O CONFRONTO DE ESTRATÉGIAS.
A estratégia de Serra já parece bastante clara para a maioria dos analistas políticos. Serra se assentou em três pilares básicos:
a) O “timing” das decisões relativas ao lançamento de sua candidatura, da exposição de idéias junto à mídia, da discussão do vice e da definição de palanques, seria de sua inteira responsabilidade, apoiado no seu “feeling” e na sua crença. Segundo os seus adversários, baseada na numerologia dos momentos mais adequados e oportunos;
b) Não aceitaria o jogo de Lula de ser o defensor do confronto de idéias entre a era FHC e o período lulista. Ao contrário, apropriando-se de uma idéia desenvolvida por Aécio, encarnaria o pós-Lula, ou seja, alguém que não iria contra a corrente, mas que, olhando para o futuro, buscaria aperfeiçoar as conquistas da era lulista;
c) Concordaria que toda a política econômica está certa nos seus fundamentos, apenas não aceita que o Brasil tenha a taxa de juros maior do mundo; que o déficit no balanço de transações correntes chegue a 49 bilhões quando antes tinha o País superávit e que não aceita os desperdícios de gastos de custeio abusivos que aumenta a dívida interna líquida e não dá espaço para o crescimento do investimento.
E, se tais pressupostos não bastassem, a sua idéia seria a de mostrar aos brasileiros que, no confronto de competências e experiências, ele é bem melhor do que a sua contendora.
Por outro lado, a estratégia de Dilma, a par de se buscar consolidar como o “Lula de saias”, buscará demonstrar que Serra, “um lobo em pele de cordeiro”, não é a figura mansa que procurar mostrar-se à sociedade e, diferentemente do que busca demonstrar, é um anti-Lula que, assumindo o poder irá acabar com o PAC, desmontar o Bolsa Família e voltar ao governo dos ricos e para os ricos.
A primeira coisa que preocupa Dilma agora é desconstruir o pós-lulismo de Serra e caracterizá-lo como o representante “do atraso, do preconceito e da elite branca paulista, contra pobres, trabalhadores, sindicalistas e nordestinos”. Ademais, procurará desmontar as ações de Serra dizendo que “até o apagão ao tempo de FHC” foi culpa da falta de planejamento, isto é, quando Serra era o Ministro do Planejamento de FHC. Numa recorrência ao passado, Dilma procurará demonstrar que os tucanos “quebraram o país, entregaram o patrimônio público a amigos e não conseguiram promover um crescimento saudável, a não ser o chamado vôo de galinha”. Com o PAC 2, Dilma continuará a dizer que ela está defendendo o aumento do investimento e continuando a notável obra de Lula. Ela se manterá sempre atrelada à imagem de Lula.
Serra, por outro lado, afirma que “nada de olho no retrovisor”, pois o povo não quer discutir o que já conquistou, mas sim, o que o amanhã lhe pode oferecer e proporcionar. Serra quer ainda cristalizar na cabeça das pessoas a idéia de que a sua experiência, a sua competência gerencial já demonstrada, a sua capacidade de articulação e negociação o caracterizam como o “mais preparado dos dois para exercer o papel de substituir Lula”.
E, já que Lula diz que todos no país são de esquerda, então Serra é um dos mesmos, e, portanto, não poderia sofrer restrições dos que querem a modernização e o crescimento, com justiça social.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!