Scenarium de 27/08

  • O SENADO E O CIRCO!

A gente procura avaliar as coisas dentro de uma perspectiva de seriedade, responsabilidade e compromisso político-social que a cidadania requer. Mas o que acontece no Senado Federal, outrora uma casa de sóbrios…

  • A REBELIÃO DO STABLISHMENT!

De repente, mais que de repente, da mesma forma que Marina foi um fator de desequilíbrio na mesmice e na pobreza do quadro sucessório, os funcionários de carreira da Receita Federal, com o gesto de total desaprovação…

  • A FRASE DE GETÚLIO.

Dizem que é do pai dos pobres que, neste 24 de agosto, há 55 anos, despediu-se da vida para entrar na história diante da pressão para se submeter a imposição daqueles que o acusavam de imoralidades e erros que não havia cometido…

  • PALLOCI ESTARÁ DE VOLTA?

O Supremo Tribunal Federal julga, nesta quinta-feira, matéria que diz respeito ao ex-ministro Antonio Palocci de haver quebrado o sigilo bancário do chacareiro que trabalhava para o ministro. Fracenildo…


O SENADO E O CIRCO!

A gente procura avaliar as coisas dentro de uma perspectiva de seriedade, responsabilidade e compromisso político-social que a cidadania requer. Mas o que acontece no Senado Federal, outrora uma casa de sóbrios, sérios e compenetrados senhores onde as cãs anunciavam o auto-respeito e o empenho em mostrar que ali era o último refúgio da esperança de revisão que a empolgação da representação popular da Câmara poderia criar de embaraço para o país no médio e curto prazo, de repente, mais que de repente, transformou-se não em uma casa dos horrores, mas no picadeiro do circo mais mambembe que se poderia pensar e imaginar.

Quando se volta os olhos para o passado, não para o passado tão distante de Ruy Barbosa, mas para algo mais recente de Afonso Arinos, de Paulo Brossard, Jarbas Passarinho, Teotônio Villela, Tancredo Neves, de Virgilio Távora, e de tantos homens que dignificaram o mandato e tinham os olhos postados para o julgamento da história, aí dói na gente descobrir a quanto chegamos!

Mais de vinte senadores são senadores sem voto, ou seja, sem legitimidade para representar a Federação! As sessões do Senado envergonham a qualquer um, ora por quem as preside; ora por um plenário vazio; ora por perorações de uma pobreza de conteúdo e de uma agressão vernacular sem igual; ora pela dramática situação em que vive o seu Presidente, achincalhado pelos companheiros, debochado pela imprensa e vivendo os dramáticos dias de um coronel em seu labirinto. Para um fecho, nem sequer este Scenarium chamaria de uma ópera bufa, mas de um espetáculo circense deprimente, o Senador Suplicy, em face de sua omissão no auge da crise, tenta se recompor com o seu eleitorado, trazendo o mais triste das apresentações de um palhaço de circo mambembe. Eis que se apresenta o Senador Suplicy com um cartão vermelho e, intentando usar a simbologia do seu chefe, Presidente Lula, como um juiz de jogo de futebol de várzea, apresenta um cartão vermelho para o Presidente da Casa, Senador Sarney, que num ímpeto de se defender de tudo e de todos, mostrando uma loquacidade excessiva e melancólica, tenta responder ao gesto do juiz de futebol medíocre, respondendo-o quando não cabia resposta. E tudo aí assistido pelo intelectual sem compromisso com a obra e com o que diz, Senador Mão Santa, e num gesto de marcar posição para a oposição, entra no jogo o senador piauiense Heráclito Fortes para pedir o mesmo hediondo cartão vermelho para o chefe de Suplicy, Lula, por ser ele o responsável pelo deprimente espetáculo que hoje destrói o Senado Federal. Arrelia e Carequinha lamentam, de onde estiverem, tão pobre e grotesca imitação.

A REBELIÃO DO STABLISHMENT!

De repente, mais que de repente, da mesma forma que Marina foi um fator de desequilíbrio na mesmice e na pobreza do quadro sucessório, os funcionários de carreira da Receita Federal, com o gesto de total desaprovação de aparelhamento e desmoralização do órgão, resolvem mostrar que a Secretária estava certa e que não admitem interferência política no seu trabalho. Mais uma leva de profissionais pede as contas e avisa, para a sociedade, que a violentação que se quer praticar sobre instituições como a Receita Federal, o Banco Central, a Polícia Federal e as agencias reguladoras devem merecer um basta. Se o exemplo da Receita pega na Polícia Federal, nas agencias reguladoras, nos fundos de pensão, no Tesouro Nacional, no Banco Central, talvez gere uma onda de recuperação da identidade perdida ou dos propósitos esquecidos até mesmo do Ministério Público e de outros entes públicos onde o cidadão busca o seu último refúgio. E se essa moda de estrebuchar e não se curvar da Receita pega, então poderemos ter o surgimento, no Brasil, de moto próprio e espontâneo, de uma operação mãos limpas que poderá dar um novo caminho ao país. Talvez possa fazer renascer o sonho e ressurgir a chamada esperança consequente para tantos milhões de jovens que vêem o seu futuro ser dilapidado física, ética e moralmente pelos atuais dirigentes ou pelas elites desse país. E aí não se salva ninguém. Muitos por culpa direta. Outros por omissão; outros por conivência e outros por fraqueza moral!

A FRASE DE GETÚLIO.

Dizem que é do pai dos pobres que, neste 24 de agosto, há 55 anos, despediu-se da vida para entrar na história diante da pressão para se submeter a imposição daqueles que o acusavam de imoralidades e erros que não havia cometido. Se por acaso dissessem que teria sido um ditador que destruiu vidas, acabou com liberdades, perseguiu inocentes e promoveu o terror entre muitos, a acusação poderia calar fundo no coração de intelectuais e políticos. Mas acusá-lo de improbidade, de desonestidade, de nepotismo e de todos os pecadilhos que marcam a classe política de hoje, foi agressão enorme aquele que, tendo feito o desenvolvimento, a modernização e a justiça social, num dos períodos áureos do Brasil e de ter retornado ao poder nos braços do povo –“Bota o retrato do velho de novo; bota o retrato do velho no mesmo lugar; o sorriso do velhinho faz o povo se alegrar” — aquilo era de mais para um homem de mais de setenta anos e sem forças para aguentar a humilhação. Preferiu sair da vida, não enxotado, mas com a glória dos que não temem a morte.  Pelo suicídio.

Segundo Getúlio, o seu ministério se dividia em dois grupos: os incapazes e os capazes… de tudo! Hoje só o resto da frase vale!

PALLOCI ESTARÁ DE VOLTA?

O Supremo Tribunal Federal julga, nesta quinta-feira, matéria que diz respeito ao ex-ministro Antonio Palocci de haver quebrado o sigilo bancário do chacareiro que trabalhava para o ministro. Fracenildo, responsável por levar o ministro aos desvãos do descrédito e do quase esquecimento, está, ele mesmo, esquecido e, se Palocci for absolvido, pior ainda para os bicos que mantém Fracenildo sobrevivendo. E o Ministro? Será o substituto da Ministra Dilma na campanha para a sucessão de Lula? Será o candidato a governador dos petistas no lugar que Lula pretendia para Ciro? Pelo andar da carruagem, embora se diga que em política só se morre quando se está, fisicamente, morto — embora Getúlio continue vivo depois de morto! — as chances de Palocci são muito remotas. O tempo passou na janela e só Carolina não viu. Não dá mais e, Palocci, se quiser vida nova, que venha para a articulação política no último ano de Lula e, tente, por ínvios caminhos, ser o coordenador político da campanha, hoje muito complicada, de Dilma Roussef. Crê-se que uma candidatura de Paulo Skaf a governador de São Paulo é muito mais viável do que a de Palocci embora a coisa possa mudar se, por acaso, Serra for candidato a Presidente. Mas, pelo jeitão, Serra ficará igual a Minas, onde sempre esteve! É esperar para confirmar!