TEMAS DE CAMPANHA, UMA QUESTÃO COMPLICADA!
A campanha presidencial, ainda no seu início, parece morna e sem maiores fatos ou circunstâncias que mereçam interesse mais significativo do eleitorado nacional. A não ser por questões episódicas como o resultado de pesquisas; a escolha ou, até mesmo, a não escolha de vices; a gangorra dos partidos pequenos em ora tender a apoiar um candidato ou outro, dependendo da pesquisa; além da precariedade das primeiras apresentações de idéias e propostas, por parte dos pretensos candidatos.
Diante de tais fatos e circunstâncias, ainda não se tem idéia do que, de fato, pensam os pré-candidatos acerca de temas fundamentais e de temas ditos como “tabus”. Tabus como é o caso da legalização do aborto; do casamento de pessoas do mesmo sexo; conflito estado versus religião; descriminalização de drogas; anistia e revisão dos processos tanto dos anistiados punidos como dos beneficiados com pensões, etc.
Deveria ser considerada, na opinião particular deste cenarista, como fundamentais “issues” a seguinte pauta:
1. Crescimento sustentável, ambiental e socialmente, além de se buscar menor vulnerabilidade a choques externos, menor fragilidade a desequilíbrios internos, máxime nos seus fundamentos além de garantir um dinamismo econômico apoiado na inovação, no empreendedorismo, na produtividade e na competitividade;
2. Redução da miséria e das desigualdades de renda;
3. Melhoria na qualidade de vida nas cidades, com prioridade ao combate às causas da violência urbana, aos transportes de massa, ao saneamento ambiental, entre outros aspectos;
4. Promover a verdadeira inclusão social, via revolução na educação, na prevenção às doenças, incluindo-se o saneamento ambiental e na previdência e nos projetos de assistência social.
5. Redução das discriminações de toda ordem.
Se tais poderiam ser as bases de uma agenda programática, é crucial chamar a atenção para quais mudanças instrumentais deveriam ser discutidas para poder lastrear os objetivos a serem perseguidos e buscados pelos candidatos.
Para tanto, os seguintes pontos deverão ser observados pelos pretendentes ao comando dos destinos do País:
1. Demonstrar como ampliar, dos atuais 17,5%, a taxa de poupança interna global, para 25% do PIB e estabelecendo em que horizonte de tempo tal se concretizaria;
2. Estabelecer políticas para superar o atual já quase estrangulamento externo;
3. Definir uma proposta para, urgentemente, vencer os gargalos logísticos – transporte, energia, comunicação, portos, aeroportos, ferrovias, etc. – que reduzem a competitividade nacional e ampliam o Custo Brasil;
4. Superar uma legislação trabalhista obsoleta;
5. Melhoria do ambiente empresarial, máxime quanto a criação e extinção de empresa, inovação tecnológica, burocracia, etc.;
6. Rever a idéia de descentralização do país, acompanhada de um verdadeiro federalismo fiscal;
7. Implantar o conceito de orçamento mandatório, com vistas a garantir previsibilidade dos gastos públicos;
8. Recuperar as agências regulatórias e o seu papel, desaparelhando-as, polìticamente;
9. Reduzir para 30% a relação dívida/PIB, com vistas a diminuir a vulnerabilidade das contas públicas e fortalecer os fundamentos da economia;
10. Garantir a segurança jurídica e reduzir a imprevisibilidade judicial;
11. Estabelecer uma maior sofisticação financeira na estrutura do sistema bancário e financeiro nacional.
Se tais objetivos forem cumpridos, através da definição mais clara das chamadas metas-desafio, será fundamental observar se os meios estão sendo, realmente, perseguidos, porquanto se os instrumentos não forem modernizados e melhorados, os objetivos nacionais, por mais que sejam proclamados pelos candidatos, não serão alcançados!
E é importante chamar a atenção para tais pontos porquanto, já hoje, o PMDB apresentará o elenco de propostas e idéias relacionadas ao País, como sua contribuição à candidatura de Dilma Roussef. Na verdade, o PMDB, por exemplo, vem com uma proposta de só permitir que o aumento dos gastos de custeio não supere, anualmente, dois pontos percentuais acima do crescimento do PIB.
A partir de tais idéias preliminares, poder-se-á ter uma dimensão do que o país pode objetivar e quais as exigências de mudanças de instrumentos e políticas públicas destinadas a garantir o alcance dos objetivos colimados para a sociedade brasileira.
Therezinha,
Só agora, por incompetência minha lí o seu ponderado e sóbrio comentário. Acho que certos temas, tão polêmicos, só poderiam ser decididos por plebiscito. Nem o Congresso tem competência para discutir aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, descriminalização do uso de drogas, entre outros temas. Há muitas questões que nenhum cidadão, por mais que se sinta detentor da verdade e do poder sobre todos, pode se arvorar no direito de decidir pelos brasileiros.
Grato,
Paulo Lustosa
Paulo,
Um dos pontos de sua pauta foi comentado por mim para uma colega, na semana passada, na UECE, que foi a questão do aborto. Sou contra, sou a favor da vida, e fiquei indignada quando ouvi, tanto do ministro da saúde atual, quanto do presidente que o aborto era “uma questão de saúde pública”. Ora meu DEUS!! Será que eles não estão vendo a nossa saúde pública DOENTE? Tão doente que contribui para que as pessoas morram nas filas de espera por um exame, um medicamento especial ou uma cirurgia que o corpo debilitado não aguenta esperar. E a AIDS? que está infestando os hospitais que até medicamento falta para atender. Se eu fosse falar dos problemas da saúde passaria aqui a noite toda. Você já pensou que ao legalizarem o aborto estarão abrindo mais ainda as portas da AIDS? Ai sim o problema de saúde pública estará sem “definitiva”solução. Muitos de nossos jovens ainda previnem a AIDS por medo de uma gravidez. E liberando o aborto? Quando, hodiernamente, quase não se fala em prevenção de AIDS? É nesta hora que eu digo. Ai que saudade do Ministro da saúde quando era o SERRA. Este me surpreendeu! Foi o melhor ministro da saúde que tivemos e não era médico! Foi quando o mundo maior conheceu o Brasil como destaque nas pesquisas da saúde e na beleza de projeto para o tratamento da AIDS.
É, Paulo, mande esta pauta para o Serra. Eu gostei dela.
Um abraço
Terezinha Queiroz (CE)