O INFERNO ASTRAL DE DILMA!
Circula, basicamente, entre os formadores de opinião, a ocorrência de um possível desentendimento entre Lula e a sua candidata Dilma Roussef. Dizem que o que levou a uma profunda insatisfação e desânimo de Lula foi a constatação da reação negativa de Dilma, diante da busca de Lula de protegê-la, certo que estava ajudando a candidata.
O Presidente achou, no jeito bonachão que o caracteriza de, num determinado evento, dizer que Dilma era um “Lula de saias” e que o público presente tivesse a certeza que seria ele que estaria “mandando” no próximo Governo. Tão somente uma atitude de quem queria ajudar, da forma mais intensa possível, a uma candidata “inventada” por ele. Acrescentou ainda que as possíveis falhas e equívocos que porventura ocorressem no governo Dilma, ele estaria presente para saná-los. Assumiu, um pouco, os ares de todo poderoso, talvez mais como boa-fé do que por arrogância.
Segundo tais especuladores e forjadores de cenários possíveis ou de meras fantasias, Dilma, do alto dos seus 39 por cento de preferências além do fato de que, depois da ultima pesquisa, tanto do IBOPE como do DATAFOLHA, onde se verificou um empate técnico entre os dois candidatos, começou a achar que já conseguia encantar o eleitor e, aparentemente, poderia ensaiar vôo solo! Também Dilma, mais do que o seu principal adversário, ficou deveras impressionada com o fato constatado na mesma pesquisa, de que a taxa de transferência de votos de Lula para ela, reduziu-se de 14 para oito pontos percentuais! Ou seja, como que o seu nome, no caso de Dilma, estaria cristalizado e o que tinha que ser capitalizado, em termos da proteção de Lula, já devia estar contabilizado como parte desses atuais 38 ou 39 por cento, alcançados pela candidata de Lula.
Por outro lado, a dura reação de Dilma à tutoria e monitoramento de Lula, parecia que tinha como objetivo fugir da pecha que lhe querem colar de marionete ou de boneco de ventríloquo de Lula. O fato é que Lula tem demonstrado, pela leitura de algumas reações e atitudes, bem como de declarações recentes, de que anda cansado, chateado e enfastiado, segundo alguns amigos mais próximos, com o final do mandato e com a própria candidatura de Dilma. Talvez, desgostoso com o “andar da carruagem” da campanha e da forma com que Dilma e os seus fieis escudeiros, estão a tratá-lo, é que, possa explicar esse inexplicável e inoportuno périplo africano, inclusive, encerrado com um melancólico adeus a África do Sul, sem assistir a final definidora do Campeão Mundial.
A experiência de haver deixado Dilma sem a sua proteção, durante o período que a mesma esteve no exterior e, nessa semana, deixada “lançada aos leões”, parece que teve o propósito de mostrar, a candidata, a sua fragilidade no responder as criticas dos concorrentes; a antipatia já manifesta da mídia – nunca bem tratada pela candidata e “expulsa” de seu contacto, bem mais próximo, quando da sua viagem européia; – além das “estripulias” dos seus não tão fiéis escudeiros, pois que os mesmos tem se mostrado mais leais às suas convicções ideológicas do que ao projeto de garantir a eleição de sua candidata. Ou, talvez, a atitude da equipe de Dilma que, pelo excesso de “salto alto” e inexperiência no conduzir o projeto eleitoral, tenha produzido cansaço e esse ar de enfado de Lula.
Uma das ilações relativa a um certo descaso de Lula com relação a Dilma, deriva de algumas declarações e decisões tomadas por ele, ultimamente. Ao ser indagado sobre os problemas que estão sendo levantados em relação à Copa a ser realizada no Brasil, disse que o problema não é dele, mas, do próximo Presidente! Também Lula decidiu que não se licenciará para fazer campanha, pois não pode fugir de suas responsabilidades como Presidente da Nação. Dedicará, como permite a lei, os sábados e os domingos e não irá a estados onde a candidata esteja apoiada por duas coligações, ou seja, onde existam dois palanques!
Diante da possível fragilização de Dilma, notadamente no famigerado episódio do já chamado “programa de governo Porcina: aquele que foi sem nunca ter sido”, apresentado ao TSE, até mesmo a pacifista Marina Silva tomou ares de beligerância ao afirmar que “quando as alianças não são feitas com base em conteúdo, a gente, às vezes, passa por uma situação vexatória”, como a que passou Dilma. Como é sabido, na primeira versão apresentada pelo comando da campanha de Dilma, além de não considerar as idéias do PMDB e reproduzir, praticamente, o Programa Nacional de Direitos Humanos, cujas propostas geraram conflitos enormes, com quase todos os segmentos da sociedade brasileira, teve que ser substituído, às pressas, por uma versão “light” elaborada por Palocci.
E Serra aproveitou para alfinetar dizendo que “o povo aceita o lulismo, mas não aceita o petismo. Desde a eleição de 2006, viu-se um notável distanciamento entre o que representa Lula e as bandeiras do PT”. E o mais grave para Dilma é que está ficando patente, para muitos analistas, que fica parecendo que ela, ao chegar ao Poder, será controlada pelo petismo, dividido entre a parte dominada pelos ideológicos radicais – Franklin Martins, Luis Dulci, Marco Aurélio Garcia, Samuel Pinheiro Guimarães, Paulo Vanucci, Valter Pomar, Tarso Genro, entre outros – e os chamados pragmáticos, expertos e sabidos – José Dirceu, Antonio Palocci, João Paulo, José Genuíno, Virgílio Guimarães, Professor Luisinho, Cândido Vacarezza, Marta Suplicy -, além de aliados ambiciosos e gulosos que, sabendo da falta de jogo de cintura de Dilma e da falta que farão os quarenta anos de estrada e de experiência, em termos de negociação, de Lula, apresentarão faturas impagáveis e gerarão crises institucionais permanentes.
Vai ser difícil a Dilma recuperar a credibilidade e restaurar a confiança, diante de tantos erros, equívocos e atitudes, pouco corretas, que imputam a ela e aos seus assessores mais diretos. Vai ser difícil, sem o monitoramento de Lula e de uma tentativa de “industrializar” uma certa humildade, para poder entender que ela, por enquanto, é apenas uma invenção de Lula.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!