POR QUE NÃO IMITAR OS COMUNISTAS BEM SUCEDIDOS?

Existem, do que ainda sobrou das sociedades organizadas sob a égide do socialismo coletivista ou do comunismo trostkista ou do leninismo ou, ainda, do stalinismo, experiências de organização do estado e da sociedade, em pelo menos, três níveis distintos.

O primeiro grupo de nações, ou melhor, do que sobrou do chamado comunismo, o mais tradicional e dito autêntico possível, onde pontuam as experiências de Cuba, da Coréia do Norte e de alguns países africanos, os resultados alcançados, no que respeita ao crescimento, a modernização e as necessárias transformações sociais, são pífios e discutíveis.

O segundo grupo, representa países que mantiveram a denominação de países socialistas como Suécia, Dinamarca, Rússia, vários dos tigres asiáticos, até mesmo a França e a Espanha, que hoje estão muito mais para social democracias do que para capaitalismos de estado ou outra forma de dirigismo econômico.

O último grupo, embora já tenha seguidores, é uma experiência única que já ultrapassa os trinta e cinco anos, representando aquilo que o seu idealizador ou o principal dos seus idealizadores, Deng Xiao Ping, denominou de “Um país e dois sistemas” pois abrigava um controle político rígido da sociedade, ao mesmo tempo que abria a sua economia para as bases e fundamentos do capitalismo moderno.

Aliás, a experiência que “aprontou” o Senhor Deng Xiao Ping, com as suas “quatro modernizações”, lançadas no Congresso do PC Chinês, em 1978, foi objeto de muita contestação pelos maoistas porquanto achavam que, o que se propunha de modernização econômica do País, não era mais, sequer, capitalismo de estado mas, de fato, o capitalismo com todos os seus aspectos selvagens!

Embora recebendo duras críticas, Deng insistiu na necessidade de iniciar-se um período não apenas de recuperação da autoestima dos chineses, mas da chamada transformação econômico-social do “Império do Centro”, e a inserção da China no concerto das nações e como uma das economias mais dinâmicas do mundo.

E, diante das críticas à abertura econômica, ao regime de prêmios e sanções e a busca de integração econômica internacional, Deng afirmava, com muita convicção que, “não me interessa a cor do gato. O que importava é que ele coma ratos”. Ou seja, não importava que nome se daria ao regime, mas o que se buscava era um sistema que permitisse saciar a fome de milhões e milhões de chineses; que criasse a esperança de uma vida melhor para os órfãos da Grande Marcha e da Revolução Cultural e, que permitisse que a China viesse a alcançar o que já é agora, ou seja, a segunda maior economia do mundo, não importava se o regime seria chamado de capitalismo de estado, capitalismo envergonhado ou sociedade de economia mista.

O que chama a atenção nesse saga chinesa é que as lições que podem ser tiradas dessa longa marcha de mais de 35 anos, é que é possível, a uma sociedade, com visão de longo prazo, com determinação e com a capacidade de vislumbrar as necessárias transformações na forma de conduzir a economia e a sociedade do País, alcançar os notáveis resultados que já alcançou! Ir reciclando a sociedade, ajustando as suas perspectivas, assimilando as conquistas oriundas de outros povos e, num dramático exercício de controle, como é o caso de um regime politicamente fechado, ir liberalizando a política, permitindo um maior acesso aos direitos civis e políticos por todos os cidadãos, foram estratégias seguidas pela Nova China!

Agora mesmo, nessa empreitada de ir modernizando o País, notadamente quando novos desafios vão se antepondo à economia da China, os seus dirigentes permitiram que agricultores pudessem tomar crédito no sistema bancário, dando como garantia as terras que passaram a pertencer aos novos agricultores. Por outro lado, os mesmos dirigentes do PC Chinês, permitiram que as indústrias pudessem se associar ao capital externo e buscar ganhos de eficiência e competitividade, através de tais parcerias. Adicionalmente, o mesmo PC propos a abertura de mais Zonas Econômicas Especiais, autorizou a operação de funcionamento de cinco bancos privados e, até mesmo, no campo demográfico, a lei do filho único, teve a sua flexibilidade permitida, segundo determinadas circunstâncias e condições.

E isto é o desdobramento das mudanças no sentido da modernização do País começadas lá pelos idos de 1978. Cada vez mais os chineses sentem que o mundo é o da integração, da cooperação, da complementariedade e da solidariedade e, certamente, aos poucos, espera-se, os asiáticos, sem ânsias imperiais,saberão passar adiante a sua experiência.

Imagine se o Brasil tivesse a humildade de copiar a capacidade de executar estradas de ferro, metrôs, vlts, portos, aeroportos, na velocidade e na eficiência que os chineses tem demonstrado? Conseguisse pensar o amanhã, não para os próximos cem anos, mas, pelo menos, para os próximos dez anos, não teria a chance de construir um crescimento e uma transformação menos tumultuada do que as incertezas que tem enfrentado a sociedade brasileira?

E todos se perguntam, por que o Brasil não tende a imitar os chineses no seu compromisso com o amanhã, com o planejamento de longo prazo e no propósito de construir uma sociedade de muitos, para muitos e orientado para, aos poucos, ir reduzindo as distâncias sociais que separam os vários grupos. E, ao invés disso a sua proposta desenvolvimentists se perde entre o castrismo cubano e o bolivarianismo venezuelano?

Um Comentário em “POR QUE NÃO IMITAR OS COMUNISTAS BEM SUCEDIDOS?

  1. O único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário. Esta sábias palavras nos fazem refletir que copiar exemplos, sem a garantia de que a sociedade está atrelada ao “dever cumprir”, resultarão em eternos sonhos de noites de verão. Veja o cenarista que não existem exemplos de sociedades tolerantes a hábitos e costumes sociais, políticos, e jurídicos, excessivamente liberais que se destacaram no concerto das nações. Se a sociedade não muda, é melhor criar uma fórmula tupiniquim de desenvolvimento, ao invés de copiar modelos que fatalmente fracassarão quando aplicados sobre uma sociedade que não passou pelo necessário “treinamento” exigido para o seu sucesso.

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