LIÇÕES PARA NÃO ESQUECER!
Depois da comoção com a desastrada pane dos mais longos e terríveis seis minutos na história do futebol brasileiro, a hora é de refletir sobre os erros e precariedades na forma de gestão não apenas do maior esporte e paixão nacional, mas da forma de administrar os problemas e dificuldades do país. E, agora, com a disputa eleitoral espera-se que os temas mais relevantes e mais urgentes para o encaminhamento dos desafios da pátria amada, sejam exaustivamente discutidos e propostas sérias e consistentes para enfrentá-los sejam oferecidas à sociedade brasileira.
Também, no próprio esporte bretão, é hora de uma revisão crítica de todos os valores mas também, de fugir, um pouco, a uma característica brasileira que é, diante de problemas dessa ordem, buscar soluções fantasiosas e imediatistas como essa, por exemplo, de contratar um técnico estrangeiro para a seleção nacional.
Como se o problema da paixão nacional se reduzisse a um problema do técnico e não de concepção, gestão, orientação das políticas destinadas a dar ao futebol aquilo que ele representa para os brasileiros. Mas a par da frustração, da decepção e do desencanto, existem descobertas ou redescobertas, excepcionalmente interessantes, sobre o Brasil e os brasileiros que mostram uma dimensão extremamente positiva do caráter da macacada nacional.
E uma das melhores lições que a Copa do Mundo deixa aos brasileiros foi a chance de se descobrir um povo detentor de tantas virtudes, não apenas na cinematográfica paisagem diversificada e diferenciada das doze regiões onde o evento se realizou mas e, principalmente, na índole festeira, alegre, hospitaleira e de uma excepcional prestimosidade da brasileirada, não só para com o estrangeiro, mas também com os seus próprios irmãos.
Neste mesmo espaço já foi dito que, neste imenso pais o visitante, o turista e o imigrante são recebidos de forma extremamente calorosa e afetuosa, como se fora amigos de velhas datas, num reencontro nostálgico. Aqui quem chega arma a sua tenda, se sente tão brasileiro e dono do pedaço que se acha no direito de opinar, reivindicar e criticar governos e instituições como se fosse aqui nascidos.
Essa atitude deriva de formação histórica, cultural, étnica, religiosa e, para que se tenha uma ideia dessa diversidade na unidade, o cenarista toma emprestado de um seu amigo e parceiro, Alceu Valença, uma expressão que bem define os muitos brasis espelhados ou explicitados na caleidoscópica formação musical brasileira. O que, na verdade traduz o que é, o que busca ser e o que se orgulha de ser o brasileiro: o homem cordial. Um passeio pelas várias expressões musicais Brasil afora, identifica a alma brasileira com sua alegre, colorida e perfumada diversidade!
No Amazonas a música do Bumba meu boi, com o Garantido e o Caprichoso ao atrair, todo ano, multidões para apreciar o inolvidável espetáculo e a música ali desenvolvida, num ritmo e melodia de caráter muito peculiar e particular, mostra uma faceta da cultura nacional.
Descendo um pouco, em Belém do Pará, o ritmo é bem distinto e diferenciado com o Carimbó e novas tendências melódicas que ali se desenvolvem. No Maranhão, a mistura do Reggae de Jimmy Cliff com a música das radiolas e do boi bumbá, estabelecem uma trilha sonora bem distinta do que se ouve Brasil afora.
Descendo um pouco mais chega-se a terra de Iracema, do xaxado e do forró! E um pouco mais, chega-se a Pernambuco e a alegria do frevo. Em Alagoas, Djavan marcou uma época, um estilo e uma música mais para um Milton Nascimento do que para os ritmos tradicionais. Na Bahia, a inconfundível música axé e o ritmo do Olodum, são um espetáculo a parte! Antes de chegar a Cidade Maravilhosa, vai-se a terra síntese de todos os brasis, as Alterosas, com o maravilhoso Milton, de todos os tons que, aliado aos Brandt e a tantos outros compositores, tem legado ao País um enorme acervo cultural.
Aí chega-se a terra da ginga, da malevolência e do samba no pé, o Rio maravilha onde a bossa nova divulgou o Brasil para o mundo. Em São Paulo, a terra da garoa, rola a música sertaneja que o Centro-oeste se não a originou, a turbinou! Se a música sertaneja faz tanto sucesso Brasil afora, se se desce um pouco mais, chega-se a música agradável de Borghetti, lá pelos longínquos pampas gaúchos.
Assim, nesse itinerário que leva a uma caminhada de redescoberta do Brasil, o que se conclui é que como dizia o escriba, Pero Vaz Caminha do navegador Pedro Alvares Cabral: “Nesta terra em se plantando tudo dá” e aqui tudo é musicalidade, é hospitalidade, é generosidade, é alegria de viver e de compartilhar o bom viver. Essa é a terra dos que tem uma enorme alegria de curtir tudo que a natureza, a vida, a convivência e a harmonia entre as pessoas oferece de paz de espirito e de desprendimento.
Assim, por mais que os políticos e as elites dirigentes do País, tentem desmontar o espírito do brasileiro cordial, mesmo com os seus erros, vícios e precariedades, não hão de conseguir pois a destinação histórica da nação é maior que as limitações de visão, de pensamento e de perspectiva desse anões e desses limitados homúnculos que nada contribuem para a construção da civilização que um dia far-se-á nos trópicos.
Portanto, brasileiros levantem a cabeça, sacudam a poeira e procurem dar a volta por cima pois, como dizia o poeta, “por morrer uma andorinha não se acaba a primavera” e, como Deus é brasileiro, mesmo com os problemas, limitações e dificuldades de toda ordem, acreditem que o amanhã será melhor!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!