O RIO E A QUESTÃO URBANA NACIONAL!

Uma coisa é certa. As pessoas só tendem a cuidar de um problema quando ele se tornou de tal monta, tão grande, que não há como fugir de enfrentá-lo. Se existe algo que o Brasil nunca institucionalizou foi a preocupação em definir cenários possíveis para o seu amanhã e, a partir de tais cenários, estabelecer opções de políticas públicas destinadas a criar rumos de ação e adotar medidas preventivas para problemas e dificuldades.

Falar que o Brasil, desde a época de Delfim Neto, como “tzar” da economia, abandou, de vez, qualquer veleidade de um planejamento estratégico, nem que fosse de característica indicativa, é senso comum. Recentemente, alguns estudiosos têm ousado a, pelo menos, discutir a “agenda perdida” pelo Brasil, máxime na década passada, e propor uma nova agenda para inserir o País no contexto do crescimento econômico mundial.

Para certos economistas, ditos pragmáticos, planejamento ou visão estratégica de futuro é coisa de futurologia ou exercício acadêmico de pseudo-economistas desocupados e diletantes. Mas, a tragédia do Rio, que veio após a tragédia de São Paulo; que se fez após a desgraça de Angra dos Reis e que ocorreu logo depois do que se abateu sobre Santa Catarina, mostra que as cidades brasileiras não foram preparadas para situações como as que ora atingem o Rio de Janeiro.

Até um sistema mínimo de monitoramento do clima para antecipar tempos de pluviometria incomuns e, consequentemente, permitir a evacuação de áreas de risco, inexiste. Alguém diria, mas, se por acaso, se pretendesse remover populações para novas áreas, na transição, que estrutura se teria para tanto? Ora, isto é tão fácil e as Forças Armadas mostraram como tal logística pode ser aplicada, como ela fez agora no Haiti.

O problema é outro. Não se faz planejamento urbano. Não se tem uma Defesa Civil aparelhada, não se tem coragem de retirar populações em áreas de risco e, até um programa saudado como importante de urbanização de favelas, tem como previsto, para este ano, talvez atender mais cinco favelas das mais de seiscentas existentes. E o que se faz para não permitir a expansão das mesmas? O que se tem feito em termos de transportes de massa para as populações de baixa renda? É. A agenda é extensa, a sensibilidade é pouca e o compromisso inexiste!