O CERTO NO ERRADO!
Existem idéias e propostas que, aparentemente, buscando alcançar objetivos elevados, acabam gerando distorções ou criando o ambiente propício para que prosperem determinados traços na cultura e no comportamento de um povo, capazes de estigmatizá-lo, definitivamente.
Até um passado recente o Brasil, como um país aberto a todas as raças, etnias, nacionalidades e povos, assistia, sem preocupações maiores,prosperarem determinados quistos de excludência quando alemães imigrantes ou polacos ou outros grupos europeus, criavam comunidades como se fora um enclave, de seus países de origem, no Brasil. E aí eram comunidades onde o idioma oficial não era o português e se praticavam discriminações contra os próprios brasileiros. Por serem tão pequenas e localizadas tais manifestações, nunca foram objeto de preocupações maiores quanto a gerarem fraturas e divisões dentro do corpo social brasileiro.
Que o Brasil sempre foi um país aberto a que qualquer grupo ou etnia ou raça, isto era aceito e regra comum como traço característico da sua hospitalidade. Aqui todos podiam instalar sua própria tenda e o país os acolhia e os aceitava. Que só admitisse o casamento entre os seus, também era visto sem maiores críticas pelos brasileiros. Que existissem bairros inteiros de gente oriunda de um único país — o da Liberdade dos japoneses em São Paulo ou ainda o Bexiga, dos italianos, como exemplos — tudo isto era aceito e não se via com nenhum preconceito.
A única coisa que a sociedade brasileira nunca tolerou foi que, os valores que sedimentaram a construção da nacionalidade fossem posto em cheque. E que valores eram esses? A unidade territorial agindo o país, radicalmente, a qualquer manifestação regionalista de cunho separatista. A unidade cultural, sobretudo linguística, mesmo com os mores e costumes de cada região. A manutenção de sua origem racial — índios, negros e brancos e a miscigenação racial que daí resultou, mesmo com a existência de certos ranços de preconceito derivada da formação escravagista do país. E, finalmente, a tolerância religiosa, mesmo tendo sido um país històricamente formado sob a orientação católica, se permitiu o sincretismo religioso, onde, não só todos podiam professar as suas crenças sem serem perturbados, nem fossem desmantelados por radicalismos e fundamentalismos de quaisquer espécie. Aliás, a tolerância chega a tal ponto que católicos, protestantes, judeus, islamitas, etc. participam de cultos ecumênicos “numa boa”.
Não obstante isto, o que se tem assistido no Brasil é certas iniciativas ou o crescimento de certos movimentos capazes de quebrar esses elementos constituidores daquilo que poderá ser a base da única civilização dos trópicos com características especiais e garantidoras de sua estabilidade como sociedade.
O radicalismo fundamentalista de certas crenças religiosas e o aumento de seu poder econômico e político, pode levar a fraturas na sociedade marcada pelo ódio e o ressentimento.
O sistema de cotas raciais é uma aberração capaz de conduzir a divisões inaceitáveis em um país que, mesmo com a presença de ranços de certo preconceito, apesar disso não viu nenhum apartheid, a não ser aquele criado entre pobres e abastados.
Quando governantes falam contra a elite branca; quando se defende cotas para negros; quando escolas de São Paulo fazem restrição e criam dificuldades para o ingresso ou participação de “paraíbas”; quando nordestinos acusam a discriminação do “sul maravilha” ao nordeste, sem procurar entender que São Paulo, por exemplo, é a maior capital nordestina do País; quando se discute, até por ignorância, a possibilidade de o Nordeste poder ser uma região autônoma, ninguém pensa que se poderá estar plantando as sementes da discórdia e daquilo que é mais sofrido no mundo, que são os graves conflitos de etnias, raças, religiões e lutas separatistas.
E não é isto que se quer para o País. Mais e mais se deve estimular o amor pátrio, o respeito aos símbolos nacionais — o hino, a bandeira, a história, os proto-homens, a cultura — como forma de estreitar mais estreitar os laços de união dessa grande nação. Nação que tem seus erros, vícios, dificuldades, desvios de conduta mas que, apesar de tudo, vai em frente como um só ente.
E brasileiros são todos, sem exageros. Sem excessos com índios, pretos, pardos, católicos, crentes, presbiterianos, protestantes, recém-chegados que armaram a sua tenda recentemente, todos abrigados sobre os mesmos valores, princípios, orgulho dessa terra abençoada por Deus.
Portanto, não se deve permitir descabidas intolerâncias — ambientalistas e produtores rurais — índios e não índios; pardos e não pardos, através de legislações, atos e gestos que conduzam à divisão da sociedade. Combater desigualdades sim mas não promovendo mais desigualdades ou criando divisões que possam tornar-se insuperáveis na sociedade.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!