O RIO: CIDADE QUE SEDUZ A TODOS!
” TUDO VALE À PENA SE A ALMA NÃO FOR PEQUENA”, Fernando Pessoa
Sonho de consumo, dizem as más línguas e os preconceituosos, é aspiração de negro, de pobre ou de nordestino. Gente Fina não sonha: compra, assume e vai em frente, sem olhar para trás! E, no caso da idéia de sonho de consumo, quando a combinação é de pobre e nordestino, aí é que se amplia essa faceta da aspiração pessoal que mostra, segundo tais analistas da condição humana, um efetivo e grande complexo de inferioridade. O cara quer se mostrar pertencente à uma classe ou a uma categoria distinta da sua origem!
O cenarista sente-se como uma espécie de expressão dessa aspiração, notadamente fazendo parte daqueles nordestinos que sempre sonharam, tornando real-concreto a magia de ter um ponto onde se arranjar ou onde pousar na Cidade Maravilhosa. Ou seja, representa um espécie de uma atitude de novo rico quando não, ele se transforma numa espécie de alpinista social.
E o Rio de Janeiro representa mais do que a aspiração de sair da inospitalidade da região e descobrir a cidade grande ou, no caso específico do Rio, vir para essa que, para os brasileiros, é uma espécie de cidade luz. E, na verdade, a terra de São Sebastião é algo muito além desse alento de viver numa nova terra ou numa espécie de eldorado. E o Rio é tudo e mais que isto, não só pela sua beleza plástica, pela exuberância de seu relevo, quase que encenando uma bela coreografia onde mar, montanhas, vales e céu, numa dança orquestrada, fazem com que tudo conspire para construir paisagens e momentos inigualáveis e inesqueciveis!
Se isto não bastasse, o carioca, esse tipo único, torna o Rio leve, alegre e prazeiroso pois a cordialidade, a afabilidade e um pouco jeito italiano de ser – barulhento, irresponsável, transgressor, não gostando de pagar imposto e nem cumprir regras e leis! – torna essa paisagem a mais agradável que um cidadão pode conhecer e experimentar. Aliás o carioca é uma mescla de imigrante italiano, de baiano, de português e tenta exercitar a esperteza dos mascates turcos, aliás, parece que, sem muito sucesso!
O Rio tem mistérios que se escondem atrás de tudo que se vê. Por que o Rio é, também, para o cenarista, o espaço privilegiado da verdadeira prática da cidadania! Aliás, uma cidadania sem ser certinha, a la Suíça, onde, em tal caso, prevalece o que se pode denominar de monotonia da normalidade! Aqui a cidadania é plena, sem perder a alegria de conviver, de curtir e de viver. Ela é exercida na sua plenitude ! Isto por conta de algumas características que são consagradoras desse amálgama, desse cimento que garante a verdadeira e legítima convivência democrática.
Espaços públicos sem restrição a etnias, cor, religião, gênero e nível de renda são marcas indeléveis dessa cidade-espetáculo. E aqui, o que faz a convivência entre grupos, etnias, raças e pessoas, digna do maior respeito e da admiração de todos, é o fato que a favela versus a morada dos ricos, estabeleceu, não apenas uma distenção entre diferentes, mas acabou estabelecendo um pacto de convivência entre grupos de renda e status social tão distintos.
Se a proximidade física da favela com os grupos de renda mais altas favoreceu essa distenção mais que segura entre esses segmentos tão distintos da sociedade, a praia, o futebol, o boteco — ah! O boteco e uma cervejinha gelada — e o carnaval fizeram com que a miscigenação não fosse apenas mais uma tese acadêmica mas, ao somar-se ao sincretismo religioso, fosse capaz de forjar a verdadeira civilização dos trópicos! Aliás a mais alegre e invejada civilização dos trópicos.
O Rio não é um estado e nem uma cidade. O Rio é um estado de espírito. Só em aqui estar, caminhar pelas ruas, ouvir o carioca contando vantagens e sendo meio baiano no acordar tarde e na conversa fiada, o Rio poderia ser a síntese da brasilidade que Minas cobra para ela. Será que Minas, com todo o seu charme e com tantos brasis dentro dela, se ombreia com o Rio?
É difícil estabelecer a comparação com Minas, pois, Minas são muitas e a cidade do Rio de Janeiro é uma só e única! Mas, quem tem os encantos que a tantos seduz?
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!