O BRASIL, A DESACELERAÇÃO ESTIMULADA E A CRISE MUNDIAL.

O Brasil cresceu 9,96% no primeiro semestre de 2010 e, mesmo em face da desaceleração imposta pelas políticas macroeconômicas nacionais, mesmo assim terminará este ano com um crescimento entre 7,3 a 7,8%. Para 2011 a expectativa é de um crescimento entre 4,5% e 5,0% do PIB.

Segundo os dados de crescimento do consumo interno, nem o aumento da taxa básica de juros, a SELIC, fez arrefecer ou desacelerar o consumo das famílias, no País. Como o aumento da taxa SELIC não provocou a elevação das taxas na ponta, o impacto do crédito, do aumento da renda, do salário médio e da própria incorporação de novos consumidores ao mercado, pelo aumento do emprego e da redução das desigualdades, está produzindo significativo efeito positivo no consumo. E, por conseguinte,  uma dinamização do crescimento econômico do País apoiado, fortemente, no mercado interno. Isto porque, até bem pouco fonte de dinamismo da economia interna, o setor externo, apesar do crescimento das exportações, apresenta um balanço de transações correntes, este ano, apresentando significativo déficit!

Segundo o Economista da FGV, Marcelo Nery, “se a tendência de crescimento e de redução das desigualdades no País prosseguir, nos próximos anos, mais 14,5 milhões de brasileiros sairão da faixa de pobreza e outros 36,5 milhões serão adicionados às chamadas classes médias brasileiras – b e c – de 2010 a  2014”.

O mais interessante nesse processo é que, mesmo sem dispor de qualquer política de redução de desigualdades espaciais e regionais, o notável impacto positivo do crescimento nacional é que a renda média do nordestino, outrora região pouco dinâmica e de crescimento sempre inferior à média nacional, de 2003 a 2008, cresceu a taxa de 7,3% ao ano, mesma proporção em que cresceu a renda do trabalho! E,  em face de vários fatores inclusive das politicas de compensação de renda, a nível nacional, a renda per capita dos mais pobres cresceu a taxa de 10% ao ano, segundo o economista da FGV.

Em face de tais dados e mantido o ritmo de expansão da economia e de redução das desigualdades dos últimos anos, até 2015 o Brasil passará o PIB da Itália e, até 2025, o da Inglaterra, para “gáudio” dos brasileiros!

Não obstante dados tão favoráveis, os analistas também advertem para o fato de que a reaceleração da economia americana estancou; de que a crise da zona do Euro se mantém e de a China não ter encontrado o dinamismo desejado de seu crescimento, na demanda interna, como esperado e requerido para ficar imune às crises econômicas internacionais.

Tudo isto que ocorre no ambiente externo, necessariamente, deverá ter repercussões no crescimento brasileiro dos próximos anos. Além disso, os componentes internos a gerarem restrições e estrangulamentos – problemas fiscais, estouro na balança de transações correntes, carência de mão de obra qualificada e problemas de logística nas áreas de transportes, comunicações e energia – não encontraram um planejamento estratégico para enfrentá-los, antes que seja demasiado tarde.

Espera-se que a partir de inúmeras advertências feitas sobre os problemas que, internamente, limitam o crescimento do país, ocorram decisões capazes de superá-los e permitir que todo o quadro de otimismo que se anteviu e se desenhou acima,  para o País, efetivamente se concretize.