O ESTRAGO NA SOCIEDADE É BEM MAIOR DO QUE SE PENSA E SE IMAGINA!
Quando se intenta avaliar o chamado estado das artes no Brasil, a tendência é ou simplificar o quadro e admitir que bastam alguns ajustes e consertos aqui e ali e o pais volta ao rumo, o ambiente melhora e as coisas retornam ao ritmo que tiveram até um passado não muito distante. Ou, numa visão altamente pessimista, admitir que nada há a esperar de bom diante de um quadro tão confuso!
O que se tenta acreditar é que, na verdade, nada de mais profundo aconteceu, nos últimos anos com a sociedade e, portanto, bastariam alguns ajustes e, pronto, o pais entraria nos trilhos, a confiança seria reestabelecida e o otimismo seria recobrado. Mas, depois de uma reflexão crítica mais profunda e séria, chega-se a conclusão de que os estragos na visão, na perspectiva e no comportamento da sociedade, foram significativamente maiores pois, o que se conclui é que foram treze anos construindo idéias desencontradas, conceitos equivocados e fomentando uma divisão inaceitável da sociedade, fatos esses que deixaram marcas indeléveis!
Na verdade a frustração e o desencanto com aqueles que se colocavam como detentores de uma nova ética para o País e prometiam um tempo de equilíbrio, de justiça e paz social, parece mostrar que eles só estruturaram tal discurso com o intuito de arregimentarem os apoios e garantirem as lealdades. , pois o que se assistiu foi a própria destruição de todo um sonho que seria a idéia de que aqui se poderia estar forjando uma sociedade alegre, pacífica, tolerante como aquela que nos legou a miscigenação racial, o sincretismo religioso, a unidade cultural e uma presumida natureza de cordialidade do brasileiro, característica que foi vendida a todos os cidadãos desde país!
O país alegre do Carnaval, da mulata izoneira, do futebol; o país que ria da sua própria desgraça e com um senso de humor sem limites, cortês e amável, parece que já não existe mais. O que sobrou foi um país amargo, com nervos à flor da pele, pessimista e, acima de tudo, marcado pela violência! Não só a violência promovida pelo crime organizado ou pela precariedade do modelo de segurança pública do país, mas pela radicalização das divergências de opiniões, de idéias e de opções doutrinárias ou ideológicas, ficaram como marcas desses cruéis novos tempos.
E o que é mais grave, radicalizou-se de tal forma os confrontos de idéias e opiniões, desmontou-se e destruiu-se o clima e o ambiente pacífico e ordeiro do qual o país era pródigo que hoje já não há mais espaço para o diálogo e para a convivência dos contrários.
Aliás, talvez num erro de perspectiva e avaliação ninguém levava a sério quando os petistas falavam em colocar o exército do Stedile na rua ou quando se dizia que os movimentos sociais armaram-se para impedir que o poder fosse tomado de quem o ocupa, fazia mais de treze anos!
Todos imaginavam que tudo fosse apenas força de expressão ou uma busca de tentar intimidar aqueles que já se sentiam ameaçados, não apenas pela invasão de terras e de propriedades, mas também pelos atos de vandalismos nas manifestações públicas e por excessos nos confrontos entre grupos divergentes.
Na verdade, mais grave do que o clima tenso e tendente a violência que se instalou no País, o que mais preocupava e preocupa é a descrença generalizada em tudo e em todos, notadamente no meio dos jovens. Há um sentimento de que nada mais há a fazer caso não se destrua e desmonte tudo o que há de podre e malcheiroso que prevalece no processo político-institucional brasileiro.
Ou seja, com as elites dirigentes que estão aí, para esses jovens, não há salvação e nem saída para a nação. A única alternativa é limpar o espaço hoje ocupado pelas elites econômicas e politicas e implantar uma nova ordem a partir de valores éticos e morais, de compromissos com a cidadania e com o espirito republicano, distinta da que hoje se pratica.
Alimentados por esse magnífica “ágora” que são as redes sociais que já demonstraram a sua força e o seu poder de mobilização e aglutinação ao promoverem, entre outras, a primavera árabe e, dizem, a própria eleição de Obama, os movimentos dos jovens no Brasil, como de resto em todo o mundo, são desencontrados e não controlados por qualquer líder, partido político, ideologia ou movimento articulado e movido por alguma idéia-força!
Na verdade, é mais o retrato de um universo em desencanto ou de uma sociedade que não sabe para onde vai, como vai e com que sonha! O momento é de uma extrema preocupação porquanto não se tem noção de que idéias deverão ser levada ao povo em geral e aos jovens, em particular, pela disputa de poder dos grupos politicos hoje na arena ou no palco dos acontecimentos, além da atitude que não se sabe, seguirá a mídia.
Por outro lado, o denuncismo tomou conta do Pais. Todo mundo está sujeito a denúncias, a processos investigatórios e, da forma como age a mídia, denunciados ja são considerados culpados ou, pelo menos, desnudados, desmoralizados e achincalhados pela mesma mídia.
Esse clima não favorece que se exclua o joio do trigo assemelhando-se mais a um clima de revolução francesa onde alastra-se o terror ao invés de representar um processo de revolução de costumes e de valores.
Assim, é difícil antever o que será deste imenso pais, com um presidente interino, com a maioria dos políticos apenados, denunciados, pronunciados e investigados; com as grandes empreiteiras hoje desmanteladas e seus donos e profissionais presos; com um grupo grande de empresários temendo o que sairá das investigações do BNDES e dos Fundos de Pensão; com os movimentos sindicais contrários a qualquer tipo de reforma institucional e com uma sociedade exausta de tantos escândalos e de tantos problemas.
O cenarista sempre foi um otimista embora, diante de tais avaliações, talvez seja difícil antever um ambiente que se descortine com mais favorabilidade ou, pelo menos, com uma nesga de otimismo. No entanto, o país precisa de algo que lhe devolva a confiança nas instituições e a esperança de que as coisas, amanhã, serão melhores! Não dá para viver mergulhado na tristeza, no pessimismo ou mesmo, na revolta. Há que levantar, “sacudir a poeira e dar a volta por cima”.
E, olhando com mais boa vontade o quadro, avaliando a determinação demonstrada pelo Presidente, a qualidade técnica de sua equipe econômica e a habilidade política de seus auxiliares mais próximos, é possível, aos poucos, intentar descortinar novos e mais otimistas horizontes.
Diante das medidas propostas e da aprovação do déficit de 170,5 bilhões para este ano, pelo Congresso Nacional, dando tranquilidade aos gestores de não verem suspensos ou sustados gastos e despesas em decorrência da inexistência de orçamento. Com isso o clima começa a parecer que vai mudar.
A prova disso é, por exemplo, o artigo de Armando Castellar, publicado no Corrreio Brasiliense de hoje, 25 de maio, quando o mesmo, um importante representante da academia, apresenta, de forma favorável e otimista, os três grandes eixos da nova política econômica do governo Temer. Inclusive chama a atenção para o papel que deverá desempenhar a MP 727, que abre uma nova perspectiva para os investimentos em infraestrutura e a possibilidade de acelerar privatizações, concessões e parcerias público-privadas.
Avaliado o quadro nessa perspectiva, em breve gerar-se-á uma descompressão na sociedade, criar-se-á um ambiente mais propício aos negócios e estancar-se-á o crescimento do desemprego e da queda da renda real.
Se as medidas adicionais já antecipadas por Michel, prosseguirem e se concretizarem, aí é possível que se consiga fechar o ano com uma inflação de 6,5% e um desempenho menos dramático de queda do PIB, além da possibilidade de já crescer alguns coisa em 2017!
E, por que crer que isto possa acontecer, num quadro de desilusão e de desencantop tão grandes? É porque não há como admitir que como diz o conterrâneo do cenarista, o deputado Tiririca: “pior do que está, não fica”!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!