RECONSTRUIR, DESPRIVATIZAR OU FORTALECER O ESTADO?

O PT não é prosa. Aparentemente, a linha albanesa venceu o embate e impôs um programa partidário que, realmente, se não houvesse uma bruta encenação no processo, onde o pragmatismo cínico e a esperteza dos “condestáveis” de volta ao proscênio, com todo o poder, darão o tom do que vai ser o discurso e a prática da candidata Dilma Roussef.

Ou seja, aquietai-vos assustados liberais, direitistas, conservadores ou pessoas de bom senso. Não temais o que há por vir. Os “lulistas”, já que os petistas mais radicais foram para o PSOL e o PSTU, desistiram da luta ou se desencantaram de tudo e com todos, estão mais preocupados em manter o poder, segurar os empregos e garantir a boa mordomia que aprenderam a usufruir.

Assim, embora Franklin Martins, o chamado Goebbels da esquerda, tenha conseguido influenciar “corações e mentes”, claro que contando com a condescendência e a conivência de Dilma, para apresentar os pontos que assustam banqueiros, empresários internacionais e nacionais, agronegócio, inexperientes políticos, classe média assustada e os petistas que ora aparelham o estado, eles, na verdade, não levam tais bandeiras a sério. E quais são tais bandeiras?

1. Imposto sobre grandes fortunas;

2. Reforma agrária – aceitação da idéia do fim da criminalização dos movimentos sociais com reintegração de posse, sem violência;

3.  Programa Nacional de Direitos Humanos ou uma nova constituição, na linha bolivariana, pela extensão dos temas tratados;

4. Combate ao monopólio dos meios de comunicação eletrônicos com a possibilidade de o Executivo poder cassar outorgas, concedidas pelo Legislativo, caso a linha e o conteúdo não estejam de acordo com o Projeto Nacional de Transformação da Sociedade do Governo;

5. Jornada de 40 horas semanais.

E, para arrematar, Dilma fez seu discurso apoiada na idéia de fortalecimento do estado, na opção de política externa pelo terceiro-mundismo e no distributivismo dos programas sociais, sem avaliar o seu papel efetivo na inclusão social definitiva e sustentável dos vários segmentos sociais. Segundo alguns analistas, com a carga tributária que temos; com um sistema previdenciário de primeiro mundo e em processo de inviabilização contábil e financeira e com bancos estatais que controlam boa parte da economia, a medida adicional – taxação de grandes fortunas – restringe, bastante, os estímulos ao investidor.

Se se considerar a chance de intervenção direta nos meios de comunicação; a lei do pré-sal; a lei de mineração; a lei de distribuição de lucros dos 5% adicionais; aí então se terá o ambiente propicio para inviabilizar qualquer negócio. E, se se proíbe a compra de terras agrícolas por estrangeiros, estará o país no pior dos mundos.

Tudo parece uma bruta encenação, uma espécie de manobra diversionista e uma estratégia também para melhor negociar as suas idéias com a sociedade civil e com os aliados potenciais. A manobra diversionista é, talvez, para esquecer o episódio dos quarenta dos mensalão, os dossiês dos aloprados, as estripulias do compadre Roberto Teixeira, os negócios de Lulinha, os cuequeiros, os sanguessugas e as demais espertezas, fazendo com que a mídia, os empresários e os consumidores temam pela desestabilização das instituições e da economia, diante de propostas tão agressivas e ousadas.

A outra razão para tais diatribes é dar uma idéia de que o partido será quem decidirá tudo e não mais o Lulinha, paz e amor. E o interessante disso tudo é que na Rússia, o Primeiro Ministro está lançando um ousado programa de atração de investimentos externos apoiado na privatização de estatais estratégicas, no corte de impostos e na diminuição da burocracia, acreditando que está no caminho do crescimento e do desenvolvimento. E na China, o programa de governo continua apoiado no simbólico “um centro e dois pontos”, onde o centro é a reestruturação e modernização da economia e os dois pontos são a desestatização e a abertura da economia.

Mas, todo mundo sempre soube que aqui a genialidade aflora com muita espontaneidade, para o deslumbramento do mundo. E se os gênios petistas acham que este é o caminho, é por que é e tem que ser. Ou é apenas cortina de fumaça, manobra diversionista ou o ouro dos tolos?