O QUE ROLA AQUI E ALHURES!

Aqui, a pesquisa, as bondades e o crescimento chinês!

Um novo indicador de expansão econômica, desenvolvido pelo Banco Central, o IBC-BR ou Índice de Atividade Econômica, calculado pela instituição e que servirá de base para definição das taxas de juros básicos do País, mostrou que no primeiro trimestre de 2010 o crescimento econômico do país imitou a expansão chinesa, tendo alcançado 9,85%, quando comparado ao crescimento do mesmo trimestre de 2009!

Se a notícia é auspiciosa, por uma parte, ela assusta diante do conjunto de restrições e limitações da economia brasileira para suportar tal pressão sobre a sua infraestrutura – a logística brasileira está em significativo atraso -, a logística de apoio ao setor produtivo nas áreas regulatórias, burocrática e fiscal, além da incapacidade de superação, em tempo hábil, das restrições derivadas da falta de pessoal técnico qualificado – nos últimos anos, reduziram-se as vagas na educação formal de jovens entre 18 e 24 anos, em 4%, além de dificuldades na área ambiental.

Por outro lado, começa a inquietar muitos economistas o fato de ter se ampliado, bastante, o “saco de bondades” do poder público onde, além de gastar mais que os países da OCDE com pessoal no serviço público – aqui 12% e enquanto lá, 11%! -, o Brasil começa a ultrapassar os países ricos com gastos previdenciários, mesmo sendo mais pobre e tendo menos idosos! Se o aumento de 7,7% para os aposentados for mantido e cair, de fato, o fator previdenciário, o impacto imediato nas contas da previdência será um aumento, no déficit, de mais 12 bilhões de reais ao ano!

Se se considerar que ainda não se mensurou o impacto do aumento da licença maternidade de 3 para 6 meses; a licença, para o pai acompanhar filho menor de 12 anos, em caso de doença; a licença concedida para casar, que deve ser aumentada de 3 para 5 dias; a licença de dois dias para alistamento eleitoral; a licença de dois dias quando do falecimento de parente direto – cônjuge ou filho – além da licença paternidade, quando do nascimento de filho, aí a coisa engrossa!

Se também se levar em conta que, em cima da proposta do governo de conceder 3 bilhões, em termos de renúncia fiscal para ativar a economia, os parlamentares, com as suas 46 emendas terem aumentado tal valor, aí os dados são bem desvantajosos e não bastará o corte de mais 10 bilhões no orçamento para a coisa ficar mais tranquila. Ademais, com o aporte de recursos do Tesouro para o BNDES, que fez aumentar a dívida interna líquida para 1,6 trilhão de reais, os problemas tendem a ficar mais difíceis para um adequado equacionamento.

Na verdade, mais uma vez, daqui, humildemente, adverte-se as autoridades formuladoras das políticas públicas do País, de dois desafios maiores para que o Brasil possa usufruir do seu bom momento e dos possíveis bons e favoráveis ventos internacionais, em termos de orientação do fluxo de investimentos para o País. O primeiro, são medidas destinadas a por em ordem as finanças públicas e garantir a manutenção dos fundamentos da economia. O segundo, é um exame crítico dos gargalos, de todo tipo, que poderão ameaçar as chances de um crescimento seguro, dinâmico e sustentável da economia nacional.

Se o assunto é político, os resultados da pesquisa Datafolha, mostrando a dianteira de Dilma sobre Serra, começam a assustar alguns mais temerosos não só do jeitão autoritário, das más companhias – os bolivarianos socialistas! – e da fúria estatizante da própria ministra e, todos sabem, do seu séquito. Na verdade, a dianteira em termos de pesquisa estimulada e espontânea; a redução do seu índice de rejeição; o fato de ter espaço para crescer por ser menos conhecida que Serra; a indicação, pelas simulações, de que também poderia ganhar no segundo turno, começou a preocupar os tucanos.

Isto porque Dilma conseguiu um arco de alianças partidárias maior; dispõe de mais tempo de televisão; conta com um cabo eleitoral extremamente dedicado e que cresce, ainda mais, em prestígio popular e, ainda por cima, adota um discurso que se acomoda às circunstâncias num pragmatismo que, eticamente, pode ser até discutível, mas, que, dentro do objetivo que se propõe a ministra e o seu grupo, de que o importante é ganhar, está dando os resultados esperados e desejados. Basta verificar quanto ao ajuste às circunstâncias. O discurso de Dilma Rousseff para investidores, em Nova York, afirmou, de forma peremptória, que as conquistas do Brasil de hoje se devem aos vinte anos de governo e que preservará tudo o que se fez em termos de fundamentos da economia além de garantir, para tranquilidade dos mais conservadores, de que o seu homem forte, na Casa Civil, ou para cumprir o papel que cumpriu no governo Lula, será Antônio Palocci. Com isto ela vai desconstruindo a imagem de socialista bolivariana e vai superando as desconfianças dos segmentos mais conservadores e mais tradicionais. E o que fará Serra, agora? Qual a estratégia para conter a expansão de Dilma?

E, alhures? A crise avança!

As desavenças entre os membros da Zona do Euro são significativas. Muita gente não gostou da atitude de Angela Merkel que não consultou ninguém para adotar as medidas contra o sistema bancário-financeiro, com vistas a conter a especulação financeira.
Também, muitos não gostaram do apoio dado à Grécia que, ao que se sabe, deverá se estender a Portugal e a Espanha, considerando que a Grécia maquiou a sua contabilidade pública; é perdulária ao pagar 14º salário e permitir aposentadoria aos 53 anos de idade e, depois de todas essas extravagâncias, dela não foi cobrada que faça sacrifícios maiores, por exemplo, que venda algumas ilhas para pagar o preço da sua irresponsabilidade histórica. Na verdade, aparentemente absurda a idéia, mas quando Nova York quebrou, foi obrigada a vender alguns bens que consubstanciavam o seu patrimônio público para organizar as suas finanças.
Ademais, quando Angela Merkel diz que o euro corre perigo, acena com um diagnóstico de que a união européia estaria por um fio o que, para muitos, só contribui para aprofundar a crise e impedir uma ação mais coordenada.

O que se está cobrando é que, mesmo sendo extremamente difícil ter uma “governança” atuante e objetiva, para 27 estados nacionais, pelo menos que as ações venham a ser, democraticamente, discutidas, para que se estabeleça um mínimo de coordenação das ações.

Os americanos que, aparentemente, tudo podem, para as reformas profundas que estão propondo como mais poder ao Federal Reserve e proteção aos pequenos investidores, entre outras, discutiram, com a sociedade, durante dois anos tais propostas!

Portanto, para que a crise européia não se agudize, fundamental é que as ações sejam melhor coordenadas e que se aprofundem as ações de saneamento das economias em crise e se concerte um conjunto de medidas de regulação, em conformidade com o que está a adotar os Estados Unidos. Só assim a crise não se torna endêmica e não contamina o resto do mundo.