O PROCESSO MARCHA. MAS, PARA ONDE?
Alguns analistas políticos, diante das escaramuças dos contendores principais, em termos de sucessão presidencial, acreditam e, até aceitam, a idéia de que não há campanha eleitoral sem baixarias, sem trombadas, sem agressões e sem ofensas. Aliás, alguns até a defendem nesse diapasão, na proporção em que esse “lavar de roupa suja”, em assim ocorrendo, expondo as vísceras de cada postulante, pode conduzir a uma maior transparência do processo e a um melhor conhecimento da alma e do caráter dos candidatos. Dentro dessa perspectiva, a tendência da campanha que se avizinha é que, diferentemente do que imagina o eleitor melhor formado e melhor informado, a discussão das chamadas propostas ficará, quando muito, na sua enunciação e, apenas, em formulações adjetivas.
A oposição tem encontrado enormes dificuldades para formular um conjunto de propostas ou, até mesmo, uma idéia-força capaz de sensibilizar os milhões de simpatizantes oriundos do bolsa-família, dos aposentados, dos beneficiários do antigo Funrural e da agricultura familiar bem como de outros segmentos populares. Essa mesma oposição, neste momento, começa a encontrar problemas e desafios, em sendo o seu candidato José Serra, não só pelo dilúvio que se abate sobre São Paulo e, até mesmo, pelas notórias divergências passadas entre Serra e os empresários paulistas, máxime os do setor bancário e financeiro. Diga-s de passagem, tais segmentos , como se sabe, vivem em plena lua de mel com Lula e sua equipe!
Na verdade, as dificuldades da oposição parecem tão sérias quanto as da situação, muito embora, nos últimos dias, o excesso de exposição à mídia, por parte de Dilma e, a agressividade de Lula na condução da campanha de sua candidata, poderão já ser verificados nas próximas pesquisas. Dilma já deverá aparecer melhor posicionada porquanto, máxime no Nordeste e em Minas, as incursões de Lula têm sido mais agressivas e visíveis.
Segundo dados recentes de pesquisa de opinião realizada no Rio de Janeiro, Dilma já apareceria empatada com Serra – 27% a 26%! – o que, diga-se de passagem, é bom para ambos e não define ainda qualquer tendência. Aliás, para os tucanos, 27% para Serra, no Rio de Janeiro, sem ter palanque e apenas a possibilidade de dividir o palanque de Gabeira com Marina Silva, se caracteriza como um notável resultado, máxime por Dilma ali contar com o apoio do Governador e do Prefeito Eduardo Paes. Aliás, avaliações de opinião do Rio de Janeiro devem ser examinadas com bastante cautela, pois o Rio é muito mais um estado de espírito do que uma unidade da federação. Mas, a ousadia de Lula tem levado a que, no Nordeste, a transferência de votos de Lula para Dilma está passível de ocorrer haja vista que, em recente pesquisa realizada pela Tv Bandeirantes, em Pernambuco, Dilma aparece com 53% enquanto que Serra só atingiria os 23%. Mais uma vez é bom ser cauteloso com os números vez que, ainda não tendo sido indicado o candidato a vice de Serra, a tendência é que, quando tal ocorrer e, se por acaso, for, por exemplo, Tasso Jereissati, a coisa pode mudar de figura.
Por outro lado, considerando ser o Rio o paraíso dos aposentados, dos militares reformados e apresentar um nível de renda elevado, os contenciosos criados com a Igreja, com os militares, com o agronegócio, com a mídia, entre outros segmentos da sociedade, poderão representar enorme prejuízo para Dilma na proporção em que, sendo ela a mãe de todas as iniciativas do governo Lula, sendo ela a gerentona do Planalto e a figura política a quem todos os ministros e subordinados do governo Lula prestam reverência, a tendência é de que haja uma leitura de que todas as iniciativas passaram pelo crivo dela e, quem as produziu, foi gente dos movimentos de esquerda levados por ela para o Palácio do Planalto. Ou seja, Dilma deverá dar explicações sobre o Programa de Direitos Humanos, sobre as propostas stalinistas da Conferência Nacional de Comunicação, sobre os novos critérios para o Bolsa Família, sobre a distribuição dos royalties do pré-sal, sobre a Consolidação das Leis Sociais, sobre a Lei de Responsabilidade Social, e ainda, de quebra, sobre o caso Batistti, sobre Zelaya, sobre a disputa de prestígio entre o Brasil e os Estados Unidos no Haiti, além de “otras cositas más”.
Como o jogo só está começando, por enquanto, é só especulação, sem argumentos factuais e sólidos.
Máximo,
Paulo estava no Ceará, no interior. Vou passar a sua idéia para ele que acho bem objetiva e interessante além de prover dividendos eleitorais.
Tio Paulo,
gostaria de dar uma sugestão ao Paulo Henrique com relação ao Ceará.
Como o senhor sabe, trabalhei durante 5 anos na área de eventos da Sociedade Brasileira de Cardiologia e sempre questionei a não existência de um centro de convenção e de uma rede hoteleira capaz de abrigar o Congresso Brasileiro de Cardiologia no Ceará – informação do corpo técnico da SBC.
Desculpe se falo alguma bobagem, mas minha sugestão é que o Paulo Henrique encabece um movimento pela construção desse centro de convenções. Um evento do porte do Congresso Brasileiro de Cardiologia leva à cidade sediadora, uma média de 6.000 médicos e emprega diretamente mais de 5.000 pessoas.
Um abraço do sobrinho.
Max