Scenarium de 04/03/08

E la nave va!

Lula continua exultante, blindado como nunca e navegando politicamente com excessivo talento e brilhantismo. Consegue administrar as indiosincrasias, presunções e arrogâncias de seu partido usando-o contra aliados quando a oportunidade exige. Manipula e ganha tempo no gerir a excessiva ânsia por cargos e por poder dos parceiros políticos. É extremamente hábil na negociação com o MST, centrais sindicais, evangélicos, entre outros, agregando mais e mais simpatias e apoios. E acima de tudo, como ele mesmo afirma, tem uma sorte impressionante!

Claro que alguém vai atribuir a Lula – “nunca antes na história desse país…” – a descoberta dos campos de Tupi e Júpiter; o êxito dos brasileiros nos jogos Panamericanos; a escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014; a santificação do Frei Galvão, entre outros. Isto tudo faz parte da montagem e consolidação do mito. Nada mais que isto.

E a oposição teima em querer combater e destruir o mito ao atacar as suas políticas sociais assistencialistas. Insistem, as oposições, em não entenderem que o adversário de 2010 não é Lula, mas alguém indicado por ele. Será que Lula transferirá tal prestígio? Se a estratégia das oposições fosse a de desmontar o “entorno” de Lula na base de “Lula é um homem honrado, mas Dilma, Patrus, etc., estes talvez não”, poderia reduzir o peso de Lula nas próximas eleições. Mostrar que o PT perdeu todo o respeito, a credibilidade e o discurso ético, talvez seja a ação mais eficaz das oposições, principalmente para as próximas eleições municipais.

Mas é inevitável admitir que as coisas vão bem demais para Lula. A economia, em janeiro, mostrou desempenho excelente; as finanças públicas, melhor ainda e até o embargo europeu à carne brasileira, está terminando.

Por outro lado, o risco de apagão elétrico face as enxurradas dos últimos 45 dias dão a garantia que até 2009 não haja necessidade de racionamento de energia elétrica.

Apesar da excessiva valorização do Real a balança comercial não vai de todo mal e a entrada de dólares está “bombando”. Aliás, o Wall Street Journal e o Fincancial Times informam que o Brasil é o melhor mercado para investir no mundo.

As discussões relativas ao elevado nível de reservas e o alto custo para o país – 5.1% do PIB – são bastante conflitantes e, ás vezes, contraditórias porquanto sem tais reservas, o país estaria sem um “seguro para a crise do subprime”, o risco país cresceria e o “investment grade” ficaria cada vez mais distante.

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E a Reforma Tributária sai?

Embora haja muitas visões e percepções pessimistas, a preocupação do Governo Federal de contentar governadores, prefeitos, o Norte e o Nordeste e a Zona Franca de Manaus, deve conduzir a, pelo menos, a simplificação do ICMS, a criação do IVA Federal, do Fundo de Desenvolvimento para minimizar a guerra fiscal, entre outros avanços, será a medida adequada para aprovar a reforma tributária este ano.

É bom lembrar que deveria haver um gatilho para a carga fiscal bruta pois os concorrentes do país – China (17%), Índia (16%), Chile (19%), Coréia do Sul (24%), EUA (28%), todos estão abaixo dos 36% do Brasil.

Se não for possível criar um gatilho, que tal permitir que os gastos burocráticos das empresas com as obrigações tributárias passem a ser deduzidos do IR, no percentual de 1% do faturamento? E que tal reduzir a regressividade do imposto de renda através das novas faixas de cobrança do tributo?

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A Semana no Congresso

Deve esquentar a CPMI dos Cartões Corporativos embora a aceitação pelo PT da indicação pelo PSDB para a Presidência da CPI. Serão aquecidos os debates na CPMI das ONG’s. Também os Plenários da Câmara – votação das MP’s – e do Senado – votação dos vetos presidenciais – ajudarão a reduzir o entulho nas respectivas pautas de votação.

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Duas novidades na agenda política

A discussão sobre a suplência senatorial onde as propostas vão desde a eleição direta do suplente até a escolha do Deputado Federal mais votado como Senador, até a simples exclusão da figura sendo que, nos seus impedimentos, assumiria o segundo mais votado para o Senado, é um interessante debate.

A outra boa notícia é que o PSDB vai adotar o modelo das primárias americanas para a escolha dos seus candidatos majoritários. Imagine se o PMDB, formado por caciques regionais, adotasse tal procedimento. Seria um outro grande avanço na democratização das decisões e das escolhas de candidatos.

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