O CLIMA POLÍTICO COMEÇA A MUDAR …

O inesperado começa a produzir efeitos, notadamente, na rearrumação das forças políticas do País. Não que se imagine que tal fato provocará uma mudança radical e profunda nos mores e costumes políticos nacionais.

Também não se deva esperar que, de repente, mais que de repente, a corrupção deixe de ser quase endêmica e se torne mais pontual. Também não se deve imaginar que a impunidade seja reduzida nos próximos meses ou anos. Nem que o aparelhamento do estado, tão nefasto ao País, já, a partir de agora, comece a diminuir.

Claro está que se espera que mudanças no ambiente político, na ética de comportamento dos partidos e na discussão dos graves problemas nacionais, comecem, de pronto, a ocorrer no País.

É importante chamar a atenção para o fato de que tudo que ocorrer de bom se deva creditar ao inesperado gesto de Marina! Aliás, para os petistas, o gesto representou uma mera vingança contra o PT e contra Dilma e, para Dilma, representou uma grande ingratidão para com os ex-companheiros! Por outro lado, não se espera que tal episódio tenha o condão de permitir que se promova esse banho de novas práticas que, por certo, virá ocorrer no País, nem que seja lenta e gradualmente!

Outrossim é bom que se pontue que, a aliança construída entre Marina e Eduardo Campos, é a aliança do novo, do diferente e do sonho e da ambição. É, usando as palavras de um grande cientista político com viés de ambientalista, Sérgio Abranches, uma comunhão de idéias que, se a fogueira das vaidades e a ânsia dos apoiadores não prejudicar, poderá construir um verdadeiro pacto democrático, abrindo espaço para a construção de um presidencialismo de coalizão!

Mas é bom que se enfatize que a aliança está provocando um “rebuliço” danado nas hostes partidárias, como declarou o Líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. E o rebuliço começa no seu partido que, a partir de agora, se propõe a atualizar a fatura a ser apresentada a Dilma. Mas a fatura na será atendida só com liberação de emendas parlamentares e de alguns projetinhos para estados e municípios. O PMDB quer o Ministério da Integração Nacional que já foi dele. E o quer “porteira fechada”, isto é, com todos os cargos e penduricalhos que existam na instituição.

Se o PMDB já se manifesta explicitando os seus desejos e, por debaixo dos panos, insinuando que pode deixar aos diretórios regionais a competência para fazer os arranjos locais para fortalecer o partido, sem pensar em compromissos a nível nacional, os demais partidos da base começam a por as unhas de fora e, como é o caso do PP. Este não quer mais apenas o Ministério das Cidades mas, sim, um outro ministério ou outras compensações que garantam benefícios a serem apresentados aos correligionários. E, com justa razão pois foi o partido que mais ganhou deputados nessa dança das cadeiras.

E, para não falar nos novos aliados, no caso o PROS e o Solidariedade que, ou não assumirão o compromisso direto de apoio a Dilma ou estabelecerão uma neutralidade tendente a flertar mais com Eduardo e Marina, dependendo do andar da carruagem!

A coisa foi tão séria que Lula, por razões que não se sabe quais, que tem demonstrado uma simpatia especial por Eduardo Campos e, a recíproca parece ser verdadeira, declarou que, agora, o governador de Pernambuco que, não tinha condições de se alçar candidato a Presidente, agora é candidato “prá valer”.

E, por seu turno, nas oposições, Aécio pode rever seus planos e decidir ser candidato a governador de Minas e José Serra, talvez, resolva aceitar, mais uma vez, o desafio de ser candidato a Presidente da República ou, como parece mais provável, para complicar ainda mais a situação, estimule Alkimim a ser candidato a Presidente, saindo ele candidato ao governo de São Paulo.

Ninguém se surpreenda, dentro da conhecida forma de fazer política do PT que, com o estilo envolvente de Lula, o encantador de serpente, consiga um possível movimento dos institutos de pesquisa, notadamente do IBOPE! E, provavelmente, no afã de ser útil ao governo, apresente avaliação em que mostre que o ganho de Eduardo foi pequeno, que Marina não transferirá votos e que muitos ou a maioria dos consultados, apoiadores da líder da Rede, que queriam Marina como cabeça de chave resolva buscar o outro caminho!

Também o IBOPE pode trazer, surpreendentemente, até uma possível estabilização nas preferências eleitorais em relação à Dilma e mostrar queda ou uma tendência de queda de Aécio.

Os marqueteiros do PT são “experts” em produzir cenários desfavoráveis aos adversários e indicar ganhos de popularidade do governo, mesmo que tudo na economia esteja piorando e, no lado social, a desigualdade de renda tenha estancado de cair, os dados de saneamento sejam os piores possíveis e, recentemente, as universidades se mostrarem degringolando!

Ainda assim, de maneira brilhante, conseguem mostrar Dilma tirando proveito do que produz de pior os seus gestores e, ao invés de perder votos de aprovação, apresente ganhos de popularidade!

O certo é que para sorte do País, marqueteiro, por mais competente que seja, não ganha eleição e pode, até, temporiamente, seduzir e inclinar o eleitor para um lado mas, como mostraram as manifestações de rua, se o cidadão quiser ir para um lado, não adianta tentar conduzi-lo para o outro que ele não irá.

E parece ser esse o estágio que se encontra o País. Já e já a acomodação dos que se viram obrigados a mudar de legenda será alcançada e buscando a sua reeleição, como os palanques estaduais estarão sendo armados nos estados.

E, diga-se de passagem, o inesperado vai conduzir as alternativas políticas daqui para a frente e, começarão Eduardo e Marina, a propor o Presidencialismo de coalizão, estruturado em base programática ao incorporar a utopia dos sonháticos, enquadrando-os nos princípios da gestão pragmática e de resultado de Eduardo Campos, para construir uma agenda para o Brasil, capaz de vender, ao povo, esperança consequente!

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