SE DILMA ENFRENTA O SEU INFERNO ASTRAL …

Segundo Ulysses Guimarães “o que mais mete medo em político é o povo na rua”!
Apesár de tal observação do grande político brasileiro, os parlamentares parecem acreditar que basta um recessozinho e alguns poucos afagos e aí todo mundo se recolhe as suas casas e deixa de lado as manifestações nas praças e nas ruas.

E, pelo andar da carruagem, os políticos não quiseram sequer arpoveitar o momento e, a partir dele, reinventar-se e apresentar-se com uma nova e confiável indumentária. Ao que parece “o cavalo passou selado e nem a Câmara e nem o Senado, decidiram montá-lo”. Perderam uma excelente oportunidade de estabelecer uma agenda para sí, para o Executivo e para a sociedade brasileira.
Parece que os congressistas querem fazer jus ao que, no “Novo Manifesto”, Lima Barreto afirmava, lá no início dos anos vinte: “Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela Pátria, pela família e pela humanidade”.

Infelizmente, parece que os congressistas acreditam que “povo é massa falida” e que, não há nenhuma crise e tudo não passa, apenas, de uma marolinha sem maiores significados e consequências.
E isto fica demonstrado pelo fato de, o Senado haver pregado uma peça na sociedade, não aprovando o primeiro item de sua própria agenda, no caso a chamada PEC dos suplentes. Claro que, depois das manifestações na mídia e nas redes sociais, contra a não aprovação, a Casa voltou atrás e, a votou. Mas não tão atrás que reestabelecesse a proposta inicial.
Por outro lado, a Câmara dos Deputados parece que esqueceu de votar o fim do foro privilegiado para crimes comuns. Parecia uma matéria pacífica ( ou não? Tem muita gente na Câmara implicado em tais crimes?) e, no entanto, o recesso está chegando e ninguém fala mais disso.
Também na Câmara, o próprio Presidente da Casa, instado pelo Palácio do Planalto, foi a Comissão Técnica que examina a proposta de implantação do Orçamento Mandatório, o que, na verdade, representaria não apenas a independência do Congresso mas, acima de tudo, uma forma de acompanhar a execução da peça orçamentária, de conformidade com que o Congresso aprovou.
Vai continuar como está onde o Orçamento continuará a ser uma peça de ficção, sujeita a alterações frequentes, de acordo com os humores e interesses do Governo Central.
O Executivo, nesse mesmo período, mandou que os seus articuladores políticos forçassem a base aliada a não votar o relatório sobre a distribuição da parte dos royalties do petróleo que cabe a União, nos moldes em que a Câmara havia aprovado. No máximo, o que Dilma admite é que se vote a proposta do Senado que diminiu, bastante, o volume de recursos a serem usados em Educação e Saúde, vis-a-vis do que foi aprovado na Câmara. Se não for votada a matéria agora, só após o recesso.
Também, a famosa proposta do voto secreto, tendo sido votada uma redação na Câmara e outra no Senado, parece que vai ficar no jogo de empurra entre as duas casas.
Até mesmo a Comissão criada para apresentar uma proposta de reforma política, não se reuniu ontem e, pelo simples fato de ter sido estabelecido um prazo de 90 dias para a apresentação do relatório ( por que não 45 dias?), dá uma demonstração patente que o Congresso, se for votar alguma coisa, vai aprovar algo que não mude nada e deixe tudo como está agora.

E tem mais. Se porventura for aprovado o fim da reeleição para os mandatos executivos, em todos os níveis, e, consequentemente, aumentado o prazo dos mandatos para cinco anos, conforme proposto pelo PSDB, então a coisa vai ser um doce para Dilma que, ganha mais um ano de mandato e, Lulinha, que pode vir a ser candidato em 2016!
Se Dilma enfrenta o seu inferno astral, o que pode vir por aí em cima da classe política vai ser muito mais grave do que o que a Presidente enfrenta.

Será que os políticos acham que o povo vai engolir essa empulhação sem qualquer reação? Crer esse cenarista que não e, pode ser que a rebeldia dos jovens venha a ser engrossada pela insatisfação consciente e responsável dos mais velhos, dando uma feição ainda não vista de tais manifestações no País.