UM SOCIAL APARENTEMENTE SUSTENTÁVEL; UMA ECONOMIA CLARAMENTE INSUSTENTÁVEL!
As manchetes dos jornais, nos últimos dias, mostra um balanço do período Dilma onde fica caracterizado o fato de que, aparentemente, os resultados alcançados no campo social são muito favoráveis — das 46 promessas apresentadas à sociedade, 22 estavam cumpridas e as demais, segundo promete o governo, seriam cumpridas até o final do ano!
Por outro lado, os prognósticos dos cenaristas, analistas e consultores econômicos, inclusive aquelas perspectivas apresentadas pelo Banco Central para Brasil, estão longe de serem otimistas. O déficit da balança comercial vai atingir, segundo alguns cálculos, algo como 80 bilhões de dólares, em 2015; a inflação ficará no patamar mais alto da meta, ou seja, perto dos 6%. Isto porque se se levar em conta uma atualização efetiva e real dos preços administrados, então a taxa poderia alcançar acima de 7%, ou seja, bem acima do teto superior da meta! Os juros básicos, ou a taxa SELIC, usada como instrumento para controlar a expansão dos preços, deve atingir os 11%, além de ser subsidiada nessa tarefa, pelas operações de “swaps reversos” no mercado cambial, que deverão “queimar” uma parcela significativa das reservas cambiais do País!
O superávit primário não ultrapassará os 2,3% e o crescimento econômico, para frustração de todos, ficará bem abaixo da média internacional e, igual ao pífio crescimento dos últimos anos de governo do PT, ou seja, igual ou abaixo de 2%!
Porém, afora a desorganização das contas públicas, do desequilíbrio dos fundamentos da economia e dos gargalos a impedir a retomada do crescimento, o que parece ser mais sério é que a confiança dos agentes econômicos, tanto interno como externos, está caindo e tenderá a cair muito mais ainda, o que provocará, por certo, restrições ao “rating” do Brasil pelas agências de crédito, o que levará a uma redução do fluxo de investimentos externos para o País.
Por outro lado, parece que o Brasil comete os mesmos erros de alguns países da Zona do Euro que, pelo que dizem os analistas, “sacaram contra o futuro quando as vacas não eram tão gordas como estavam até bem pouco tempo”! Na verdade, países como Portugal, Itália,Grécia, Espanha, Turquia, entre outros, pretenderam antecipar todos os possíveis ganhos que poderiam ser alcançados pela população, dentro da perspectiva de garantir, a todos os cidadãos, o acesso aos bens típicos do chamado estado do bem estar social!
A par disso, diante da abundância de fundos disponíveis no mercado financeiro, a custo quase zero, então, tais países resolveram superar todas as restrições de infra-estrutura, patrocinar olimpíadas, mega-eventos e outros desperdícios. Tudo isto, de tal forma que, ao final “o rombo nas contas públicas” e os compromissos a serem resgatados num futuro muito próximo, ia começar a mostrar, em breve, o tamanho do buraco nas contas públicas gerados por tais desregramentos!
E tal “farra” ocorria dentro de um ambiente de crescimento econômico que parecia uma onda duradoura e sustentável que perpassava todas as economias do mundo como um todo até que, em 1997, começa a ocorrer a primeira crise financeira internacional, a partir de 1997, cuja exteriorização inicial ocorria a partir da “debacle” da Tailândia!
Assim, a deterioração da economia mundial, a partir de 1998, vai assumindo proporções mais generalizadas, não apenas pelo fato de o Japão continuar patinando, a economia americana começaria a ver estourar a sua bolha imobiliária em 2008 e, a Zona do Euro, começa a mergulhar em uma depressão bem maior do que se esperava. A partir de 2008, os emergentes enfrentam, não uma “marolinha”, como procuraria minimizar o seu impacto em países emergentes como o Brasil e, a própria China, agora transformada em motor da economia mundial, começa rever seus planos para um crescimento menor do que os 10 a 11% anuais que o mundo estava acostumado.
A pergunta que ora se faz no Brasil, diante de tantos programas compensatórios de renda, de tantas tentativas de garantir o “chamado estado do bem estar social”, de buscar medidas populistas para garantir a sustentação política do governo, até quando as contas publicas aguentarão tais gastos?
Se se considerar o desequilíbrio das contas públicas, a deterioração das contas externas, o teto que a taxa de investimentos não consegue superar — os 18% do PIB — as limitações gerenciais e a falta de perspectivas e de definição de estratégia para vislumbrar o futuro que se poderia chegar, então é possível antecipar o que poderá ser o amanhã do Brasil.
O receituário que o Brasil está seguindo tende a levar o País a um impasse, por mais que se queira pensar otimistìcamente, pois que todos os gestos, atitudes e posturas dos “policy-makers” do governo, parecem equivocados! A mudança na política econômica americana, a busca de melhoria da eficiência e competitividade por parte das economias americanas, da zona do Euro e da própria China e do Japão, ao lado dos problemas crônicos como os gargalos de infra-estrutura e de logística, as limitações e equívocos cometidos por Dilma e pelos “Mantegas da vida”, mostram que o cenário, para o Brasil, cada dia fica mais difícil de reverter as tendências de baixo e pífio crescimento.
O maior indicador de desconfiança nos fundamentos da Economia é, sem dúvida, o comportamento dos agentes. Já foi dito e reiterado que o reajuste dos preços – exceto os controlados por Brasília, claro – já superam de longe a marca dos 30% aa. Essa realidade nos traz de volta um dos mais perigosos comportamentos dos agentes que é o da remarcaçao preventiva, o que já se vê em diversos setores, principalmente os de serviços e de alimentos que ainda são produzidos aqui. Para nós, pobres mortais, sobra assistir a aproximação do duro remédio da recessão, acompanhada da falta de oferta, inclusive de capital.