IMPEACHMENT OU UMA RENÚNCIA NEGOCIADA?
As coisas estão se complicando a cada dia que passa muito embora o governo tenha buscado várias formas de impedir desfechos desagradáveis para a crise que ora vivencia o Pais. O Planalto, por exemplo, conseguiu conter a ânsia do TSE que ia na direção de rejeitar as contas de campanha de Dilma, atitude que talvez tenha sido abortada por uma providencial ação do recém reconduzido Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que determinou não aceitar um pedido de denúncia da Presidente Dilma, encaminhado pelo TSE!
Por outro lado, correm soltas as negociações com o TCU para que as chamadas “pedaladas fiscais” não venham a ser vistas como crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, cometidos pela Presidente. Tem sido ingentes os esforços do Advogado Geral da União para conseguir acórdãos, jurisprudências e outros “quetais”, buscados do fundo do baú da história, como base para ir afastando o fantasma do, para os petistas, chamado “golpismo”.
Discute-se, não apenas nos fóruns apropriados mas, em quase todos os círculos sociais, mesmo naqueles menos providos de acesso privilegiado a informações sobre a conjuntura e sobre as circunstâncias que cercam o quadro político nacional, qual o caminho que trilhará o Brasil para sair do atual impasse. O desgaste experimentado pela Presidente, o estrago que faz a Operação Lava-jato, a crise econômica e seus desdobramentos, são os ingredientes que levam ao raciocínio de que há que haver uma saída para o impasse político-institucional que experimenta o País!
Os mais radicais e apressados só veem o ” impeachment” como saída. Mas. os mais lúcidos e responsáveis formadores de opinião tem a convicção de que esses mais ansiosos por uma solução rápida para o imbróglio se ponderassem melhor concluiriam que esse não seria uma alternativa apropriada e adequada, em decorrência dos vários problemas que surgiriam, caso tal opção fosse adotada. Alguns mais ponderados chamam a atenção para a experiência brasileira quando da renúncia de Jânio que, para impedir a posse no efetivo poder do seu vice João Goulart, as “elites brancas” forçaram, naquela oportunidade, a aprovação, a toque de caixa pelo Congresso, da opção de estabelecer o parlamentarismo no Brasil.
E a experiência, contrariando a tradição e a cultura brasileira, nitidamente monarquista e presidencialista, foi de um fracasso total, notadamente quando não se tem partidos devidamente estruturados e amparados em linhas doutrinárias e programáticas claras e que lhes dê a identidade necessária. E esse não é o caso brasileiro. Ademais, os patrícios não conseguem entender a lógica da operação de um governo conduzido pelo Parlamento pois acreditam que um poder só opera, de fato, subordinado a um só comando e dentro da visão sebastianista do poder. Sendo assim, difícil é imaginar ser aprovada uma nova opção de regime de governo, diferente do que os brasileiros já estão habituados.
Se o “impeachment” é inviável mas se a insatisfação continua e, já e já, o comandante da política econômica estará entregando o mancho pois, pressionado por todos os lados e grupos, terá esgotada a sua paciência para compor, transigir e negociar, o quadro tenderá a se deteriorar ainada mais do que já se encontra. Assim, é bom ponderar no papel das chamadas “elites brancas” que, pela experiência histórica, pelo que se conhece, não admitirão que o país continui sangrando sem que se encontre uma saída para as suas dificuldades.
Isto porque não há sinais e nem indícios de que, a partir do núcleo duro do Palácio do Planalto surja, para a sociedade, qualquer aceno confiável de mudança no curso dos acontecimentos capaz de estabelecer a possibilidade de que o poder instalado terá competência para fazer com que a esperança renasça nos corações e mentes dos patrícios. Isto porque, até agora, a Presidente, além de nada mais comandar, não tem sabido mostrar para onde vai, nem como vai e nem o que vai fazer!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!