FELICIANO, OS DETENTORES DO POLITICAMENTE CORRETO E A VIDA COMO ELA CORRE E ESCORRE!

O affair Feliciano, até agora, só tem gerado frutos e resultados aos seus companheiros e abnegados militantes ou fiéis de sua Igreja. Nada mais certo que Feliciano, o breve, deve conseguir uma reeleição, com mais de 500 mil votos e o seu chefe, o Pastor Malafaia, para “o bem de todos e felicidade geral da nação”, deverá concorrer à Presidência da República “para garantir, ao povo oprimido,  que busca a presença de Deus, um guia com o espírito de Cristo, segundo êle e os seus seguidores”.

Alguns puristas acham que, o que ocorre hoje no Brasil é parte de um fenômeno típico do mundo moderno, onde o aumento da “chamada presença obscurantista e fundamentalista religiosa nos poderes públicos cresce, de maneira avassaladora ” e, onde, o que foi  a grande conquista dos tempos modernos, que seria  o estado laico, começa a sofrer grandes reveses, criar grandes inquietações e angústias para os que pensam no bem estar e na paz entre os humanos.”Particularmente êste Scenarium acredita que, diferentemente de outras nações e povos, no Brasil não há ambiente e nem espaço para tal obscurantismos prosperar.. É verdade que países, como a Turquia que, com Atarturck,  haviam abandonado o islamismo, como poder dominante no controle do Poder Público, vêem o islamismo voltar a assumir o controle político, com todas as indiosincrasias típicas do fundamentalismo religioso e, necessàriamente, assustam-se com tal possibilidade!

 

Hoje, os turcos, de uma história tão gloriosa, embora também, tão questionada e contestada,   de busca do poder, a qualquer preço, foi marcada pela presença do grande Artaturck que, representou alguém que  reinventou a Turquia, retirou-a da barbárie, tornou-a civilizada, inventou o estado laico e, até ” europeizou”  os seus bárbaros compatriotas e fincou raízes para marcar a história e a presença de marcas do antigo Império Otomano no mundo.

E, hoje, vive o Brasil  uma situação esdrúxula onde, num  país onde nenhum  radicalismo é levado a sério, pretende-se, com um episódio menor, transformá-lo em algo que macularia uma construção histórica que, segundo esse Scenarium, deverá transformá-lo na primeira grande civilização dos trópicos. Um país onde prevalece o sincretismo religioso, permitindo a convivência pacífica dos mais diferentes credos e religiões; onde a miscigenação racial criou a possibilidade de minimização dos conflitos de etnias e raças; onde os bravos lusitanos legaram um mesmo idioma e forjaram uma nação onde não prosperam questões regionais, e, fundamentalmente, tem se marcado por uma convivência onde a  conciliação e entendimento,  que é a base para a resolução de conflitos de interesses, não geraria  ambiente para negar tudo isso. Agora  alguns querem  infringir de um lado, ou o pensamento do pastor Malafaia que, em artigo na Folha de São Paulo dizia  que “Feliciano é filho de preta e nunca matou um gay” ou daqueles que acham que a imposição do autoritarismo do chamado  políticamente correto deve ser aceito por todos, dentro de uma  visão da ideologia única, como a do famoso “Big Brother” , do 1984 do George Orwell, não dá para aceitar tal polarização. Esse scenarium concorda com as sábias e simples palavras do grande Ney Matrogrosso quando diz: “Se eu defendo, é natural que alguém ataque ou alguns ataquem. É natural que seja assim!”

E isto é o valor mais alto da convivência democrática. Cada qual no seu quadrado, defendendo as suas idéias e respeitando as dos outros, não importa quanto eles sejam e quanto as suas idéias importunem a grupos ou contradigam valores defendidos por outros.

Ou seja, ninguém é detentor da verdade e da decência. Não pode prevalecer  a hegemonia do politicamente correto. Não é possível que se queira impor que Marcus Feliciano não seja presidente da Comissão de Direitos Humanos. Quem o elegeu? Foram os seus pares? Mas, se foi um acordo ignomínio, isso  é coisa dos seus parceiros deputados. E, os seus parceiros deputados e ele próprio, foram eleitos por parcela da população, a quem se deve atribuir culpa? Quem tem autoridade para dizer que eles erraram? Essa é uma questão que o processo democrático terá que resolver. Será, via internet, mecanismo melhor que os referenduns e os plebiscitos? Será a internet, a nova Ágora?

Teremos novos tempos? Virá, por acaso, uma espécie de uma revolução da cidadania onde o fim da ditadura das aspirações e desejos imposta pelo autoritarismo das idéias, o pior dos autoritarismos, será abolido. Não se pode impor sequer o bem haja visto a relatividade do conceito no tempo, no local e no ambiente que o cerca, quanto  mais definir quem está certo ou errado.Na verdade, a pergunta que fica é, como a sociedade brasileira vai administrar a intolerância de uns, o atraso de outros  e a teimosia de outros tantos em não entender que não cabem mais os Torquemadas e a Santa Inquisição, pelo menos, para a índole do povo brasileiro!