O CAMPO DE LIBRA: QUAL A VERDADEIRA TRADUÇÃO?

Em meio a manifestações populares, aos incontidos vandalismos dos “black blocs”, aos debates já abertos pelos presumidos postulantes à sucessão presidencial, na agenda do governo, esse dia 21 de outubro, pode ser uma espécie de “turning point” ou ponto de inflexão nos rumos não apenas das chamadas concessões governamentais mas até mesmo da política de inestimentos.

Aliás, diga-se de passagem que, eufemisticamente, são concessões por prazos de 30 ou 40 anos e, prorrogáveis por igual período, e, não se permite, dentro do governo petista, que sejam chamadas de privatizações. Segundo os mais críticos do governo, qualquer concessão de um campo de petróleo que, ao final do período, os exploradores ou concessionários, só devolverão “o oco” ou o “buraco”!

Mas, da maneira que o governo está se conduzindo e conduzindo tal leilão, a tendência é que não se dissipem as desconfianças do mercado de que, não “há sinceridade nas manifestações de interesse do governo” vez que, a Presidente Dilma quer que, no leilão, a Petrobrás acabe abocanhando não 30%, como previsto, mas 40% do que for processado de extração de óleo no referido campo do pré-sal.

Ademais, a ausência de grandes grupos americanos e ingleses no leilão e, a presença forte de grupos chineses, parece indicar que há uma espécie de “wishful thinking” do governo de que ganhe o consórcio da qual participaria a própria Petrobrás. Aí cairia a “sopa no mel”, pois atenderia a esquerda sindicalista, que faz protestos em todo país contra o leilão dito “entreguista” — claro que a turma, para não perder a vez, embutiu, no meio de tal reivindicação de não entregar o petróleo brasileiro aos estrangeiros, uma propostinha de reajuste salarial de 16,5%, porquanto ninguém é de ferro!

Portanto, espera-se que não ocorra o que as más línguas estão a divulgar que o leilão ficará em apenas um consórcio, no caso, aquele liderado pela Petrobrás!

Por outro lado, os “tesouristas” só pensam nos 15 bilhões a serem arrecadados e a serem embolsados pela “Viúva”, sem entender que a recuperação da confiança dos investidores nacionais e internacionais, é fundamental para a retomada do crescimento econômico do País.

Um outro problema que preocupa nesse leilão é que, da Petrobrás, será exigido um volume de investimentos nos próximos anos, além da sua capacidade de caixa de realizá-los, mesmo com as vendas de patrimônio que a atual diretoria já está a processar! E, pasmem, o BNDES, tão generoso com empresários privados brasileiros e com governos latinos e africanos, não se ofereceu para bancar o financiamento de tal esforço, parecendo, para muitos, que o Banco não pertence ao mesmo governo!

Se o leilão prosperar, o que todos os brasileiros de boa vontade torcem, tal fato pode abrir um “estradão” para as demais concessões e, fazer com que, até as obras de mobilidade urbana, pudessem se beneficiar de tal clima. Aliás, o acordo entre Obama e a Oposição, postergando a quebra dos Estados Unidos e os dados de crescimento da China, são dados adicionais que podem abrir espaços para um crescimento menhos acanhado do PIB brasileiro, no próximo ano!

Caso contrário, se o Leilão se frustrar, a insegurança jurídica ficará caracterizada e, 2014 só terá, de perspectiva, um pibinho bem menor do que o deste ano e, possìvelmente, uma inflação maior do que a que será apurada este ano!

2 Comentários em “O CAMPO DE LIBRA: QUAL A VERDADEIRA TRADUÇÃO?

  1. Excelente desabafo! Um verdadeiro grito de alerta pois os desafios estão mais nas instituiçôes do que nos homens pois estes passam mas as instituiçôes ficam!

  2. A meu ver, o Governo tem pressa. Pressa para mostrar resultados e, resultados, dependem de dinheiro, muito dinheiro. O PT, ou qualquer outro partido no poder, não podem esperar mais que quatro anos para vislumbrar investimentos vultosos de 15 bilhôes a curtíssimo prazo. FHC fez o mesmo com as telecomunicaçōes e as usinas de ferro. E… Hoje temos o maior índice de preço por minuto de celular do mundo! E a grana das vendas….sei lá onde foi parar.

    Infelizmente o Brasil, assim como a maioria de seu povo, não sabe planejar. Não conseguem entender que um País se faz a longo prazo, através da educação, da tecnologia própria, da estruturação de sua economia baseada no potencial de sua geologia e na capacidade de sua produção de bens, seja para consumo interno ou para o exportação.

    Se seguíssemos o exemplo da China, que esperou talvez mil anos para chegar no patamar atual, ou mesmo da Coreia do sul, que em poucos anos ascendeu aos primeiros lugares entre os países desenvolvidos investindo em tecnologia e pessoal especializado, estaríamos com certeza na frente dos europeus, que por um descuido estratégico, ou por burrice mesmo, está navegando no fundo do poço.

    Mas, o que podemos esperar desse Brasil! Dezenas de partidos! Parlamentares interesseiros que não tem pátria, a não ser a sua particular, individual, ou meros representantes de setores patronais, quase sempre corruptívas! O que podemos esperar desse Brasil de sindicatos retrógrados, onde patrões e empresários são bichos papões, inconsequentes, saqueadores e exploradores dos trabalhadores! Como se trabalhador fosse somente empregados do tipo estivador ou pedreiro.

    Tudo bem. Podem mudar as cabeças e os partidos. Mas, as instituições não. O grande problema neste País é que as instituições mudam conforme o mandatário. Se amanhã o PSDB tomar o poder, cinquenta mil cabeças vão rolar e sessenta mil vão substituir. E aí começa tudo de novo. Do zero. E aí, não conseguimos nunca andar pra frente. Aliás, sempre andamos um pouquinho, pois o nosso potencial é muito grande. Na verdade não perdemos, deixamos de ganhar.

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