NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS…

Alguém da intimidade de Lula ou algum marqueteiro “esperto”, deve ter sugerido ao Presidente ,que não usasse mais essa expressão triunfalista e grandiloquente em face de que, em determinados momentos, talvez ela viesse a ser usada ou contra ele mesmo ou diante de alguma adversidade ocorrida com o seu governo. Aliás, o tal do apagão para uns, blackout para outros ou simplesmente pane no sistema para a maioria que não conhece as especificidades e peculiaridades técnicas, revelou que, de um modo geral, nada ocorreu por geração espontânea e nem o mundo e o seu entorno, começaram neste governo.Basta de atribuir todos os êxitos ao governo atual e todos os deméritos ao governo passado ou aos governos passados. Nem tanto ao mar nem tanto a terra. Que o governo atual fez muito e alterar dados e conceitos a respeito de Brasil, isto é inegável. Mas que as coisas ocorreram no decorrer do tempo e dos vários governos. Ou seja, será que a falta de investimentos em transmissão, distribuição, geração, gestão de qualidade, ocorreu por negligência, apenas, durante este governo? Em absoluto. São erros e vícios de políticas públicas que geraram as dificuldades e problemas atuais. Tudo é um processo. Tudo é uma construção que, atravessou governos e, até mesmo, atravessou gerações.

A solidez da política econômica atual foi fruto da implantação, por exemplo, de três instrumentos fundamentais estabelecidos no governo anterior. Quais sejam a Lei de Responsabilidade Fiscal, o câmbio flutuante e as metas de inflação. Se vive o país anos menos tumultuados que os anos oitenta e até meados de noventa, é porque Itamar Franco , estimulado por um grupo de economistas que havia fracassado na montagem plano Cruzado, à época de Sarney, resolveu intentar, mais uma vez, desmantelar o corrosivo processo de destruição do poder de compra da moeda, que impedia o crescimento, ampliava desigualdades de renda, angustiava o cidadão e não permitia planejar qualquer investimento ou programa de produção das empresas.

Se a Balança Comercial brasileira mostra muito dinamismo, isto decorre de um agronegócio pujante, competitivo e que, apoiado em um trabalho excepcional da EMBRAPA, surgida e amplamente patrocinada pelos “milicos”, garantiu um crescimento da agropecuária do País que a coloca como a terceira do mundo.

Se os brasileiros orgulham-se da sua exploração mineral, das suas siderúrgicas e das suas empresas, do setor, que hoje são transnacionais, toda essa construção foi fruto de incursões fantásticas desenvolvidas por um sem número de pessoas, entre elas o homem que “criou a Vale e descobriu o mercado internacional”, notadamente o mercado japonês, para as commodities brasileiras — Eliezer Baptista — tudo isto foi uma construção paciente e, de mais de trinta anos!

Se a EMBRAER é orgulho nacional e uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, tudo isto ocorreu a partir de São José dos Campos, do ITA e da mania dos militares do chamado “Brasil, grande potência”, talvez tendo tido o seu maior impulso, à época do regime autoritário!

Relatório divulgado, recentemente, pelo Ministério da Saúde, mostra, entre outros dados que, a estatura dos brasileiros, do sexo masculino, acima de 14 anos, aumentou em 1,9 centímetros, passando de 1,68 cm para 1,70 cm. E isto ocorreu entre 1989 e 2003! E no caso das mulheres, de 1,55 cm para 1,58 cm. Também, entre 1974 e 2007, a mortalidade infantil caiu 71,3% e, em 25 anos, a queda da mortalidade infantil até um ano, causada por diarréia, caiu 93,9%! Quanto ao risco de morte, de 1990 até 2006, tal fator, em pessoas de 20 até 74 anos, caiu de 187,9 por 100 mil habitantes, para 149,4 por 100.000 em 2006! A desnutrição entre meninas de 5 anos e menos, no período de 1974 a 2007, caiu 85% e dos meninos, 77%!

Todas estas informações, bem como muitas das conquistas da sociedade brasileira, são frutos de um processo, mais lento aqui, mais intenso acolá, mais priorizado hoje do que ontem, enfim, um processo que, pela vontade dos governantes, a proteção de Deus e o apoio do acaso e da fortuna, fizeram possível chegar aonde chegou o País.

É por estas e outras razões que FHC, em palestra proferida na Espanha, sem nenhum pejo, afirmou que a “diferença entre o seu governo e o de Lula é muito pequena”, talvez apresentando maiores diferenças em face das circunstâncias econômicas internacionais e da maturação de certas atividades ,como foi o caso das telecomunicações e, agora, da intensificação de descobertas do pré-sal, esforço de anos e anos de trabalho e pesquisa da Petrobrás.

Nada é obra só de alguém ou de algum grupo, mas, sim, da sociedade como um todo que aceitou, apoiou, incentivou e ajudou a que os dirigentes alcançassem tais conquistas.

Um Comentário em “NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS…

  1. Ao colocar que as conquistas de uma nação decorrem muito mais de um processo contínuo de desenvolvimento sem rupturas do que da participação de “entidades excepcionais”, o cenarista chama a atenção para algo que já deveria ter sido objeto de estudos mais apurados para se estabelecer a relação existente entre rupturas e contramarchas sociais e econômicas em decorrencia do culto ao ídolo e não do culto ao país e os anos de atraso em nosso desenvolvimento.