PARA ONDE VAMOS NÓS E OS PORTUGUESES?

De Porto, Portugal

Os efeitos danosos da crise internacional sobre a Grécia, Portugal e Espanha e a piora nas contas do Governo Federal, com os possíveis cinquenta bilhões de déficit nas transações correntes, além do processo de aceleração inflacionária, são motivos para preocupação e para a tomada de medidas acautelatórias, antes que a deterioração dos fundamentos econômicos comece a ocorrer.

Na verdade, a permanência de Henrique Meirelles a frente do Banco Central foi, como era esperado, muito bem recebida pelo mercado e deu a certeza de que a busca no sentido de reverter as expectativas de elevação de preços, para que se chegue ao final do ano perto do centro da meta inflacionária, é algo que gerara boas razões para chegar em 2011 com uma economia revigorada e equilibrada.

Claro está que o embate entre Meirelles e os responsáveis pela gastança será estabelecer se o ajuste far-se-á via aperto fiscal ou por duras medidas de política monetária ou ainda, de forma mais ponderada, via ajustes fiscais, aumento nas taxas de juros básicas e aumento do compulsório, além de outras medidas complementares.

É possível admitir que, apesar do ano eleitoral, do aquecimento da atividade econômica e do afrouxamento das contas públicas em ano atípico como este, os resultados a serem alcançados são bastante promissores. Espera-se um crescimento da economia acima dos 5,5 por cento, que a inflação fique, no máximo, em cinco pontos percentuais e que a entrada de capitais externos permita bancar o buraco de cinquenta bilhões de dólares nas contas externas. E se a perspectiva for de derrota de Dilma, diferentemente do que muitos pensam, o governo não agira irresponsavelmente em termos de gastos públicos. Isto porque, para negociações possíveis com o novo governo, não é nada saudável contar com a sua má vontade.

Já por aqui (Portugal, vale lembrar) as coisas não são nada favoráveis, pois que os déficits públicos são monumentais, o desemprego está bastante elevado e as medidas saneadoras são muito duras e de difícil aceitação pacífica pela sociedade. Ademais, acredita-se que, se só para atender as necessidades de organização da economia grega, a comunidade econômica européia teve que garantir 30 bilhões de euros. E quanto não custará socorrer Portugal e a já robusta economia espanhola?

Alguém já levantou o tamanho do “buraco” das economias da Europa Oriental? E o que ainda fica no ar é a duvida quanto à formação de novas bolhas e a falta de definições claras sobre que tipo de regulação é a mais adequada para minimizar riscos de novos problemas.

As boas notícias ficam por conta da China, com crescimento previsto para este ano, superior a 9 por cento; da Índia e da Rússia, com crescimento em um bom nível, além da recuperação americana e dos sinais positivos relativos às economias do Japão, da Alemanha, da Inglaterra e da França.

Sendo assim, para Portugal e Espanha, apesar dos planos de recuperação da economia e do emprego, reproduzindo a estratégia do plano econômico austríaco, estarem sendo discutidos e, aparentemente, sendo bem recebidos pela sociedade, a recuperação não será para já e deverá demorar uns dois anos.

Enquanto isto, ótimo está para os turistas estrangeiros, que podem se beneficiar de preços internos de baixa estação.