Scenarium de 14/08
- “As cartas não mentem jamais…”
- “As cartas não mentem jamais… (II)”
- O Comissariado vai entrar em cena.
- E Ciro não estava morto!
“As cartas não mentem jamais…”
De repente, mais que de repente, surge uma luz no fim do túnel. Não parece ser um trem que vem de encontro aos sonhos dos brasileiros. É uma figurinha magricela, de olheiras, carregando uma lamparina, tal qual Diógenes, que não está a procura de um homem, mas está a oferecer o sonho, a esperança e a certeza de que os brasileiros são melhores do que se sentem agora.
A frágil, magricela, de olheiras, talvez de saúde física precária, tem uma fortaleza sem tamanho. Venceu a fome, a miséria e o abandono. Foi analfabeta, dizem, até aos 19 anos. Mas, não mutilou o seu corpo, nem maculou a sua honra e não vendeu a sua alma para vencer obstáculos e se fazer gente. Gente para ser respeitada. Alfabetizou-se, formou-se, graduou-se, pós graduou-se e resolveu trilhar o caminho da política. Soube ter dignidade em tudo e em todas as ocasiões. Até quando resolveu deixar de ser ministra, a ministra que mais defendeu a causa que sempre acreditou.
Saiu sem excessos, estardalhaços, barulhos e sem se dizer vítima. Apenas confessou-se impotente diante de tantos contras e tantas concessões às conveniências.
Soube guardar dignidade e decência. Nunca industrializou a humildade. Nunca se aproveitou do fato de ser mulher, frágil, parda, pobre e do Norte. Foi sempre altiva sem ser pretensiosa.
Hoje Marina é a queridinha do Brasil. Não que se acredite que possa obrar milagres, mas porque a sua vida mostra que tudo vale à pena se a alma não for pequena. Com ela pode voltar o sonho. Com ela pode voltar a esperança.
“As cartas não mentem jamais (II)…”
Jogando os dados, a sorte está lançada. Parece que Marina Silva é a Micarla da sucessão presidencial. Micarla, para os que não se recordam, foi a menininha frágil e sem arrogância do PV de Natal que resolveu arrostar com a força, a pressão e a máquina de Lula e se fez prefeita de Natal.
Micarla foi o primeiro grande exemplo que Lula tem votos para ele e não para transferir para os seus postes eleitorais.
Marina surge no cenário político e as simulações das pesquisas geram frisson que assusta o PT, Lula e até mesmo Serra.
O surgimento de Marina mostrou que, a partir de hoje, a sucessão presidencial é um outro jogo e a mesmice não terá mais lugar. Até o velho jovem Ciro Gomes voltou a ganhar ânimo e fôlego.
O processo embaralhou. Pode até ser pirotecnia sem solidez e conseqüência. Mas, diante da crise de credibilidade das instituições, da fragilidade física, moral e de relacionamento de Dilma; da ânsia de algo novo e diferente – ou seja, algo igual ao Lula, mas diferente -, Marina veio dar um novo alento ao processo eleitoral do país.
O Comissariado vai entrar em cena.
A aposta da sociedade em Marina começa a incomodar o comissariado. Sabem os petistas de couro grosso e de arma de maior calibre, que se a magricela for eleita, o PT e o seu aparelhamento do Estado irão para o brejo. Ou seja, Marina não terá compromissos com o PT e os seus negócios e interesses. Sendo assim, há que se impedir que ela cresça, assim pensam os stalinistas de plantão.
Aí vai começar o jogo contra a Marina. Primeiro, será aparentemente suave. Marina não tem experiência como gestora e não conhece os problemas maiores do país, será o primeiro argumento. Por aí não vem que não tem! Ela sabe, conhece e tem humildade na abordagem. Marina é frágil fisicamente, inclusive é diabética. Isto é bobagem e irrelevante diante das limitações de saúde de Dilma. Marina é escrava da causa e pode impedir que o país cresça, pois é xiita como ambientalista. Isto ela saberá mostrar que, superada a burocracia e o ideologismo na condução de tais questões, tudo é passível de um equacionamento que atenda aos princípios do crescimento sustentável.
Mas o comissariado não se deterá. Buscará descobrir algum pecadilho, algum deslize, alguma mancha na história de Marina e, ao fim e ao cabo, nada encontrará. Lula, por sua vez, já diz que o discurso de Marina é ”um samba de uma nota só”.
Aí, se nada der certo, o comissariado buscará fazer a aproximação e contaminar o projeto da quase ex-freirinha. Terão sucesso? Só Deus e o tempo dirão!
E Ciro não estava morto!
Bingo! Ciro não é o imperador dos persas e nem o imperador de Sobral, mas faz história. Está vivinho da silva e, queiram ou não, é importante protagonista dentro do que se chama política nacional.
Ah! Se Ciro contivesse os arroubos, os excessos verborrágicos e esquecesse a idéia de que a frase de efeito provoca mais estragos e causa mais danos do que cria afinidades e produz admiradores! Caso isto ocorresse, sem mudar a sua natureza, talvez venha a representar, com Marina e Aécio, algo que o país gostaria de assistir nos embates como opções para o Brasil.
São os jovens políticos, alguns deles maculados, em parte, pela convivência com práticas reprováveis que, descontados os pecados veniais, ainda podem levantar e despertar o sonho e a esperança dos brasileiros.
E Ciro faz parte de tais figuras!
As pesquisas mostram que o PSB foi lúcido em estabelecer e definir que ele é candidato a Presidente. E isto é bom para o país.
Um ditado nordestino diz que “quanto mais cabras, mais cabritos”! Mais opções, mais embates, mais idéias e mais esperança. E isto é o que o Brasil precisa neste duro momento.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!