescimento é de 4,5 a 5%. Se o país conseguir reduzir o consumo público e aumentar a poupança externa, então será possível atingir uns 22% de investimento em relação ao PIB, capaz de garantir um crescimento de 7% ou um pouco mais, em 2011. Mas, é crucial lembrar, que os estrangulamentos logísticos nos transportes, nas comunicações e na energia, além das limitações impostas pelo ambiente econômico e pela falta de mão de obra qualificada, poderão gerar limitações a tais expectativas de ampliação do produto interno bruto do País.
Ademais, os problemas na zona do euro, a partir das medidas restritivas e de austeridades exigidas para superar a grave crise econômica, impactarão as exportações brasileiras e poderão gerar problemas de financiamento do déficit em conta corrente do país.
É fundamental lembrar que o Brasil terá que enfrentar, quer queira ou não, ou se as conveniências político-eleitorais determinarem, os maiores juros reais do mundo, a mais perversa estrutura tributária dos países emergentes e um câmbio tão desequilibrado que hoje, ao lado da ameaça que representa a China, significa enorme limitação para o crescimento das exportações e da competitividade da indústria nacional.
Se a Copa terminasse agora, pelo menos para os brasileiros, talvez houvesse mais tempo para dedicar a discussão de tais graves desafios ou, talvez, o que seria mais provável, estaria o país mergulhado na discussão das agressões entre os candidatos ou entre os seus prepostos, sobre dossiês e outras baixarias.
Lula é esperto. No final só quem capitalizou junto aos aposentados foi ele. Ameaçou vetar e, quando todas as esperanças ficaram depositadas nele, decidiu vetar o fim do fator previdenciário e, considerando que a área econômica poderia fazer os cortes nas emendas parlamentares e outros custeios de 1,6 bi, então decidiu fazer a bondade. É vivo demais da conta!
Não estranhei a atitude do Lula em sancionar o aumento dos aposentados afinal, se analisarmos as atitudes dele notamos que : A)O Presidente é useiro e vezeiro em dizer uma coisa e fazer outra B) Sempre que confrontado, usando antiga expressão do futebol, ele “arrecua os half´s” e entrega o jogo
C)O Presidente não iria ficar contra 6% do eleitorado