RAZÕES NOVAS PARA ACREDITAR QUE AS COISAS ACABAM DANDO CERTO!
O que haveria de novo, nesse cenário tão confuso, que levasse a um cidadão de boa-fé a acreditar que alguma coisa poderia sugerir o começo do equacionamento dos problemas e desafios do País? Alguém, pessimisticamente, diria que se chegou ao fundo do poço e, “pior do que estar, não tem como ficar”!
Essa seria uma visão talvez muito simplista do problema e um diagnóstico incompleto da situação, pois que, poderia o Brasil, para alguns, argentinizar-se e cristalizar uma crônica crise que, no país irmão já vai para mais de 60 anos! Outros mais radicais diriam que, no Brasil, não se teria um conjunto de fundamentos e de elementos estruturais na sua formação como na Argentina, ou numa liguagem popular, não teria gordura para queimar, o que, assim, não lhe permitiria, como alí aconteceu, alongar o tempo de agonia e de resistência ao desgaste das suas instituições, da crise econômica e ao quase esgarçar do tecido social, como sói ocorrer nesses tempos bicudos.
Outros já acham que o Brasil marcha, de maneira rápida, para tornar-se uma república bolivariana, a estilo da Venezuela e que, em breve, se isto ocorrer, viabilizaria uma bruta crise institucional, sem precedentes.
O ex-ministro e atual Senador José Serra, sem catastrofismo e sem terrorismo, declarou, em entrevista recente, que vive o país a sua pior crise dos últimos sessenta anos! Isto porque não seria apenas uma crise fiscal em face dos desrespeito, nos últimos anos, aos fundamentos da economia; nem apenas a frequência de erros e equívocos na condução de políticas macro e microeconômicas; ou de problemas de ineficiência de toda ordem, não apenas no setor público e naquilo que a intervenção estatal transferiu e contaminou o setor privado, além de graves distorções político-eleitorais aliados, tudo isto, a uma cise ético-moral.
E a situação se torna deveras complexa para que se formule e conceba uma adequada e compreensiva solução de compromisso pois que, na opinião do falecido Ministro Márcio Thomaz Bastos, em situações como estas só a alternância de poder abriria espaços e garantiria graus de liberdades necessários para que se buscasse um verdadeiro pacto nacional para encontrar caminhos que, embora pouco palatáveis, a sociedade decidisse aceitá-los e assumí-los!
A crise, portanto, é séria, a crise é grave e as suas dimensões são bem maiores do que a vã filosofia pode conceber e admitir. E é por isto que alguns são até céticos quanto ao receituário de Levy. Acham também que o que ele conseguiu até agora é e foi muito pouco, tem limitada abrangência e não vai fundo nas graves questões nacionais. Claro que o Ministro da Fazenda, tendo restrita área institucional de atuação, não pode interferir na competência de certas áreas da economia do País mas, como está a agir, assume um papel de mais do que um Ministro da Fazenda caracterizando-se quase como um Primeiro Ministro.
Não obstante tais limitações e a falta de compreensão e apoio de muitos da base de sustentação do governo, o “nobre judeu” já conseguiu, nesse quadro de confusão geral e irrestrita, conquistas extraordinárias para o tempo em que exerce a atividade, diante das circunstâncias que o cercam e em face das restrições e das limitações que os “aliados” lhe impõem.
O País, por exemplo, não perdeu o grau de investimento, temido pelo governo, pelas agências e empresas estatais e pelas empresas privadas, pois isto produziria resultados extremamente danosos â renegociação de dívidas, à entrada de recursos externos e as próprias relações econômicas e comerciais do Brasil.
Conseguiu Levy convencer a Dilma e a sua “entourage” que não existiria a possibilidade de um Plano B e que a tal da “Nova Matriz Econômica” inventada por Mantega foi um fragoroso desastre tendo respondido por muitos dos problemas atuais enfrentados pela economia do País. Ademais, ficou demonstrado aos membros do governo e assessores de Dilma que parece terem sido convencidos de que sem o duro ajuste fiscal, sem a rearrumação das finanças públicas e sem medidas destinadas a conter certos vazamentos e rombos das contas do estado, nada se conseguiria e todo o esforço a ser feito seria em vão.
Se isto não bastasse o Ministro foi à luta e conseguiu que o Congresso aceitasse a idéia de que a renegociação das dívidas de estados e municípios, aprovada no final do ano que passou, já sancionada por Dilma e, aguardando apenas a sua regulamentação, fosse postergada a sua implementação para janeiro do próximo ano, para dar tempo a uma reorganização mínima das finanças públicas do país.
Mas o Ministro quis e quer mais. A aprovação da Lei da Terceirização e a aprovação das MP’s 645 e 646, são sinais de que se amplia o espectro de possibilidades de que novas medidas destinadas a encaminhar melhor as questões urgentes para minorar a crise nacional tenham chances de aceitação e aprovação por parte do Congresso e, quem sabe, da própria sociedade civil brasileira.
Daí surgem as ousadas idéias de Levy de usar mais e melhor o FGTS para o financiamento imobiliário para a classe média; mudanças nas regras das concessões; medidas para estimular o ingresso de investimentos internacionais — chineses estão chegando com a proposta de investir 53 bilhões de dólares na ferrovia de integração do Brasil ao Pacífico –; a Petrobrás que, além do financiamento de mais de 9 bilhões de dólares de bancos chineses, deve lançar papéis no mercado nacional tentando captar 5 bilhões de reais e o setor externo, adequadamente estimulado, virar a gerar um superávit comercial respeitável, são notícias, entre outras, que abrem perspectivas de que a coisa pode começar, realmente, a desanuviar e a melhorar o ambiente de negócios do País.
É claro que, por maior que seja o otimismo, o “wishful thinking” e o desejo de se acreditar no País, não vão superar problemas dramáticos de incompetência, de má gestão e de corrupção. Mas enquanto o país experimenta esse momento de uma nação que representa “um deserto de homens e de idéias”, o despreparo, a irresponsabilidade, a leviandade, a má-fé e a desonestidade continuem a perseguir os brasileiros.
As coisas mudam aos poucos quando a consciência crítica da sociedade se acentua; quando se cobra transparência, a adequada e oportuna publicidade dos atos públicos; quando a cobrança da prevalência do mérito, da competência e do espírito público começam a mudar e, até mesmo, quando a pressão legitima da sociedade civil inicia a cobrar uma mudança da postura e da atitude da classe política, então começa a ser possível acreditar que as coisas irão mudar.
Assim, por incrível que pareça, as coisas se mostram um pouco diferentes do que estávamos habituados a ver e a assistir e alguma coisa de novo a surgir no horizonte.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!