QUOSQUE TANDEM CATILINA, ABUTERE PATIENTIAE NOSTRA?
A frase foi pronunciada no Senado Romano, à época da República, quando Cícero, o maior dos oradores e filósofos romanos, almejava, como senador que era, o cargo de cônsul e, conseguiu o posto, disputava com Catilina, um senador corrupto e que havia perdido poder e influência mas, através do possível cargo, tentaria recuperar o nome e o prestígio. A incisiva frase foi pronunciada repetidas vezes, pelo menos por quatro vezes e, na sequência de suas orações — as chamadas catilinárias — levou a que Catilina abandonasse Roma e, definitivamente, exilar-se na Grécia.
A quase exortação cabe e cai como uma luva diante da situação dramática em que vivem os cidadãos brasileiros em face da violência que toma conta de todos os espaços, públicos e privados e de todas as circunstâncias da vida dos patrícios. Os crimes bárbaros e, às vezes hediondos, cometidos a luz do dia, que antes só ocorriam mais na periferia, agora ocorrem nos centros e nos locais de renda mais elevada e, presumidamente, com mais policiamento ostensivo. Aliás tais violências são praticadas diante de pessoas ou, agressivamente, até diante das próprias autoridades constituídas, sem qualquer pejo dos criminosos! O esfaqueamento e morte consequente do médico bicicletista, em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, as sete horas da noite, foi deveras chocante porquanto, para as populações mais desvalidas e órfãs dos governos, o sentimento que tem é o de que “se para os ricos e brancos a coisa assim ocorre” imaginem para eles!
Tudo isto leva a um desespero aos brasileiros como um todo. Não há mais espaço público que não esteja dominado, controlado e gerido pelo crime organizado ou por quadrilha de menores, a serviço, de um modo geral, do crime organizado. A falta de estrutura, informação, “inteligentzia” e de recursos materiais e humanos por parte dos órgãos repressores, aliada a ineficiência do aparelho judicial, e a inação do poder público no que diz respeito ao trato do menor deliquente, leva a ampliação desmedida dos crimes contra a vida, contra a integridade física e contra o patrimônio público e privado.
A impunidade é a marca maior desse quadro de descalabro porquanto apenas 8% dos crimes, notadamente homicídios, latrocínios, sequestros, assalto a mão armada, violência contra mulheres e crianças, entre outros, são investigados. O resto fica sem qualquer avaliação do poder público. Diante do desespero, as pessoas, emocionalmente, muitas vezes, são conduzidas a clamar pelo fim da inimputabilidade de menores de 18 anos pedindo que seja diminuída também, a maioridade penal. Outros já defendem a pena de morte para os chamados crimes hediondos. Outros mais querem rearmar a sociedade já que o estado não pode controlar e nem coibir a violência e propõem que os cidadãos se armem para garantir a sua própria defesa.
A situação está se tornando tão insustentável que Já são muitos os casos e situações em que as pessoas defendem o direito de fazer justiça com as próprias mãos sendo muito frequentes os casos de linchamento de bandidos por uma população enfurecida. E a tendência do quadro é piorar pois que as casas de correição de menores são cursos de aperfeiçoamento da criminalidade e os presídios, hoje dominados pelo crime organizado, são centrais de onde partem as diretrizes e orientações para as ações dos bandidos.
E, é bom que se diga que o crime não é filho da necessidade como querem alguns mas do desejo estimulado pela impunidade, patrocinado pela fragilidade e limitação do aparato policial e pelo afã de transgredir!
Os investimentos em segurança pública são muito limitados e, agora, vivem penúria maior. O dinheiro é curto, a hierarquia de prioridades é pobre e a gestão é de uma incompetência gritante.
Se o Egito viveu as suas sete pragas que quase o devastaram, o Brasil vive hoje, pelo menos tres pragas que são de dificil combate: a violência, as drogas e a corrupção. E, sem falar na incompetência, na irresponsabilidade e no descompromisso das autoridades e um alheiamento das elites que esqueceu da ética da responsabilidade e vive, somente, a ética da conveniência e da esperteza.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!