TANTAS COISAS A HOMENAGEAR!
Ontem o cenarista publicou um comentário para uma reflexão crítica dos leitores. Hoje o comentário é para regozijo e para alegrar os corações dos que amam essa Brasilia desvairada!
Esta semana de Abril deveria ser muito simbólica para todos os brasileiros e o é, particularmente, para o cenarista. Não apenas porque homenageiam os patrícios aquele que Tancredo chamava de “Esse herói ensandecido de esperança”, Tiradentes, que simboliza e simbolizou toda a luta pela construção da independência do Brasil e que aspirava um futuro republicano e constitucional para o País. E, esse mesmo suave e doce Tancredo, que recriou a esperança e plantou as bases da democracia que a nação respira, foi-se nesse mesmo Abril, deixando um enorme vazio nos corações e mentes dos brasileiros.
Também, nesse mesmo abril, um homem simples, modesto e humilde porém sábio, nascia e se fosse vivo, estaria fazendo, no dia 23, 106 anos de existência! Foi integralista, getulista e pai de enorme prole e, se não deixou registros históricos relevantes, marcou indelevelmente, o redator desse blog pois legou os princípios, os valores éticos, a determinação e a crença na vida sem medo e com esperança e sonho, que marcaram o cenarista!
Mas, se esses três eventos são deveras marcantes para o autor desse comentário, nessa semana celebraram-se os 55 anos dessa Brasilia, tão discutida, tão questionada, tão xingada e, para quem não a conhece, essa Geni, a quem se atribuem praticamente todos os erros, vícios, problemas, frustrações e desencantos dos brasileiros como um todo.
O cenarista acha, pelo contrário, que essa cidade é símbolo maior da brasilidade quer queiram ou quer não aqueles que se uniram aos ásperos e duros críticos dessa cidade talvez por não conhecê-la na sua gênese, na sua formação e no caldeamento de vivências e experiências que as várias tribos desse imenso país para cá trouxeram. Aqui está, mais que a própria Minas Gerais, a síntese da brasilidade, com seus vícios e erros, com suas limitações mas também com seus sonhos, com suas esperanças e também, com suas frustrações.
Essa é a Brasilia que permitiu a descoberta do rico Centro-Oeste que tanto orgulha a “macacada” pelo agronegócio tão exitoso, que tem dado tantas contribuições à economia nacional e que tem o respeito do mundo por ser um dos celeiros da produção de alimentos. Essa mesma Brasilia que fez com que os brasileiros descobrissem a Amazônia e conhecessem a sua importância, o seu papel e a sua relevância para o Brasil e para o mundo.
Brasília, sagrada e profana, fruto de uma visão de Dom Bosco e da determinação do Imperador Pedro II, ao compreender que a capital de um País como o Brasil não podia se situar no litoral, pois isso a conduziria a sempre ser o país uma espécie de civilização tipo “caranguejo”, além de enfrentar os enormes riscos de ataques externos! E se previu, como no sonho de Dom Bosco, que a cidade teria a sua construção no Centro-Oeste. E Já na Primeira Constituição Republicana do País tal definição estava explicitada.
E coube ao Presidente Floriano Peixoto, fazer cumprir o dispositivo quando determinou ao Engenheiro belga Luiz Cruls que fizesse uma longa incursão pelo Centro Oeste — a famosa Missão Cruls — e definisse o perímetro que deveria constituir a área a ser ocupada pelo futuro distrito federal.
A Missão Cruls, a partir de tal determinação, estabeleceu um retângulo que incluía desde Corumbá de Goiás até a Lagoa Formosa, onde hoje se situa Formosa do Rio Preto, numa área de 160 quilometros de extensão por 90 quilômetros de largura, compreendendo, no seu perímetro, as nascentes das três maiores bacias hidrográficas brasileiras — do Amazonas, do São Francisco e do Paraná. As dimensões da Capital Federal ficou depois definida em termos bem mais modestos que tais dimensões iniciais!
Brasília deveu a sua construção a teimosia, a determinação e a ousadia de um Juscelino Kubitscheck e foi erguida em tempo recorde. Orientada e concebida pelos arrojados traços de Lucio Costa e Niemeyer, arborizada segundo Burle Max e, feita com sangue, suor e lágrimas por uma candangada, vinda dos mais diversos pontos do País que respondi pela sua construção. Liderados pelo político-engenheiro Israel Pinheiro, a obra correu célere, mesmo enfrentando as mais acerbas e duras críticas além de ter enfrentado suspeições de toda ordem não apenas durante a sua construção mas até nos dias atuais!
Apesar das pressões de toda ordem, pôs-se de pé, ostentando uma das mais arrojadas arquiteturas do mundo, a cidade erguida assumiu o papel de centro das decisões nacionais, com gente oriunda de todos os recantos desse imenso país. Marcada por enormes contradições, desde ser uma terra em que nada existia, até faz pouco tempo, a se tornar, “nessa imensidão sem fim”, como assim se referia Juscelino, em um dos mais caros metros quadrados do Brasil, Brasilia ostenta a mais alta renda per capita, a maior taxa de escolaridade e uma classe média que, proporcionalmente, é a maior do Pais. E, apesar disso, de seu nível cultural e de sua maturidade política, lamentavelmente apresenta uma das mais deploráveis representações parlamentares do Brasil.
Essa cidade, marcada por muitas contradições, desde o fato de ter sido concebida por mentes socialistas mas que a construiram com marcas indeléveis de desigualdades, como é o caso do belo Lago Paranoá, hoje destinado quase que, privadamente, para os ricos; as quadras segmentadas, com edificações diferenciadas — onde os blocos com apenas quatro andares e abaixo do Eixão, destinavam-se a funcionários de escalão inferior — ou os hotéis no setor hoteleiro norte, marcados por um gabarito de apenas três ou quatro andares para os de renda menor — ou ainda a designação de cidades satélites como destino dos menos afortunados — mostram parte dessa gritante e agressiva desigualdade consagrada na capital que deveria dar o exemplo de tratamento não tão desigual entre pessoas e de menor injustiça contra os pobres. E não é isto que ocorre mas exatamente o contrário!
Mesmo assim, com todos os seus males e com todas as suas distorções e disfunções, fruto dessa babel de raças, de credos e de visões da vida, além do entrechoque de interesses os mais diversos, Brasilia apresenta uma excelente qualidade de vida, uma plasticidade em face da sua planura e de sua bela e sinuosa arquitetura, marcada por suas curvas sensuais, mulher madura mas inteira e sexy, capaz de provocar sentimentos as vezes, até impuros.
Essa cidade que o cenarista a adotou como sua, faz 36 anos, não cansa de surpreender até pelos malfeitos cometidos pelos que aqui chegaram trazendo seus vícios, seus costumes e suas licenciosidades, continua a se erguer majestática, como uma bela e esplêndida capital de sonhos e de esperanças que faz com quem aporta aqui apaixonar-se por elá e a ela vincular-se para fincar as suas raízes nessa bela e aprazível cidade!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!