NO COMEÇO, NEM TUDO SÃO FLORES!

O discurso de posse de Temer e as primeiras entrevistas dos ministros que fazem o chamado “núcleo duro” do governo, não receberas duras ou pesadas críticas como costuma ocorrer aos novos donos do poder. Na verdade, foram até suaves e, no mais das vezes, perfunctórias ou, com o odor de perfumaria, pela sua irrelevância ou  procedência discutível e duvidosa.

Talvez tal tenha ocorrido pela natureza, pelo tom e pela forma séria e sem excessos, das falas dos ministros que, ao mostrarem determinação, cautela, espírito público e um enorme desejo e vontade de fazer com que as coisas  deem certo, transmitiram confiança à população.

Não se ouviu  nenhum discurso de terra arrasada diante da enorme quantidade de problemas e nem um lamentar pela avaliação injusta e precipitada de organismos e da midia internacionais sobre o novo governo. Aliás, a firmeza e a contundência da postura já assumida pelo novo  Ministro das Relações Exteriores, Senador José Serra, exigindo respeito ao Brasil e as suas instituições pelos vizinhos bolivarianos, mostra que o Brasil vai recobrar, mais rápido do que se espera, o respeito e a confiança internacionais.

Afora a ridícula cobrança de presença de mulheres, negros, índios, representantes do LGTB, etc na composição do ministério ou, à espera por medidas imediatas destinadas a encarar os graves problemas do país, não representaram possíveis abalos ou restrições iniciais, por parte da população, ao novo governo. Ao contrário. A postura equilibrada, não açodada e sóbria de não antecipar medidas e providências, nem a sua dimensão e a sua intensidade sem que os ministros tivessem um diagnóstico preciso do quadro de problemas, demonstrou segurança  e  compromisso com a causa e com os interesses públicos.

Pelas manifestações do Presidente e dos seus auxiliares mais próximos o que se ouviu foi o estabelecimento de princípios, a demarcação de prioridades e o estabelecimento de estratégias a serem respeitadas na implementação de medidas e providências. O comedimento na crítica ao quadro dramático de problemas e ao legado deixado pelo governo que se foi, mostra a sobriedade e a responsabilidade do novo governo.

Ficou, portanto, bem claro que a hora é de definição de princípios, valores e compromissos do tipo não mentir e não enganar; não prometer o que não pode ser feito; estabelecer as exigências e necessidades fundamentais — corte e limite da expansão do gasto público; não mexer em direitos adquiridos; apoiar e fortalecer a Lava Jato; indicar cortes de ministérios e de cargos de confiança; garantir os projetos e conquistas sociais; rever incentivos, subsídios e regimes especiais; manter a regra de correção do salário mínimo — além de indicar que será feita a renegociação dos encargos das dívidas estatuais e a revisão do “tamanho” do déficit para este ano, medida urgentíssima, em termos de prazo, para não gerar um colapso no funcionamento da máquina pública.

Adicionalmente, foi estabelecido o compromisso com as reformas institucionais mínimas como a da previdência, a trabalhista, a tributária e a política, além de definição de marcos regulatórios destinados a melhorar o ambiente económico, favorecer os processos de concessões e de privatizações e a atração de investimentos nacionais e internacionais.

Portanto, para o primeiro dia, o governo mostrou a sua cara, o que quer fazer, a habilidade na costura e composição política e se esmerou em não criar falsas expectativas e nem tampouco promover o estrelismo de alguns protagonistas. Claro que o processo de ajuste da equipe pode levar a algumas críticas diante de declarações que possam antecipar problemas e reações políticas no seio dos próprios aliados como foi a imediata reação de Paulinho da Força Sindical diante das declarações de Meirelles sobre o que poderia ser feito em termos de reforma da previdência. Ou ainda, as reações do meio empresarial quando disse o mesmo Meirelles que, se necessário, poderia se socorrer da criação ou do aumento transitório da carga de impostos para o enfrentamento do enorme rombo das contas públicas.

Claro que todos querem que se resolvam os graves problemas sem que se façam sacrifícios adicionais. Ou seja, o que se quer “é que se faça o omelete sem quebrar os ovos” coisa que está mais para o campo dos milagres do que para o universo do possível. Mas, num balanço inicial, o que se sente é que, em breve, restaure-se a confiança e devolva-se a esperança de que o Brasil tem jeito. Já se fala até que a inflação deste ano deve ficar em 6,5% e, no próximo ano, o crescimento já alcance 1 a 1,5%! Ou seja, só o ato de mudar os protagonistas, depois de mais de 13 anos de poder, já melhora o ambiente e já recupera a confiança dos agentes económicos.

Era isto que se esperava para esse início de novo tempo. Pelo jeito que a coisa vai, a equipe de Temer parece que já se firma em termos de conceito e de credibilidade perante a opinião pública e dar a impressão de que será capaz, tecnica  e politicamente, de responder, aos enormes desafios que a sociedade brasileira deverá enfrentar!

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