QUAL A TRAGÉDIA MAIOR?

Acha o cenarista que, diante das três tragédias vivenciadas agora pelo Brasil e pele os brasileiros, para enfrentá-las e a elas sobreviver, só se valendo do dito popular de que “desgraça pouco é tiquinho”, ou seja, a desgraça precisa ser muito grande para tirar o ânimo dos tupiniquins diante de adversidades que se antepõem. Isto porque a partir de hoje, dia 20 de janeiro, três tragédias aqui se cruzam!

A primeira delas é aquela que vem sendo exibida, diariamente, pelos veículos de comunicação, quando o sistema prisional como que, banalizando a morte, desestruturado e controlado pelo crime organizado, desafia a competência dos poderes constituídos, ao mostrar  espetáculos chocantes, não apenas de chacinas dentro dos presídios, mas, também, demostrando a sua força, a sua organização e a sua determinação ao promover orquestradas ações de desafio às autoridades, como  incêndios de ônibus, depredações de prédios e veículos públicos e outros atos de vandalismos. Tudo isto, não apenas, devidamente coordenados, de dentro dos presídios, mas anunciados e antecipados aos poderes constituídos.

A segunda, que já começa a levantar suspeições, se foi por conta  D.C. o acaso ou se foi um evento provocado por  interesses escusos, diz respeito ao acidente aéreo que ceifou a vida do ministro do Supremo, Teori Zavasky, a quem cabia a condução dos destinos de políticos notórios, desde Lula, Dilma, Renan, Romero e uma quase centenas de parlamentares, todos eles denunciados  ao STF,  em decorrência da Operação Lava-Jato! Vai-se, com ele, nas águas próximas aonde foi tragado Ulysses Guimarães, “o Senhor Diretas” e alguém que não era bem-vindo ao processo político que se conduzia e negociava da transição do estado autoritário para o estado democrático de direito, a memória viva e organizada desse que deveria ser fo capítulo mais relevante da Operação!

Foi-se Teori, levando consigo segredos, dados, informações e detalhes de possíveis culpados no processo; leva, também, os prazos de homologação de delações fundamentais para o curso da Lava-Jato; leva, a Sèrgio Moro e aos procuradores que colaboram com ele, temores e  angústias de que talvez não consigam levar adiante essa limpeza ética que ora se conduz no Brasil. Ou, possivelmente, dúvidas e incertezas de que, ao ser continuada, não venham a ser imposta a ela, embaraços e dificuldades que os desestimule a prosseguir o processo.

E, finalmente, quem venha a substituir, a tempo e a hora, Teori, se disponha a continuar o seu trabalho, com o mesmo equilíbrio, a mesma seriedade, a mesma competência e a mesma determinação! E mais, continuar a representar o ancoradouro seguro a juizes, promotores e policiais que sabiam que contavam com um juiz pleno na acepção da palavra ou da expressão!

Que o seu substituto na relatoria não lance dúvidas e incertezas e não represente temores adicionais como o que ora se coloca de uma possível indicação de Sérgio Moro para a vaga de Teori pois levantaria dúvidas sobre a continuidade das céleres, corajosas e firmes decisões que vem adotando a frente da Operação.

No entanto, se Moro for o indicado e aceitar, talvez, pudesse ser a jogada ideal para Temer e para própria certeza de que a memória, a determinação e a seriedade da Operação seriam mantidas pois ninguém melhor do que eke tem todos os dados, valores e elementos de tudo o que ocorreu, até agora, com a Lava-Jato.

É fundamental, também,  voltar a discutir a primeira tragédia que, até agora, nas providências propostas e adotadas com relação ao problema mais imediato de ser encaminhado em termos de segurança pública — o controle dos presídios pelo crime organizado — não se constata ou não se tem a convicção de que o caminho apontado atinja o cerne do problema. Parece que, além da superlotação dos presídios e da impossibilidade de se adotar uma política de distribuição adequada dos grupos segundo a sua periculosidade e a necessária desmontagem das suas estruturas de comando, medidas como o enfrentamento dos 40% de presos provisórios misturados a facínoras além do bloqueio imediato de celulares em torno de todos os presídios, são algumas das outras medidas mais xurgentes.

Parece que o mais relevante que tudo isto é enfrentar o elemento motivador maior das organizações criminosas que é o que lhes estimula em maior grau, no caso as fabulosas rendas derivada do tráfico de drogas. Se não se faz igual ao que se fez com a Lei Seca nos Estados Unidos, não se corta, na raiz, o que o financia e garante a sua organização. Inclusive, desestruturando o esquema, a própria invasão de armas pesadas vindas pela fronteira e a azeitada articulação do crime organizado daqui com grupos criminosos de Paraguai, Bolívia e Peru, não se conseguirá ir muito adiante.

É claro que ampliar a capacidade prisional, readequar, aparelhar e modernizar os atuais presídios; uma séria política em cima da questão dos menores infratores; um olhar crítico sobre treinamento, qualificação e melhor remuneração das polícias, além de montagem de um poderoso sistema de informações a subsidiar uma nova estrutura de Inteligentzia”, são medidas sem as quais a revisão crítica da segurança pública nacional, estará capenga.

Se isto não ocorrer o Brasil será um grande México, nas chacinas e na completa incapacidade do estado de controlar a ação de um poder que se coloca e age acima das instituições constituídas.

Finalmente, a terceira tragédia se instala daqui a pouco, levando incertezas, inseguranças e temores ao mundo como um todo, pelo que falou, pelo que agiu e pelo que disse, até agora,  bem como pelo grupo de auxiliares que escolheu, todos não aprovados pelo Senado americano. E Isto pode levar a muitas surpresas desagradáveis. Nos seus sonhos mirabolantes, até os ataques a Europa e a própria Angela Merkel, ao lado de suas simpatias em relação à Vladimir Putin bem como as duras críticas a China, parece que o seu sonho desvairado é refazer o mundo bipolar dos tempos de Guerra Fria, onde só dois poderes e, dois homens, se faziam presentes no mundo, os líderes dos Estados Unidos e da União Soviética.

Mas, para não ser tão pessimista com essa terceira tragédia chamada Donald Trump, as crenças são de que, nos Estados Unidos, as instituições são maiores que os homens e os líderes e, ali, as chances de prosperar um líder destrambelhado e capaz de por em perigo o equilíbrio e a paz mundial, são muito remotas.

Com certeza depois do seu discurso de posse e das primeiras medidas anunciadas, saber-se-à o que eram bravatas, o que eram rasgos demagógicos para atrair eleitores e o que, realmente, tenderá a prevalecer. Ou seja, se o bom senso do esperto ganhador de dinheiro ou se o extremamente exótico e inconsequente neo-político que ora assume a Casa Branca.

 

 

 

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