OS ESPAÇOS ESTÃO SE ESTREITANDO!

As oposições, se é que existe algo concatenado, funcional e orgânico que possa ser chamado de oposições, entra em uma fase onde o tempo conspira contra ela. Os resultados da última pesquisa Datafolha mostram um quase empate técnico entre Serra e Dilma, revelando que a estratégia de Lula, de massificar a exposição de mídia de sua candidata e colar nela a sua “imagem e semelhança” tem sido, substancialmente amparada por um aumento da rejeição a Serra, uma demonstração de que os eventos como o “dilúvio” que se abateu sobre São Paulo, o desgaste de Kassab e o “tsunami” sobre o DEM, notadamente diante do escândalo brasiliense, tiveram impacto sobre as preferências da população, em termos da sua candidatura.

Ademais, a própria indefinição sobre o lançamento da candidatura e as incertezas que ainda a cercam – será que ele é ou não é? – levam ao desgaste de Serra.

Aí duas coisas já estão a ocorrer. A primeira é que Dilma, cada vez mais, dispensa a candidatura de Ciro para garanti-la no segundo turno. E aí, rapidamente, o que sobrará a Ciro, é já e já, acertar a sua candidatura a governador de São Paulo ou rezar para que o seu sonho se realize: Serra desista e Aécio seja o candidato.

Por outro lado, Aécio está “como o diabo gosta”. Ou seja, é o homem indispensável. Se quiser salvar a candidatura de Serra, aceitaria ser candidato a vice. Se não, deixaria a situação se desgastar um pouquinho mais e esperaria que as oposições fossem até a ele, e, num apelo patético, insistissem para que ele saísse candidato a Presidente, ao invés de Serra.

Uma outra constatação que a pesquisa demonstra é que a recuperação de mensaleiros, cuequeiros, aloprados e sanguessugas; as estripulias de José Dirceu; o “pisar na bola” de Lula no caso dos direitos humanos em Cuba e no “abraço de afogados” com o Presidente do Irã, tão repudiado pela comunidade internacional, além dos problemas fiscais no País, nada disso chega ao povo e nada disso afeta o  itinerário de sua candidata.

Mais uma vez, o que se nota e sente é que política é mais sentimento e emoção e, se o eleitor “is feeling good”, não interessa a cara, a simpatia, a proposta e nem as idéias do candidato. Sequer o seu passado ou os pecadilhos cometidos. Isto se assemelha a um candidato populista do Ceará, que o seu adversário, ao fazer um discurso interativo com o eleitorado perguntava a uma grande massa reunida na praça mais popular de Fortaleza: “Quem foi o prefeito mais irresponsável que Fortaleza já teve? E o povo, em coro, respondia: Bentinho! Quem foi o prefeito mais preguiçoso que Fortaleza já teve? E o povo bradava, em coro: Bentinho. Quem foi o prefeito mais ladrão que Fortaleza já teve? E o povo, mais uma vez, respondia: Bentinho! E, num coroamento de sua catilinária contra aquele que foi, sem dúvida, o maior líder populista do Ceará, o orador perguntou: Agora, pensem bem, no dia 3 de outubro, em quem vocês irão votar para prefeito de Fortaleza? E o povo, uníssono, respondeu: Bentinho! Bentinho! Bentinho!” Assim, desconstruir Dilma, chamando-a de mandona, autoritária, guerrilheira, pouco simpática e boneco de ventríloquo de Lula, não pegou e, pelo jeitão, não vai pegar. Há que ter um novo mote, junto com uma nova cara e um novo jeito de ser do candidato da oposição para a coisa começar a abrir perspectivas de que a disputa, como acham os “experts”, venha a ser muito disputada. Uma “chapa” Aécio e Ciro, bem que poderia incendiar a campanha. Mas, como fazer isto? Será que Aécio, nos entendimentos que fez com Serra, acenou com tal possibilidade? Todos sabem que Aécio Neves, o mais bem  “ranqueado” ou o mais bem avaliado governador do País, do segundo maior colégio eleitoral, com toda carga mística do avô e com capacidade de articulação e negociação invejáveis, seria o ideal para as oposições. Mas, daria tempo? E Aécio, estaria disposto a abrir mão da senatória garantida e tranquila? Este cenarista acha que sim e, se Serra não quiser correr riscos de abrir mão do controle dos dois maiores orçamentos do País, então esta semana será decisiva para clarear o cenário político-eleitoral do País.

Finalmente, a única coisa que se sabe é o que a pesquisa comprovou sobre o PMDB. O partido não tem comando nacional e o dito comando não manda quase nada.  O PMDB, pelo jeitão, não vai entregar a mercadoria, ou seja, 46% dos peemedebistas consultados não votariam em Dilma e, sim, em José Serra. Aí a candidatura de Michel Temer, que já estava mal das pernas, vai, definitivamente, para o brejo.