FALANDO DE COISAS BOAS!

Há quase unanimidade, entre economistas brasileiros e analistas de fundos de investimentos, além de alguns autodenominados cenaristas, de que, em 2010, o País crescerá mais que 5% e, talvez, menos que 6%.

E isto sem se falar no “constrangimento externo” onde se admite dificuldades em buscar financiamento para um déficit nas contas com o exterior, que deverá superar os 60 bilhões de dólares. Também, mesmo sabendo-se das restrições provocadas pelos gargalos da infraestrutura de transportes, energia e comunicações, ainda assim, o país terá um bom ano, inclusive na geração de empregos diretos.

Aliás, os resultados alcançados pelo emprego, com carteira assinada, em janeiro de 2010 – mais de 180 mil postos criados! – colocam uma perspectiva, bastante otimista, de que o Brasil superará mais de 2,4 milhões de postos de trabalho em 2010. Tais dados são bastante alvissareiros na proporção em que, em 2009, o crescimento econômico foi zero e, pelo andar da carruagem, 2011 deverá ser um ano extremamente difícil, pois as restrições institucionais, a limitação de mão de obra qualificada para a indústria, as repercussões dos problemas fiscais criados em 2009, poderão comprometer os resultados desejados ou esperados. E, em não se mencionando os problemas relativos à elevação da taxa de investimentos do país, que continua patinando no entorno dos 17%.

Ainda este ano, mas com repercussão em 2011, os problemas na zona do euro, a redução de fluxos financeiros de investimentos, além dos atrasos nas obras de infra-estrutura do famigerado PAC, deverão comprometer as expectativas de crescimento do país. Também, os dados relativos aos problemas fiscais, vez que, até agora, medidas restritivas e corretivas ainda não foram sequer aventadas, podem ampliar o conjunto de desafios para fazer com que as bases da estabilidade econômica sejam mantidas, sem atropelos.

Ademais, o “estatismo” proposto pelos lulistas, a tendência em retirar das mãos da empresa privada certas iniciativas, como por exemplo, o caso da formação de mão de obra para a indústria realizada pelo sistema S, além das dificuldades de superação dos impasses na área do meio ambiente, poderão comprometer os anseios de um crescimento sustentável e vigoroso da economia brasileira. Também é importante considerar que a “enxugada” de liquidez promovida pelo Banco Central ao aumentar o compulsório dos bancos – de mais de 71 bilhões de reais – aliado ao discurso do Presidente do Banco Central que ameaçou com “medidas duras e antipáticas”, tais como o aumento da taxas de juros básicas, pode levar a uma certa “travada” no crescimento.

Uma boa discussão a ser estabelecida agora é por que, para controlar uma tendência inflacionária, não se busca o aumento da capacidade produtiva das empresas, a redução das ineficiências, a diminuição da burocracia e a diminuição da carga de impostos, ao invés de se buscar o caminho de redução do crescimento? Por que não se aproveita o fato de que, para reduzir o impacto da crise econômica, foram realizadas, em 2009, várias renúncias fiscais setoriais, o que levou a redução da carga tributária do País em mais de um ponto percentual, e, planejadamente, tenta-se reduzir, em mais um ponto este ano? Seria uma boa contribuição do governo Lula, nos seus estertores, de ganhar ainda mais simpatias para a sua candidata.

Ainda quanto as bem sucedidas ações desenvolvidas pela iniciativa privada, é fundamental não podá-las, sob pena de enorme prejuízo para o País. É fundamental, portanto, lembrar que o SENAI, na sua função de gerar mão de obra qualificada para a indústria, em 1982, quando concorreu às primeiras Olimpíadas Internacionais sobre a qualidade da mão de obra qualificada, não teve sequer registro de sua qualificação ou do seu ranqueamento. Em 2008, chegou, pasmem, ao segundo lugar no mundo, superando Estados Unidos, Suíça e outros países desenvolvidos.

Isto vem a demonstrar que, certas iniciativas como o sistema S, devem ser estimuladas, apoiadas e fortalecidas tal como o que acontece com cerca de 30 mil alunos da rede escolar privada de Fortaleza que, nos dias que correm, levam mais vagas nas disputas dos vestibulares do IME, do ITA e da Escola Naval do que os estados de São Paulo e do Rio, juntos. Além disso, nas chamadas olimpíadas de química, física, biologia e matemática, de um modo geral, os cabeças-chatas levam 43% de todos os troféus.

Tal fato vem a demonstrar que, um pouco de visão estratégica, ousadia e capacidade gerencial dos governos, poderiam multiplicar, só no Ceará, por exemplo, a experiência de trinta mil alunos para 300 mil, em quatro anos e, dentro de um projeto bem concebido, estender os seus efeitos aos alunos da escola pública. Pelo que se vê o país não vive só da política e de más notícias.