MANIFESTAÇÕES, QUAL A RAZÃO?

Poucos analistas proocuraram aprofundar a discussão das possíveis causas ou das possíveis razões que porventura poderiam explicar o pipocar de tantas manifestações de rua, contra, não se sabe o que nem a quem!
Dizer que são manifestações orquestradas por grupos de petistas numa tentativa de desviar o foco da crise existencial que vive o governo da Presidente Dilma e mostrar que as questões e problemas do povo não devem ser atribuídas a ela mas, sim, a governos estaduais, como é o caso de São Paulo, não explica a diversidade de grupos étnicos, níveis de renda, natureza de protestos – a favor de índios, de gays ou de outros — que estiveram alí presentes. Máxime, no caso de São Paulo onde, o aumento de tarifas foi estabelecido pelo Prefeito, que é do PT, enquanto que a dura repressão policial, foi promovida pelo governo do estado, que é do PSDB!
Por outro lado, não parecia representar uma manifestação contra a carestia ou contra o desemprego! O aparente “leit motif” seria o aumento das passagens de ônibus que, diante do ajuste abaixo da inflação, não caberia tamanha reação e repercussão. Seria por conta da péssima qualidade dos serviços públicos, notadamente de transportes nos grandes centros urbanos? Tal fato não seria suficiente e não justificaria tremenda reação da população.
Seria a presença de vândalos, baderneiros e outras figuras marcadas pelas mesmas atitudes em outros eventos, cujo propósito seria apenas, de tumultuar o quadro? É pouca explicação para tal tumulto e, eventos esses a ocorrer, ao mesmo tempo, numa explosão quase simultânea de tais sentimentos em vários pontos do País!
Segundo Cacá Diegues, o fenômeno extrapola os conflitos de interesses de grupos políticos ou ideológicos ou a reação contra uma decisão que provocado revolta na população, mas, diferentemente de uma Primavera Árabe, assemelha-se mais ao que ocorre com os movimentos da Turquia onde, a mera retirada de árvores no parque da cidade de Istambul, gerou uma explosão de ressentimentos, inclusive contra o Primeiro Ministro, super bem avaliado pela população, como um todo.

E qual seria a explicação possível? Seria um cansaço com a representação política onde as pessoas não se sentem representadas e, ao mesmo tempo, com os chamados mecanismos da democracia direta que, no mais das vezes, descambam para o autoritarismo e a tirania, sem resolver a crise existencial que domina as sociedades dos grandes centros urbanos. Ou seja, as pessoas estão insatisfeitas com o conjunto de circusntâncias e de problemas e, na verdade, não sabem a quem recorrer nem que perspectiva antever para superar as dificuldades, recriar esperança consequente e, viver os sonhos sonhados.

Seria esta a explicação mais plausível?