REPRESENTAÇÃO PARLAMENTAR: POR QUE NÃO PREOCUPA A NINGUÉM?

Estão, todos os brasileiros, envolvidos com as sucessões estaduais e a sucessão presidencial. E ninguém, ninguém mesmo, tem qualquer preocupação com a escolha daqueles a quem caberá a aprovação de leis, a garantia de marcos regulatórios – necessários ao adequado ambiente econômico para o florescimento de novas atividades produtivas -, a fiscalização do Executivo e a garantia do equilíbrio federativo.

Na verdade, ninguém sequer está discutindo como se garantirá a estabilidade das instituições e a chamada “governabilidade” que, em algumas circunstâncias, a sua precariedade, levou a crises institucionais sucessivas ou que levaram a suicídio, renúncias ou impeachment de presidentes. Ou seja, não é fácil, diante da descaracterização e da fragilidade da estrutura partidária do país, que se possa antever como poderão ser processadas as negociações capazes de garantir o que Lula, a duras penas, enfrentando certas chantagens partidárias, conseguiu se não de apoios para aprovar as reformas de base, pelo menos, para garantir que o governo funcionasse.

Nenhum movimento se esboça no País, quer de segmentos organizados da sociedade civil, quer da mídia, no sentido de se fazer advertências, sugestões e ações, objetivando orientar os eleitores que, não basta apenas não votar em candidatos que, ao invés de currículos, têm é folha corrida na polícia. É crucial, numa espécie de saudosismo saudável, buscar figuras que tenham história, nome, contribuições e, acima de tudo, venham demonstrando espírito público e a vaidade de buscar os aplausos pelo que fazem, pelo que dizem e pelas idéias que defendem. É bom rememorar o tempo em que os eleitores, quando se deparavam com o seu deputado na tv, orgulhosamente diziam: “aí está o cara em quem votei. Esse é um homem sério, capaz e que muito tem feito pelo nosso município”. Hoje, a maioria dos eleitores, diz que não se lembra sequer em quem votou na última eleição!

Um país em construção, que tem tantas urgências em termos de mudanças institucionais e que carece tanto da necessidade de garantia de direitos e de ambiente adequado para o desenvolvimento da vida, das atividades produtivas e da própria cidadania, não pode ficar alheio ao processo de escolha daqueles que vão responder por tão relevante papel.

Se os grupos organizados da sociedade civil não despertarem para essa preocupação, o que ocorrerá é que, se essa legislatura é tida como pior que a anterior, a que virá, certamente será bem pior. E aí, quem garantirá a governabilidade e a estabilidade das instituições?