NÃO EXISTE PECADO DO LADO DE BAIXO DO EQUADOR!

Leandro Amaral

O Brasil é um país marcado pela tolerância. A sociedade brasileira tolera, notadamente, as pequenas infrações, cometidas por quase todos, e a desonestidade das autoridades e dos homens públicos do país.

A tolerância as pequenas infrações se faz presente quando se acha comum e normal o estacionamento em calçadas, a cerveja para o guarda de trânsito, o uso indevido de áreas públicas por comerciantes e, até mesmo, a criação de despesas fantasmas para reduzir o imposto de renda a pagar ou aumentar o imposto a receber. No Carnaval então, vale tudo. O mesmo cidadão que protesta contra um político desonesto, faz xixi no poste ou no muro. Na verdade, são pequenas infrações, lamentàvelmente ,  aceitas pela sociedade. Como se a honestidade pudesse ser medida em graus. Como também não se pode, relativizar a ética e a moral, falando em meia moral ou, até  mesmo, meia a virgindade. Ou se é ou não.

Na política a coisa não é muito diferente, salvo quando se tem um apelo de mídia, com maior ênfase. Mesmo o Arruda tendo sido flagrado, em vídeo, recebendo dinheiro, alguns ainda acreditam que ele foi vítima de uma conspiração. Até o Presidente Lula chegou a afirmar, no caso Arruda, que as “imagens não falam por si só”.

Na verdade ele foi vítima sim, mas da prepotência dos homens públicos desse país que se acham acima do bem e do mal. Que a eles tudo é permitido e que os fins justificam os meios.

Mas parece que o Arruda é o único joio no meio do trigo. E não o é. O difícil, hoje, é encontrar o trigo. O Congresso Nacional está infestado de joios. Do alto até o baixo clero, não escapa quase ninguém. O Executivo está no mesmo patamar. A Caixa Preta da Justiça nunca foi aberta. Farra com passagens, pode! Negociata com emendas parlamentares, também! Pagamento de pensão alimentícia com dinheiro de empreiteira, tá valendo! Licitações dirigidas são permitidas! Venda de sentenças ou de liminares, também vale. O que não pode é ser flagrado. O problema do crime não está no delito, mas sim em ser apanhado com a “mão na massa”. Isto me faz lembrar de uma passagem quando um aluno foi encontrado, pelo monitor, matando aula. Do alto de toda a sua sabedoria, o monitor disse ao aluno: “o seu crime não foi matar a aula, mas sim ter sido pego.”

São conceitos arraigados na sociedade brasileira porquanto os homens públicos que ocupam cargos eletivos, lá estão colocados para representar esta mesma sociedade. Limpar o Congresso é uma ilusão. A faxina tem que começar dentro de cada um de nós. Como dizia José Saramango:”meta cada um a mão na consciência e diga o que lá encontrou”. E, por aí se pode iniciar uma verdadeira operação “mãos limpas”.

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