O DEBOCHE TOMOU CONTA DO PEDAÇO!

 

Até bem pouco tempo, quem patrocinava, explicitamente, as cenas de escárnio e de deboche para com a opinião publica, era o Parlamento Nacional, com o seu espirito de corpo, a sua convicção de que a memória popular é curta e com a certeza da impunidade, a instituição promovia atos de desrespeito aos interesses e ideais que o povo dela deveria esperar.

Com certeza, nessa disputa de quem mais desrespeita e debocha do povo, já que hoje generalizou-se a prática entre os poderes da República, a velha classe política como um todo,  continua sendo a que mais apronta atos de vandalismo moral. Embora, diferentemente do Executivo e do Judiciário, tudo que ali se perpetra  se torna público. Isto porque  os parlamentos  são o poder mais transparente, mais aberto, mais desnudado e mais visível, e o mais fácil de ser atacado. Por não dispor do poder de retaliação como o Executivo e o Judiciario, nao tem instrumentos para responder a agressões e, por ser um poder que não tem meios de coerção e de ameaça e nem sequer de   “enforcement” de suas deliberações, é o mais exposto as criticas, as insatisfações e, na verdade, é uma espécie de Geni das instituições.

Não  tem como responder as agressões como é o caso do Executivo que, com total controle sobre os cidadãos e suas vidas, é usado, por quem o detém,  como instrumento, no mais das vezes, de perseguição política de desafetos. Se as seguidas atitudes de total descompromisso com os valores mais caros e com princípios elementares de ética e de atitude republicana eram, até bem pouco, privativos do Legislativo, o Executivo não fica atrás no patrocínio de  cenas de um total desrepeito ao povo como um todo. Não são  apenas a exposição e exibição de escândalos, aos borbotões,  perpetrados por todos e em todos  os níveis de governo e pelos mais diferentes agentes públicos,  mas a explícita má gestão dos negócios e das políticas públicas que tem se manifestado  em questões como a crise energética, os graves problemas da Petrobrás, as obras que não andam, entre tantos fatos caracterizadores dessa ineficiência e dessa precariedade.

Tudo o que se assiste de desmandos, de irresponsabilidade e de uma arrogância diante da própria incompetência,  perpetrados pelo Executivo, dão a sensação de que o País é feito de idiotas, uns conscientes e outros inconscientes. Claro está que não    existem apenas os idiotas que são a maioria dos cidadãos honestos, contribuintes e que, ingenuamente, esperam uma atitude digna de seus dirigentes e de seus lideres políticos. Mas há também e, principalmente, um grupo grande de aproveitadores, mamando nas tetas do governo e outros tantos, apropriando-se do prestígio que adquiriram, sabe-se lá como , junto aos detentores do poder, fazendo uso  e abusando do tráfico de influência para apropriar-se de valores e, na maioria dos casos, de propinas.

Até bem pouco a sociedade brasileira nutria-se de esperanças vez que, do Supremo Tribunal Federal vinha um sopro de perspectivas de resgate da moral e da decência no trato da coisa pública e na própria administração da justiça. Mas, tudo não passou de um sonho de uma noite de verão. Os ministros da Egrégia Corte concluíram, para perplexidade dos brasileiros, que os mensaleiros praticamente não cometeram crime algum, não formaram quadrilha e nem tampouco fizeram lavagem de dinheiro.

E,   provavelmente, se os nobres ministros tivessem podido ser mais explícitos, haveriam, talvez, quem sabe, terem concluído  como Lula, de que apenas o episódio tratou de uma praxe comum na política que era o chamado uso de caixa dois ou algo que o valha.

Agora,  numa ironia ainda maior, uma intensa propaganda do TSE,  Corte essa composta, na sua maioria, por Ministros do Supremo, convida a população para a festa da democracia e para fazer a maior e melhor eleição do país.  E, claro, para fazê-las mais legitimas e melhores, o Supremo decide que não se permitirá a doação de empresas para as campanhas eleitorais desse ano. E, num rasgo de ingenuidade, parece que os ministros não acompanharam o episódio de coleta de fundos,  por parte dos mensaleiros, para pagamento de suas multas numa clara demonstração, como afirmou o Ministro Gilmar Mendes, de que se operava ali lavagem explícita  de dinheiro.

Ou, se não era lavagem, então se tratava de participação de dinheiro de fontes discutíveis, nesse referido processo.

Assim o Supremo decidiu que, as empresas não doarão meios de maneira legal aos seus candidatos.  Assim a pergunta que fica é como ficarão as fontes de financiamento das campanhas políticas?  O que se presume deverá ocorrer é que se aprofundará o uso do  “caixa dois”, de um modo geral.  Os governistas irão garantir a eleição com verbas públicas doadas a prefeitos e com emendas parlamentares direcionadas para determinadas obras e serviços que garantam um “fee” pelos trabalhos do parlamentar. Ou seja,  o financiamento de campanha, sob as bençãos da justiça, far-se-á da forma mais suja e nefasta possível, pelos expedientes das coletas como fizeram os mensaleiros, pelo caixa dois, pelas verbas públicas e pelas emendas parlamentares, alem de uma parcela, pelo fundo partidário.

Assim, confirma-se a idéia de que se vive num mundo onde nada é sério, nada é honesto ou nada  é eticamente aceitável. E o pior é que não há a quem recorrer diante de escândalos, desvios de comportamento, corrupção explícita, cinismo descarado.  E, até os presumidamente mais sérios aparecem, perante a sociedade, com a maior cara de pau buscando explicar ou justificar o inexplicável, como é o caso dos André Vargas,  dos dirigentes da Petrobrás, dos líderes na Câmara e no Senado e dos porta-vozes da Presidente!

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