PARA REFLETIR II!

Não é novidade e nem surpresa para qualquer cidadão brasileiro, a situação caótica das nossas grandes e médias cidades onde, não só a mobilidade urbana é dramática, como a precariedade em termos de segurança, saneamento básico e serviços públicos essenciais, é vísível e angustiante e, ademais, não são oferecidos com a prestesa, a adequação e a oportunidade exigidas pelo cidadão.
Agora mesmo, um jornal nacional televisivo, mostrava que o número de veículos privados crescia, em São Paulo, a uma taxa de 17,5% ao ano e, no Rio e em Belo Horizonte, a taxas de 14,75%! Por outro lado, em São Paulo o cidadão desperdiçava 3,35 horas de seu tempo, só nos engarramentos ou com a lentidão do trânsito. Também, o estudo informava que, anualmente, o cidadão detentor de um veículo médio gasta, em torno de 950 reais adicionais de combustível, por conta da lentidão do trânsito!
Os números são absurdamente extravagantes e, se se considerar que um trabalhador urbano, gasta cerca de três horas para ir e vir ao trabalho, pode-se avaliar quanto se perde, em termos de produtividade física do trabalho, diante de tal descalabro.
Mas, mesmo diante da falência previsível das cidades,nenhuma ação tem sido objeto de preocupação do Governo Central, detentor do monopólio das políticas públicas destinadas a enfrentar tais problemas.
E aí não se está considerando o grande gasto de recursos, em termos de saúde pública, advindo dos problemas de poluição ambiental, causados aos moradores de tais cidades.

Pois bem. Faz cerca de 8 anos que êste cenarista, diante da euforia do Presidente Lula que se jactava de haver conseguido fazer concessões de rodovias, em São Paulo, com pedágio 60% menor do que aquele conseguido pelo governador José Serra, resolveu, esquecendo o conselho contido numa das máximas da lavra de Tancredo Neves que dizia que na vida “o que dói não é o tapa na cara, mas o estalido”, empolgou-se e, no seu entusiasmo, desrespeitou a vaidade presidencial e deitou falação insinuando o que ele poderia e deveria fazer. Tanta ousadia! Sugeria que o momento era oportuníssimo para se buscar investidores, empreendedores e gestores com domínio da mais moderna tecnologia, no mercado internacional que, com sobra de liquidez e ávidos por oportunidades de investimentos diretos, poderiam se interessar em terminar os metrôs, há trinta anos começados no Brasil e, ainda, em estado de quase letargia; em montar projetos de trem-bala em cinco anos, como fêz a China; em enfrentar os problemas de saneamento ambiental, com soluções rápidas e prontas e, garantir um novo clima e um novo ambiente para os moradores das grandes e médias cidades brasileiras.
Lamentàvelmente o Presidente, nada satisfeito com a intromissão pretenciosa do cenarista, argumentou que os governadores não estavam interessados em qualquer solução e deixariam todo o ônus para a União!

Só aí caiu a ficha para o cenarista! E, humildemente, fez a adequada leitura de que tentar sugerir alguma idéia a um presidente, em público, era afronta das maiores. Parecia que o Presidente estava a dizer: “Se essa idéia fosse boa eu já a teria tido!”

O argumento do Presidente não era e, até hoje não é verdadeiro na proporção em que no Brasil se vive um centralismo fiscal exacerbado e a federação é mera coadjuvante desse processo de governança.
É uma pena que, a inabilidade, a inoportunidade e a impropriedade da argumentação do cenarista tenha ocorrido, pois que se, àquela época, o presidente houvesse considerado tais ponderações, provavelmente, a situação hoje não seria tão dramática e tão caótica como se apresenta.