ONDE HÁ LUZ? ONDE É O FIM DO TÚNEL?

O quadro vivido pelo País é do maior e mais profundo pessimismo, não se sabe se fruto do ciclotimismo de comportamento característico dos brasileiros ou da gravidade da situação que, para enfrentá-la, está a exigir e ainda exigirá enormes sacrifícios. E, nesse quadro tão nebuloso, até uma ilusão de ótica sobre o fim do túnel ajudaria a recuperar, um pouco, a esperança e a convicção de que o País estaria trilhando o caminho certo e, com certeza,  passada a tempestade, também, com certeza, viria a bonança.

As previsões sobre os indicadores para esse ano e para o próximo ano estão sendo sistematicamente revistas, notadamente para cima, enquanto os dados dos desequilíbrios fiscais e dos desajustes das finanças públicas, são cada dia mais assustadores pelo tamanho dos rombos provocados pela má gestão dos negócios públicos.

Agora mesmo o Banco Central, além de manter a taxa SELIC nos seus 14,25% ao ano, ainda sugeriu, no seu relatório, que a sua previsão de situar a inflação no centro da meta, ou seja, nos 4,5%, em 2016, deve ser esquecida pois que, do jeito que as coisas vão, tal objetivo só seria alcancável em 2017. Enquanto isto a recessão se aprofunda, o desemprego aumenta e assusta e a confiança da população e dos agentes econômicos, nas instituições, cai. O “rating” da economia brasileira e de suas empresas está perigosamente baixa e com ameaças de possível perda do grau de investimento.

Some-se a esse quadro de incertezas, o quadro político-partidário que, em função dos achados da Lava-Jato e as repercussões das chamadas delações premiadas, tem gerado embaraços e problemas, não apenas para Eduardo Cunha, Renan e outros menos votados, como tem tirado o sono da Presidente pois que a pressão pela apreciação dos pedidos de impeachment apenas aguardam o humor de um “acuado” Presidente da Câmara, Eduardo Cunha que prometeu que não vai “para o inferno” sozinho.

Ademais, as notícias no “front” econômico não são nada animadoras. O rombo nas contas públicas já ultrapassa 76 bilhões para esse ano e não há a menor chance de construir qualquer superávit primário, como pensado por Levy, logo quando assumiu o Ministério. Aliás, antes de Levy previa-se um superávit no entorno de 120 bilhões e, refeitas as contas caiu para 8 bilhões e, caso não seja aprovado a CPMF, o déficit superará os 100 bilhões de reais. Também junto com tais dados negativos, ao que parece, dificilmente o Ministro continuará comandando a economia porquanto, com os nervos à flor da pele, a tendência é que se amplie ainda mais o seu desgaste e, até o fim de novembro, a única coisa certa na economia do País, é que Levy pedirá as contas!

Diante desse cenário não se pode antever o que pode ocorrer com esta “velha nação de guerra” que vive uma encruzilhada de desafios e problemas e que não tem um horizonte de tempo para poder vincular-se, como que  a um fio de esperança, de que bons tempos possam voltar a ocorrer.

Lamentavelmente o que há a suavizar o desespero é a chegada do fim de semana que alivia um pouco o pessimismo mas não garante a possibilidade de uma pausa mais longa nesse processo de enfrentamento da crise.

Para não ser de todo pessimista há que registrar que nesse passar o país a limpo, começa-se a viver a vida fiscal do país com mais transparência registrando os déficits reais sem manipulações contábeis, sem pedaladas, sem tarifas públicas irreais, sem falácias quantos aos preços administrados e começando-se a fazer correções nas distorções acumuladas nos últimos anos. Realismo fiscal, transparência nas contas públicas e o enfrentamento de generosidades inaceitáveis na forma de incentivos, subsídios, transferências de renda e outras dádivas de um governo provedor, são, ao que parece, as novas regras da gestão pública.

Espera-se que, a partir das últimas definições do Congresso sobre o ajuste fiscal possam os brasileiros respirar um ar mais puro e mais generoso!

2 Comentários em “ONDE HÁ LUZ? ONDE É O FIM DO TÚNEL?

  1. Xico amigo,

    Tive uns problemas de “incompatibilidade de gênios” com o meu iPad e com o mundo virtual e, só agora, vi seu comentário. Grato pelo estímulo! Quando estiver nas inspirado procurarei analisar o impasse que o pais vive.

  2. Muito precisas as idéias colocadas. Sem radicalismo refletindo uma realidade que inspira cuidados. O que vamos de fatos fazer? Quais as medidas que teremos de implementar? Mesmo sendo economista estou atônito.
    Xico Moura

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