O QUE SE PODE PROPOR PARA ENFRENTAR AS SECAS?

As secas, teoricamente, caracterizam-se pela baixa precipitação e, fundamentalmente, pela sua irregularidade. O mais grave é a irregularidade, não só na quantidade da precipitação mas, basicamente, na sua frequência.

O problema torna-se mais grave quando a sua ocorrência se verifica em anos seguidos, gerando quw redução na capacidade de acumulação dos reservatórios e na não recarga dos aquíferos subterrâneos!

No Nordeste o fenômeno é marcante e tende a desorganizar a vida das pessoas, desestruturar a atividade produtiva, descapitalizar agricultores além de reduzir as perspectivas compensatórias da ajuda dos governo.

Ademais, a baixa da água nos reservatórios, conduz a perda de sua potabilidade porquanto a salinização de seus depósitos, no porão dos açudes, ou seja, a água residual na base de tais reservatórios, tende a apresentar níveis elevados de salinidade.

O drama maior de tais secas periódicas, máxime como agora se dá no Nordeste –só no Ceará, dos seus 184 municípios, mais de 170 estão em estado de emergência e, 12 deles, em situação de colapso, é o fato de requerer ação emergencial e urgente, para garantir água para o povo beber! E isto é, aparentemente, simples mas requer uma logística e uma capacidade gerencial muito mais complexa do que se imagina! A água que ora vem, de forma racionada, através de carros-pipa, ou através de adutoras emergenciais, já em construção, pelos governos dos estados nordestinos, ainda é algo que gera tensões e problemas, nos períodos de grave estiagem como agora.

A desorganização da vida, das atividades produtivas e a precariedade da própria sobrevivência das populações, em tais épocas, clama por uma formulação de estratégia que, de uma forma definitiva, permita o equacionamento do problema, não só na sua perspectiva emergencial, mas também, aquela destinada, a, de fato, estabelecer uma regra pacífica de convivência com os problemas dela advindos. É fundamental lembrar que, o processo desorganizativo das secas destrói os rebanhos dos pequenos criadores, impõe elevados custos aos médios e grandes pecuaristas, em face da necessidade de transferir seus rebanhos para áreas em estados não afetados pelas secas bem como provoca resultados econômicos cessantes nos período e seca! Ou seca, a seca desorganiza, descapitaliza e desestimula o agricultor!

É preciso e crucial, em primeiro lugar, garantir água para o povo beber! Essa é uma questão dramática e urgente! E, há três ações que podem ser listadas para o encaminhamento da questão no curto prazo. A primeira são essas adutoras tubulares, de encaixe rápido, que podem ser montadas em noventa dias, para distâncias de, até, sessenta quilômetros.

Além de tais pequenas adutoras, o programa de cisternas individuais e residenciais deve ser muito mais agressivo e garantir, para a maioria das famílias dispersas no meio rural, água de beber para os seus membros.

Finalmente, faz-se mister, urgentemente, incorporar a tecnologia israelense de dessalinização de poços artesianos haja visto que, só no estado do Ceará são cerca de 1700 dessas unidades hoje sem nenhum aproveitamento, face a sua imprestabilidade para uso humano.

Se tais medidas emergenciais, devem ser tomadas agora, não se pode permitir que projetos como a Transposição das Águas do Rio São Francisco não andem e prejudiquem projetos extremamente interessantes como o do chamado cinturão das águas, no Ceará que, da forma como está concebido, não só permite a integração de bacias hidrográficas, como garante a recarga estratégica das barragens atuais e contribui para que se minimize a perda de água derivada do efeito da evapo-transpiração.

Também, tal Transposição talvez permita, de uma vez por todas, viabilizar os projetos de irrigação espalhados pela área de influência de tais barramentos, porquanto, muitos deles, não são hoje sustentáveis, não só por falta de uma oferta adequada de água, mas também, em função do modelo de exploração e do tipo de opção de cultura selecionada para exploração, que se adotou, em alguns deles, até agora!

Adicionalmente já deveria o Governo está estudando a Transposição das Águas do Rio Tocantins que, pela sua posição estratégica, menores limitações em termos de afetação em períodos de secas e maior volume disponível de água que pode ser desviada que o São Francisco, representa alternativa adicional para garantir, não apenas água para o povo beber mas, também, para os animais e para as culturas.

Por outro lado, os programas compensatórios de renda, que foram e ainda são tão fundamentais para a redução da miséria e a redução de desigualdades, deveriam passar da fase de mera inclusão social para um notável esforço de inclusão política, fazendo com que os seus beneficiários tenham a convicção de que, só a garantia do pão para a sua sobrevivência mais imediata, não é o suficiente para a verdadeira conquista da cidadania mas, se se acrescentar a tal uma formação técnico-profissional, isto lhe garantirá a efetiva sobrevivência condigna.

Agora, tudo isto, deveria ser, não apenas uma ação emergencial do poder público, mas uma efetiva política de governo, integrando os três níveis, com instrumentos, metas e prazos determinados, bem como com recursos garantidos, para que se termine de vez com “essa agonia” que se repete, de forma vexatória, ano após ano.

Não dá mais para aguentar! Está na hora dos manifestantes irem as ruas para cobrar que se acabe de vez com a enganação que é a política de combate às desigualdades sociais proclamada pelo governo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *