NEM MOMO PERMITIU TRÉGUA NA POLÍTICA!
Como no Brasil as crises viajam, tiram férias e se dissipam, até mesmo num fim de semana prolongado, todos esperavam que o escândalo do “Arrudagate” ficasse fora de foco e nenhum desdobramento adicional viesse a ocorrer. Mas, não só o Ministro Marco Aurélio de Mello, decidiu, de maneira muito rápida, não acolher o habeas corpus impetrado pelos advogados de Arruda, para que fosse relaxada a sua prisão, como o Procurador Geral da República, agiu, também, de forma extremamente célere. O Procurador, como se sabe, propôs, ao Supremo que, diante do envolvimento do Vice-Governador, de vários parlamentares distritais e de muita gente dentro do governo, não haveria clima e nem ambiente, suficientemente asséptico, para que se processasse uma votação de um processo de “impeachment” do Governador e de seu vice. Sendo assim, recomendou que o Governo Federal promovesse o processo de intervenção nomeando alguém, para, até que se clareasse o quadro, estabelecer o retorno das atividades de estado, do GDF. A medida é vista por ministros aposentados do Supremo, como extrema e que não cabe e não colabora para o fortalecimento das instituições democráticas.
Ao mesmo tempo em que novos desdobramentos ocorriam no caso Arruda, as composições políticas se intensificavam. A exposição de mídia dos neocarnavalescos Dilma, Serra e Ciro, ocorria nos três principais estados onde o tríduo momino é o de maior ocorrência de público: Rio, Salvador e São Paulo. Ademais, Serra manteve intensas conversações com lideranças regionais para garantir palanques sólidos e confiáveis. Também, Serra e Dilma, adotaram a postura de não se envolver nos tiroteios verbais entre governistas e não governistas, preservando-se dos desgastes daí decorrentes.
Por outro lado, por mais que alguém pense que a campanha não será também calcada nas comparações entre as “duas eras”, cada vez mais se mostra claro que não só as comparações estarão sempre em pauta, bem como a discussão de história, das contribuições e do currículo de cada um, serão postos, vis-a-vis.
Embora que, alguns mais ávidos exijam uma discussão mais profunda sobre o Brasil que todos querem e desejam e rejeitem o embate “entre o ontem e o anteontem; entre o atrasado e o velho”, as comparações são inevitáveis e, como era esperado, a própria mídia está se pautando para tanto.
E, dentro dessa linha, tanto Lula como proeminentes membros da oposição, procuram desautorizar, desmerecer e diminuir os méritos e as qualidades de parte a parte. A famigerada disputa de quem fez mais e melhor nos oito anos de poder, sem levar em conta as restrições e circunstâncias que cada governante enfrentou, será a tônica do início da campanha.
E qual a diferença entre os dois governos? Na verdade, são muito poucas, porquanto em matéria de política econômica, são totalmente iguais. Aliás, nos tempos atuais, são muito pouco plausíveis inovações em termos de política econômica que não tenha cheiro de experimentalismo irresponsável. E, embora Lula sempre fale da “herança maldita” que ele herdou do governo de FHC, em exaustiva análise procedida pela Revista americana “The Economist”, a conclusão ali é de que, se não fora o que foi plantado e consolidado por FHC – Plano Real, metas de inflação, lei de responsabilidade fiscal, câmbio flutuante, superávit primário, etc. – além de ter iniciado programas de enfrentamento da fome e da pobreza, Lula não poderia ter alcançado os êxitos que alcançou. Adicionalmente, FHC desenvolveu algumas ações destinadas a superar os gargalos do crescimento econômico que, diante das limitações de poupança para financiar os investimentos, recorreu, para a sua promoção, ao estímulo ao ingresso de investimentos externos, à privatização e à abertura da economia. A questão básica é que os dois governos foram de continuidade, sendo que o de Lula estabeleceu uma ênfase maior aos programas sociais.
“Eles dizem que o governo gasta muito. Eu quero saber onde eles vão cortar? Nos ganhos reais do salário mínimo? Nos reajustes dos aposentados? No bolsa-família?”, indaga Lula diante das críticas e dos temores da oposição e de economistas sérios, de que o grande aumento nos gastos de custeio, por parte do Governo, trará sérios embaraços à política econômica. Provavelmente, como admite Delfim Netto, não em 2010 pois que o crescimento já está dado mas, em 2011…
Aliás, diante da crise que estão mergulhados vários países europeus, com déficits fiscais enormes, há um temor, no mundo como um todo, de que a nova “bolha” do descontrole das contas públicas, fruto dos desvios de comportamento de governos que exageraram no aumento da dívida e do déficit público, venha a criar embaraços de ordem mundial.
Caso se confirme o que alguns petistas estão a temer, de que os dados do crescimento, em 2009, possam surpreender, negativamente, então as críticas à “farra fiscal” do atual governo, deverão ser intensas e com ameaças de que, para corrigir os erros, a dívida pública terá que crescer bastante e, diante do temor de uma escalada inflacionária, as taxas básicas de juros também deverão ser elevadas. Aí as comparações irão ser tomadas ao pé da letra.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!