SERRA NO CEARÁ!
O Presidenciável José Serra estará em visita ao Ceará na próxima semana, quando visitará obras que foram realizadas por ele ou como Ministro do Planejamento ou como Ministro da Saúde.
A preocupação maior de Serra, no Nordeste, será mostrar que ele não tem nada contra nordestino, nem contra Lula e nem contra o Bolsa-Família. Tentará demonstrar que não defende aquilo que, chamada, por Lula, de “elite branca paulista” tem contra o Nordeste, afirmando que os tempos são totalmente outros e o dinamismo recente do Nordeste, mostra que, sem nenhum protecionismo, a região apresenta enormes potencialidades que já estão sendo aproveitadas e poderão ser diversificadas e ainda mais e melhor aproveitadas. Demonstrará, também, que as zonas de processamento de exportações ou zonas econômicas especiais que, no passado, tiveram a sua total restrição, contarão com seu especial apoio e entusiasmo, pois que o recente desenvolvimento da China mostrou quão importante são tais instrumentos para o desenvolvimento de regiões atrasadas do País.
No seu périplo pelo Nordeste, José Serra tem procurado demonstrar que é um “amigão” da Região e que se compromete, desde já, a concluir os projetos inacabados como a Refinaria Abreu e Lima e o Hemocentro, em Pernambuco; a refinaria, a siderúrgica e o estaleiro Promar no Ceará, e, provavelmente, a Transnordestina, a Transposição e umas seis usinas nucleares previstas para o País, cuja localização mais indicada é no Nordeste. Concluirá dizendo que o Bolsa-Família, em seu governo, vai ser turbinado, não só com o possível aumento do valor da bolsa bem como buscará fazer dele um instrumento efetivo de inclusão social, de forma definitiva.
Talvez até termine dizendo que o nordestino nunca precisou de muletas oficiais e deve rejeitar esmolas, como bem diz a letra da música de Luis Gonzaga: “a esmola que é dada a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Serra, espertamente, como fez na Amazônia, não esperará ser cobrado e antecipar-se-á nas promessas aguardadas por políticos e governantes.
Dentro da preocupação de buscar discussões mais substantivas ou substanciosas sobre o futuro do país, seria relevante que as regiões apresentassem os seus questionamentos sobre decisões ou iniciativas que poderiam estabelecer compromissos com os objetivos e destinos de suas populações. O Nordeste tem que, institucionalmente, indagar a Serra quais são os seus compromissos com a extinta e não ressuscitada SUDENE e qual o papel que ela deveria desempenhar nesses tempos de globalização e de redefinição dos conceitos de desenvolvimento regional onde, no Nordeste, há vários nordestes exigindo estratégias distintas para a superação da pobreza e do atraso econômico. É crucial saber qual será o papel do DNOCS e da Companhia de Irrigação do Vale do São Francisco, bem como o novo papel que deverá desempenhar o BNB.
Além de tais definições institucionais, até que ponto seria possível comprometer, tal como ocorre com a educação e a saúde, parte dos financiamentos do BNDES, Caixa, Banco do Brasil e Fundos de Pensão, com vistas à superação do atraso regional? Por que o PAC não poderia ser revisado para estabelecer um processo de distribuição regional da alocação dos seus investimentos? Estas e as demais questões, antes levantadas, deveriam ser objeto das indagações dos políticos e da mídia cearense, ao candidato José Serra. Porque ficar perguntando por que ele fazia “beicinho” para o Nordeste ou porque ele foi contra as ZPE’s, etc. é perda de tempo.
Nada disso agrega qualquer contribuição. Agora tentar estabelecer compromissos institucionais ou até vinculações dos orçamentos de investimentos dos bancos oficiais e dos fundos de pensão, de tal forma a garantir as bases de uma intervenção do estado, nas regiões deprimidas, com compromissos de resultados em horizonte de tempo definido, aí parece ser mais procedente e eficaz o questionamento do que pensa Serra para o País e os seus desequilíbrios espaciais.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!