SURPRESA? ELEIÇÃO É ASSIM MESMO!


O povo é soberano e suas escolhas imprevisíveis!  As pesquisas não mentem mas, muitas vezes, se enganam. Algumas ocasiões elas tendem a buscar se sobrepor ao que o povo quer, ao que o povo sente e ao que povo pensa. Os cidadãos, notadamente aqueles que, por  conveniência, medo ou outra razão, não querem manifestar explicitamente nem externar o seu pensamento e a sua vontade, às vezes geram surpresas como agora. Num primeiro momento a eleição de Donald Trump impôs um estado de perplexidade aos americanos  e aos seus aliados e parceiros, mundo afora.

Para quem é versado em eleições o que ocorreu na América  era algo possível e passível de ocorrer. Isto porque, às vezes, os analistas esquecem que se trata de manifestações da condição humana, com seus humores, motivações e peculiaridades circunstanciais e emocionais. Uma análise mais  aprofundada das razões que levaram a tais resultados, pode remontar a influência ou motivações assemelhadas ao que ocorreu no Reino Unido com o Brexit ou com o plebiscito colombiano, mesmo com o seu presidente ganhando o Nobel da Paz, quando os resultados da consulta frustraram os colombianos e o mundo como um todo.

 Tais fatos levam a que se reflita sobre o que  realmente aconteceu no pleito americano. Cansaço com a situação  experimentada  pelos americanos desde a crise de 2008,  até os dias de hoje? Seria o efeito do que ocorre na Europa onde as restrições a entrada de imigrantes cresceram, sobremaneira? Uma natural alternância de poder após oito anos de governo democrata? Seria o fato de Hillary ser “o mesmo do mesmo”? Ou o retorno de um sentimento que é muito caro aos americanos de esquecer um pouco o mundo e voltar-se mais para dentro e para as suas potencialidades e problemas?

Na verdade, a eleição de Trump, para alguns, é o resultado do impacto da globalização dos mercados reduzindo a competitividade dos produtos americanos e cobrando medidas protecionistas contra  a China e outros mercados emergentes a retirar produtos e mercados dos agentes econômicos americanos. Por outro lado, a imigração, notadamente em momentos de crise, acirra a idéia de que os imigrantes estão a retirar oportunidades de trabalho e de emprego dos americanos. Talvez esses dois fatos tenham afetado mais os formadores de opinião dos Estados Unidos e favorecido  Trump pois esse discurso nacionalista e protecionista foi a marca da campanha do novo presidente americano.

O fato é que Donald Trump ganhou, surpreendentemente, de cabo a rabo. Só não ganhou no  voto popular pois perdeu por uns duzentos mil votos mas ganhou no voto dos delegados, fez a maioria dos governadores, dos senadores e dos deputados. Agora, passada a disputa, Trump deve dizer que “treino é treino e jogo é jogo” e, portanto “vai governar para todos e com todos”. Aliás o seu discurso da vitória já tranqüilizou o mercado que já acordou com outros humores. A atitude como presidente não terá nada a ver da atitude como candidato. Tanto é verdade que assim parece que as bolsas que, no dia  da proclamação dos resultados haviam caído ou despencado, de forma assustadora, já voltaram a operar como se não existisse qualquer falto novo a tumultuar o mercado.

Assim, como comentava a Dona Raimunda com sua comadre, Dona Suely, na pracinha de Aiuaba, no centro dos Inhamuns, no Ceará,  dizendo  e lamentando que teria sido uma tragédia a eleição do Trump nos Estados Unidos ao que Dona Raimunda replicava: “Mulher, esquece o Trump. A gente mora é na Aiuaba e tem que se preocupar mesmo é com a Chikungunya e com a Zica, pois isto é que interessa a gente!”

Na verdade, alguns analistas achavam que a eleição de Trump poderia ter implicações bastante negativas para o Brasil e para o mundo. O que se admite, de cabeça mais fria, é que não ocorrerá  mudanças significativas nem na política econômica americana e nem na sua política externa. O cenarista, otimista tal qual um noivo, acha que, os efeitos  do protecionismo que possa vir a se  intensificar mais nos EUA possa até beneficar o Brasil. Talvez, da mesma forma que a saída da Inglaterra da Comunidade Europeia,  enseje uma agressiva atitude brasileira em busca de acordos bilaterais e ao abandono da frustrada  e exclusiva experiência com o Mercosul.

Ademais, a possível mudança nas taxas de juros americanas talvez venha a ocorrer um pouco mais adiante e, não de imediato e, mesmo que ocorra, verificar-se-á  em limites tão pequenos que  não implicará em alterações substanciais na entrada de recursos externos no País. Pode ser que os temores com as possíveis mudanças na política econômica americana ensejem, até mesmo, uma atitude mais agressiva e mais célere do Brasil na retomada dos investimentos em infra-estrutura e  no estimulo a setores estratégicos e de grande potencial para a expansão da economia brasileira.

Assim, a vida vai se desenvolver por aqui sem maiores etardalhaços e sem maiores atribulações do  aquelas por nós já conhecidas e experimentadas.

Aliás essas preocupações dos brasileiros com o que ocorre nos Esttados Unidos lembra ao cenarista a  estória de um correligionário do falecido deputado federal Mauro Sampaido, do Juazeiro do Norte, no Ceará que, às vésperas da mulher ter um filho, ele fez o mais inusitado pedido que o deputado havia escutado em todos os seus anos de política. Ele queria que o deputado conseguisse que John Kennedy e  Jacqueline, fossem os padrinhos de batismo do pimpolho. O deputado, sem conseguir argumentos que demovesse o correligionário de tão estranho pedido, resolve se socorrer do Embaixador Americano e faz a consulta sobre tão estranho desejo e vontade. O Embaixador, muito solícito e achando muito inusitado o pedido, mesmo assim disse que, por procuração, seria possível atender o  amigo do deputado.

E assim foi feito . A criança foi batizada com a presença do Embaixador e senhora representando o casal John e Jackie. Passado algum tempo, ocorre o infausto  acontecimento que foi o assassinato do Presidente. Ao ouvir pela Rádio Globo   a tragédia, o  compadre corre até a sua casa para comunicar, lívido e chocado, o terrível acontecimento, a sua mulher. Ao que a mulher, ao ouvir que haviam assassinado o “Cumpadi KENNEDY”, reage como esperado:  “Homi, tu num imagina como tá sofrendo a cumadi Jacqueline.  Eu quisera tá lá para confortá-la.”

Acho que os brasileiros queriam estar lá nos EUA para confortar não só os seus conterrâneos de  Governador Valadares mas os imigrantes ilegais latinos e de outros pontos do mundo que já somam nove milhões e estariam na mira de Donald Trump!

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