POLITICA E POLÍTICOS: EXECRADOS, MAS FUNDAMENTAIS!

Nunca uma categoria profissional — será que assim se pode qualificar? — foi tão agredida, xingada e tratada com total e completo  desprezo e desrespeito pela sociedade como um todo como a classe política! É impressionante a dimensão da rejeição, da restrição e da total falta de respeito a ela. Ela é, na verdade,  a Geni da cena brasileira.

Mas, para conforto dos brasileiros, não é só por estas plagas. É no mundo todo que se atribui aos políticos a responsabilidade por todos os erros, os equívocos      e todos os males enfrentados pelo povo. O político é visto em todas as plagas como esperto, aproveitador, oportunísta e ladrão.

Nao  há classe , nem grupo e nem  categoria profissional que se coloque pior no “ranking” de credibilidade junto à sociedade civil quanto  os políticos. Se isto não bastasse, por incrível que pareça, no caso brasileiro, mesmo que dele se cobre tanto, não detém qualquer soma de poder!  Se se fala na iniciativa de produzir leis, onde se situa seu papel maior, do total de diplomas legais exarados, anualmente, no País, não chega a 4% a participação  do Parlamento, cabendo ao Executivo,  a quase totalidade das leis criadas e produzidas pelo País! Representa muito mais, o Parlamento, um poder homologatório  do que um poder  decisório!

Despojado de poder, pela presença asfixiante do Executivo, o Legislativo, perde-se, muitas vezes,  no amesquinhamento  de atitudes quanto às suas remunerações, privilégios, vantagens e mordomias e se revela uma espécie de poder menor. E, lamentavelmente, hoje encontra a sua praia favorita, num execrável varejo de interesse menores. Por exemplo agora, além de seus pecados e vícios, sem saber e sem poder se impor, assiste o seu momento, talvez, de maior de descrédito pois que, o Judiciário, buscando um protagonismo desnecessário ou movido por outras razões que não se sabe quais, resolveu invadir as  competências da Câmara e do Senado! Assim, a classe política vive os seus dias  piores e de maior descrédito!

Embora mesmo assim esvaziado, desmoralizado e desprestigiado, nas democracias , ainda é o exercício da política onde se vocaliza as queixas, demandas e sonhos do povo  e ainda é o fórum privilegiado da cidadania! E é lá que, em momentos de crise como agora, a sociedade recorre para intentar buscar alternativas para o equacionamento dos problemas e o enfrentamento dos impasses e desafios, como por exemplo,  aqueles ora experimentados pelo Brasil!

Mais que isto! Soluções negociadas e pacíficas, sem que se recorra a violência, só são possíveis quando intentadas no campo privilegiado do espaço político!  Porque a política,  representa, ao mesmo tempo, uma ciência  e  uma arte pois o que requer de elaboração de cenários, de conhecimento da condição humana, de competência no esgrimir ideias, no jogo de estratégias, no talento de transigir, de ceder, de compor  e de saber esperar para agir, garante-lhe  um invejável instrumental para que as sociedades resolvam conflitos, superem impasses e vença dificuldades que se antepõem sobre a sua caminhada.

E, por que não  se valoriza o seu papel e a sua relevância? Porque faltam homens e idéias, faltam propostas, faltam a ética do compromisso e da responsabilidade além de um profundo respeito aos valores republicanos e democráticos.

Mesmo que, nos dias que correm, o resgate da credibilidade e do respeito à classe político encontre enormes dificuldades para ocorrer, é fundamental que se estabeleça um processo de recuperação da imagem da atividade porquanto a sociedade precisa da sua mediação diante dos inúmeros conflitos de interesses e diante das enormes opções a serem eleitas com vistas a atender os valores, desafios e propósitos da sociedade.

Agora mesmo, no caso brasileiro, o País encontra-se diante de um impasse em face das limitações que enfrentam as instituições para buscar a superação do caos administrativo e gerencial do Executivo Federal, a única saída ou o único caminho que se pode buscar é através da atividade política.

 

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